sexta-feira, dezembro 24, 2004

(desculpem lá, mas soube agora das novas contratações do meu clube, a Académica de Coimbra. ANDRADE? KENEDY? MAS ESTÁ TUDO DOIDO?
Pronto.Estou mais calmo. E agora sim, até já)
POR AGORA, UM INTERVALO. AS PALAVRAS SÓ AQUI VOLTARÃO DEPOIS DE 2005 NASCER. A TODOS OS QUE POR AQUI PASSAM, UM FELIZ NATAL E UM ANO NOVO MELHOR QUE O ANTERIOR E PIOR DO QUE O PRÓXIMO. E MUITO OBRIGADO.

Nuno Miguel Guedes

segunda-feira, dezembro 20, 2004

SHAKESPEARE, VERSÃO REALITY SHOW Última representação de uma peça a partir de textos de Shakespeare. No intervalo, este diálogo verídico:

- Olá. Há quanto tempo. Quem é que conheces para estar aqui ?
- Bom, a senhora Capuleto é minha namorada.E tu ?
- Sou amiga da Ofélia.
- Estás sózinha ?
- Não. Vim com o namorado do Rei Lear.
AGORA, NO RITZ: A canção de Natal mais famosa do mundo será sobre o Natal ? Irving Berlin e White Christmas.

sexta-feira, dezembro 17, 2004

BEM, EU SEJA AMALDIÇOADO...Alguém acaba de chegar a este blogue à procura da "tradução de enojado". Se isto está assim tão mau sempre podiam dizer, caramba!
«FUCK CHRISTMAS, I GOT THE BLUES!» Em êxtase absoluto, ouvindo a versão de J.J.Johnson de It Could Happen To You. Sessão de 1953, com um óptimo combo: J.J.Johnson (tb), Clifford Brown (tp), Jimmy Heath (ts), John Lewis (p), Percy Heath (b) e Kenny Clarke (d).


quarta-feira, dezembro 15, 2004

HURRA! O homem voltou! Histórias, estórias e receitas de espantar. Menina e menino, façam o favor de trocar cromos com o rapaz, para felicidade de nós todos.
THE POLAR EXPRESS (post longo, fora d'horas, a despropósito mas, como dizer, sincero) Por mais que nos habituemos, por mais que sobrevivamos desta maneira, no nosso dia-a-dia, por mais que tentemos escapar, como eu: há uma altura, um segundo revelador em que somos confrontados com as palavras.
Por favor, isto, por uma vez, não é leviano. Nietzche dizia dos amigos antigos- de quem se perde contacto mas que permanecem com uma imagem de nós ? que nos perseguem como fantasmas. Fantasmas daquilo que fomos para eles, daquilo que os assombra e em que acreditam ? mesmo que não seja verdade.
O mesmo com as palavras.O que dizemos, o que escrevemos agarra-se a nós pela única e injusta razão de que não temos alternativa. Em certa medida (ia dizer em todas, mas não quero ofender ninguém) somos o que dizemos e escrevemos. Pouco mais nos é permitido. E é tão pouco, e é tão bom.
Confesso que vivo obcecado com esta limitação.A história de "uma imagem vale mil palavras" é para mim uma falácia, porque simplesmente para ser válida tem de pelo menos valer uma. De que me vale uma brilhante fotografia de Walker Evans ou um quadro de Vermeer se eu não consigo traduzir o que me fazem ? A bem dizer, e aqui entre nós: nada. O pior é o que se segue: conseguimos traduzir o que nos faz ? A resposta honesta e desassombrada é - não. O que temos à disposição é pouco e nunca chegará. A boa notícia é que o prazer estético ? literário, visual, quotidiano ? é um prazer inútil e solitário e não tem que ser partilhado. A partir do momento que o é, deixa de o ser; ou seja, nunca corresponde ao que foi sentido. A história de " o poeta é um fingidor" aplica-se a todas as artes, sem excepção.
Em termos de palavra ? que pessoalmente é o que me interessa ? esta fractura foi notada primeiro pelo movimento anti-romântico. Quando Pound se quer livrar do "emotional slithe" (o lixo emocional), pede uma distanciação total da farsa do poeta confundido com os seus sentimentos. A poesia cerebral de Eliot ?com o Wasteland não por acaso editado por Pound ? é o apogeu dessa maneira de pensar. As palavras estão no seu lugar: certas, musicais, distantes ? mas reveladoras de quem as escreveu.
2.Tristan Tzara, Hans Arper, Marcel Duchamp e outros comparsas perceberam isso. Dada, mais do que uma reacção anti-arte (e das poucas verdadeiras rupturas radicais no século XX) é um jogo com o valor do que dizemos. A poesia fonética ? em que a palavra é reduzida a um som sem outro valor do que esse ? é uma tentativa desesperada e de salão de arranjar uma maneira de dizer o que se sente. A aldrabice oportunista dos surrealistas ? que, a partir de André Breton, deram método e institucionazaram o que já existia sem dar crédito a ninguém ? é a mesma tentativa mas com fundamentos filosóficos e marketing que Dada não tinha nem queria ter. Os dogmas surrealistas mataram o diletantismo do Cabaret Voltaire. E com isso o movimento que não o era, mas que provavelmente esteve mais perto da verdadeira intenção do criador em relação ao que cdriava desde as grutas de Altamira.
3. De regresso ao que interessa. Não foi por acaso que Magritte pintou a mais maquiavélica das armadilhas ? o quadro a que se chama "Ceci n?est pas ume pipe". Apesar de vermos um cachimbo inequivocamente à nossa frente, é para as palavras que nos dirigimos. Pior: é nelas que confiamos e sem hesitar nos pomos ao lado delas. Sabemos que o que vemos é um cachimbo; mas se está escrito que não é?
É esta extraordinária limitação e possibilidade simultânea que me faz estar deste lado. Ou seja: respeito e preciso de todos os modos de expressão que me possam oferecer.Gosto de cinema, pintura, teatro, o que quiserem. Mas sei que, mais tarde ou mais cedo, tudo cairá neste sucedâneo da Torre de Babel. Seja a reacção a uma obra-prima ou apenas a triste possibilidade de se dizer "amo-te".
É por isso que gosto e admiro quem supere este duríssimo desafio: dizer ou escrever, com o que todos conhecem, de maneira diferente e convincente. As palavras são o único território em que tudo foi explorado. Não há ambições a nada de novo, a não ser rearranjar o que há muito foi feito de modo a parecer sempre novidade. E isso é possível, e isso é que é lindo.
PAPEL DE PAREDE Nancy Sinatra, em 1966, num especial de televisão com o pai. Mais Tarantino do que o próprio alguma vez será. E o Mestre, o velho Francis A., a desprezar com estilo e carinho tudo o que a filha canta...Beam me up, Scotty! Dá-me a idade que mereço.
HÁ DIAS ASSIM E há aquela altura em que uma data, uma hora, um gesto poderia significar toda uma vida. E então, por arrogância ou desafio Supremo, deitamos tudo fora.

quarta-feira, dezembro 01, 2004

CHEGA A queda do governo de Santana, potenciada por um ministro amuado.Um país cuja alternativa de governo mais provável é liderada por José Sócrates. Uma Direita que, infelizmente, teima em ser autista, e dividida intelectualmente entre o novo-riquismo ideológico e o "toma-que-já-levaste" caceteiro.
Chega.
Hoje é 1 de Dezembro. Falemos de coisas sérias.


terça-feira, novembro 30, 2004

AGORA, EM CASA O que fica das viagens? Normalmente o que não se pode dizer, o que não se pode traduzir. E quanto maior o prazer, mais cresce alegremente esse indizível, essas impressões egoístas que se fecham em nós para nunca mais de lá sairem, por impossibilidade e escolha. Depois de nove dias atravessando três diferentes fusos horários, muito é o que me fica. O que posso dizer, di-lo-ei no local apropriado, que é para isso que me pagam. Aqui, apenas postais rápidos, esquissos de uma jornada com amigos:a constatação em Londres que a generosidade sem juros existe, os espectáculos dos The Gift em que a Sónia se transformava e ficava maior do que a vida, independentemente do publico ou da sua ausencia, as saudades terríveis de tudo o que deixei do outro lado do mar, o partilhar o Dia de Acção de Graças numa casa luxuosa em Beverly Hills, das que só aparecem no cinema, o Miguel a cantar electroclash, a expressão operativa "cói-cói", um resto de pronúncia alcobacense que ainda me domina, a certeza de que Nova Iorque é uma cidade onde gostaria de passar um período da minha vida, as minhas quase-lágrimas cada vez que era tocada a canção An Answer, que dói de bonita, o circo maravilhoso de Hollywood, as personagens que conheci, os horários infra-humanos, a alegria cansada das madrugadas na carrinha, com tudo a rir sem ter dorimido, a expressão "espetacolher!!", a versão intransmissivel do Nuno para a música Ruínas, do Rodrigo, a vontade de repetir, o abraço do regresso.

quinta-feira, novembro 25, 2004

CHAMEM-ME PROVINCIANO...Mas, A excepcao da area circense de Hollywood, a cidade de Los Angeles nao passa de um Monte Gordo de luxo e sobrevalorizado.

domingo, novembro 21, 2004

OH WHAT A BEAUTIFUL MORNING!... cantava o Howard Keel no Oklahoma!. E e isso que apetece cantar aqui na capital do mundo civilizado:Londres amanheceu fria, cinzento e chuvosa- ou seja, como deve ser e nao com esses arremedos tropicais que sao agora prodigos no Portugal de Inverno. Os The Gift teclam ao meu lado furiosamente, organizando a sua vidinha antes de irem tovar ao Cargo, por volta das 8. E eu estou feliz, no coracao de Finsbury Park, territorio dos gunners do Arsenal, meu clube ingles de eleicao.Ontem, no pub, estavam "tristes" pelo empate, e confundiam ja os portugueses com Mourinho. Mas a evocacao de uns chants antigos convenceram-nos que era amigo:"Overmars, Superstar/how many goals havbe you scored so far"...

sábado, novembro 20, 2004

INTERVALO PARA PUBLICIDADE Caros amigos, o vosso humilde tradutor encontra-se a partir de hoje em digressão pelo berço do mundo civilizado - Inglaterra - e os States. Na verdade, razões profissionais fazem-me acompanhar os The Gift como cronista oficial dos seus espectáculos no eixo Londres-Nova Iorque-Los Angeles. Quem é que precisa de ser correspondente da RTP em Madrid quando se tem um emprego como este ?
Sempre que possível, tentarei dar notícias (como se alguém se importasse...).O regresso fica marcado para o próximo dia 29, mas entretanto uma recomendação interesseira:

-vão ver o concerto de Rodrigo Leão em Lisboa ou no Porto;

-vão (mas vão mesmo) ver o concerto de solidariedade em que participam, entre outros, os Gaiteiros de Lisboa, Rodrigo Leão e um grupo de amigos a que chamam de Sétima Legião.No Fórum Lisboa, dia 26

O e-mail, entretanto, continua aberto.Too old for rock n' roll ? É o que veremos...

sexta-feira, novembro 19, 2004

MAIS METABLOGUISMO Robert Mitchum canta no lounge do Ritz.

sexta-feira, novembro 12, 2004

SOBRE ARAFAT,PREFIRO NADA Sobre Arafat, é melhor nada. Já não tenho forças para soltar os impropérios que me invadiram quando vi o coro elegíaco internacional, Santana e Sampaio incluídos. Já não tenho forças para falar do que é óbvio, dos duplos discursos do homem, um virado para a comunidade internacional, outro para os fanatismos internos e que obviamente se contradiziam.Já não tenho tempo de voltar a insultar a Academia Sueca, como o fiz aquando da atribuição do Nobel da Paz ao líder palestino.Já não tenho, não quero. O Francisco esreveu mais e melhor, numa lucidez assombrosa de que eu não seria capaz. O melhor que consigo fazer é repetir esta definição, dada por um dos seus apoiantes, e que é um brilhante eufemismo:era um homem «que nunca perdeu uma oportunidade de perder uma oportunidade».

terça-feira, novembro 09, 2004

E VENHAM-ME AGORA FALAR DE METABLOGUISMO! Está aberta a "guerra" entre dois dos mais talentosos bloguistas nacionais: Dupont e Dupond.

segunda-feira, novembro 08, 2004

O GATO, DE FACTO Recém-chegado do último dos três dias de espectáculo dos Gatos no Tivoli.Enfim, não serei o repórter imparcial (tenho lá um grande amigo, posso dizer mal à-vontade). Mas a verdade é esta: público em delírio, com o texto mais bem sabido do que os próprios intervenientes. Culto absoluto. Confiem em mim: eu estive lá na estreia, no último dia e no Gambrinus (ops, já falei demais). Mas em verdade, em verdade vos digo: poucas coisas no mundo sabem tão bem como sentir um orgulho absurdo e justificado nos nossos amigos.
OBRIGADO. E de repente, atentai: "11.33"."Wake Up"."An answer". Três títulos mágicos que dão entrada num pouco do que vai ser um dos discos portugueses do ano, ouvido em deslumbre absoluto em concílio exigente.AM/FM, The Gift. Não digam que não avisei.

quarta-feira, novembro 03, 2004

VOX POPULI, VOX QUÊ ? Esta manhã, no Fórum TSF. Assunto: a (então) previsivel vitória de Bush nas eleições americanas.Depois de inúmeros testemunhos anti-George W., um "artista plástico" afirma, dedo espetado no ar:«É preciso que nós, europeus - toda a Europa! - se oponha aos americanos!»
É por causa de atoardas como esta, que pululam por aí nas cabeças mais improváveis que - eu, que me distancio dos neo-cons da Admnistração, que muita trapalhada fizeram - acho que o resultado de hoje tem uma leve aura de justiça poética.

terça-feira, outubro 26, 2004

O HOMEM QUE OUVIA A ESPERANÇA Ele estava no princípio de tudo. Era a ele que recorriam todos os que queriam mudar o mundo ou a alma através de canções.E a todos ele ouvia, a todos estava atento.Durante muito tempo, foi o mensageiro de pequenas e grandes revoluções. Ficam os discos com o seu nome, a preservar o legado e a dar o exemplo.Morreu John Peel.

segunda-feira, outubro 25, 2004

BRIOOOOOOSAAAAA!


Obrigado, João Moreno.
JÁ CÁ FALTAVA O POEMUCHO E de Paul Durcan, outra vez. Um belíssimo poema de amor, com a Irlanda ao fundo e por dentro.

NESSA
I met her on the first of August
In the Shangri-La Hotel,
She took me by the index finger
And dropped me in her well.
And that was a whirlpool,that was a whirlpool,
And I very nealy drowned.

Take off your pants, she said to me,
And I very nearly didn't;
Would you care to swim, she said to me,
And I hopped into the Irish sea.
And that was a whirlpool,that was a whirlpool,
And I very nealy drowned.

On the way back I fell in the field
And she fell down beside me.
I'd have lain in the grass with her all my life
With Nessa:
She was a whirlpool, she was a whirlpool,
And I very nearly drowned.

Oh Nessa my dear, Nessa my dear,
Will you stay with me on the rocks ?
Will you come for me into the Irish sea
And for me let your red hair down ?
And then we will ride into Dublin city
In a taxi-cab wrapped-up in dust.
Oh you are a whirlpool, you are a whirlpool,
And I am very nearly drowned.









RELENDO O QUARTETO DE ALEXANDRIA
«'There are only three things to be done with a woman',said Clea once.'You can love her,suffer for her, or turn her into literature'.I was experiencing a failure in all these domains of feeling» Justine, Lawrence Durrell.

Poder ler isto sem me rever nestes dias é uma bênção e um milagre que só tenho que agradecer a alguém.

segunda-feira, outubro 18, 2004

A MENINA É DE OURO! É oficial: o duplo disco estreia de Nellie McKay, Get Away From Me, é o melhor de 2004 e do primeiro trimestre de 2005.E mesmo que mude ideia até lá, não o irei dizer. Há muito tempo que não havia uma letrista tão brilhante na música popular. Como se diz na Zona J, check it out!

quarta-feira, outubro 13, 2004

O HOMEM HOJE ESTÁ IMPARÁVEL (E UM CHATO DO CAROÇO)No fundo o que todos desejamos é paz. Talvez seja verdade, a filosofia estóica e oriental que diz que a abolição de todos os desejos é o mais perto da perfeição. Talvez. Mas depois, para que vale a pena viver ? A inquietação, seja em que forma vier, é das poucas armas para combater a injustiça de morrer, acredite-se ou não numa vida depois da morte. Ninguém pode estar sossegado se vive, pela simples razão de que se o estiver, não vive. Vinicius dizia: ?O tempo de paz/não faz nem desfaz?. E isto é só uma verdade simples que atravessa toda a condição humana. Na verdade, a Humanidade é um tubarão, que se parar, morre.
"NÃO PRECISO DE MENOS QUE TODOS OS MEUS AMIGOS" E há alturas em que as palavras chegam, sem surpresas, sem avisos. Como se fossem velhos conhecidos que regressam de um país que não queremos saber mas que sempre conhecemos.Assim com os poemas de um grande amigo, da noite e do vento. Não tenho direito a não o partilhar:

Agora,
as arcas do tesouro estão vazias.
Vazia está a nossa vida.
O tempo é apenas isso:
grãos de ouro,
uma espécie de música que não perdura.


in Esta Voz É Quase O Vento, José Agostinho Baptista

Zé,sempre conversaremos em directo do lugar nocturno da amizade.

STILL CRAZY AFTER ALL THESE YEARS Começo a perceber que é bom ser um velho guerreiro da "noite". O primeiro sinal compensatório é que já não compreendo as alegrias dos meus amigos mais novos. Exemplo: vêm-me dizer que há um novo bar em Lisboa, chamado Buda, onde é imprescíndivel estar e que "um gajo como tu ia gostar",etc...Pergunto porquê, e ninguém me sabe responder. Mas dizem-me que a famosa taróloga com nome de abelha é a relações públicas. Mais uma dúvida que não é do meu tempo:qual é o critério de escolha da senhora à porta ? " Olá, boa noite. O seu ascendente é...Capricórnio? Desculpe, mas estamos cheios.Boa noite. Ah, esta noite saiu-lhe a Papisa? Faça favor..." . O mundo ainda é um lugar cheio de mistérios.

segunda-feira, outubro 11, 2004

MAS A FESTA CONTINUA...e por isso mesmo, sugiro que os estimados leitores coloquem uma roupinha lavada e compareçam na inauguração do novo blogue com a mesma gerência: bem vindos ao Ritz.Os cocktails são por conta da casa.
MUITO OBRIGADO Aos amigos da blogosfera que me enviaram os parabéns pelos 40. Eles sabem quem são, e eu também. Quanto a ter chegado a esta data, comprazo-me em pensar no simbolismo bíblico do número.Infelizmente para mim, Cristo resolveu o problema das tentações em apenas 40 dias.

sábado, outubro 09, 2004

EU HOJE ACORDEI ASSIM



Obrigado, Charlotte.
EFEMÉRIDES (ou "obrigadinho, ó Scolari!") Hoje faço 40 anos.Hoje, pela primeira vez, o Liechenstein empatou com a selecção portuguesa.

domingo, outubro 03, 2004

AVANÇANDO A PASSOS LARGOS PARA O 4-0 PARA A EQUIPA DA CASA O que é que uma pessoa bem formada e à beira de ter quarenta anos deve fazer para evitar crises de meia-idade ? Ouvir ininterruptamente o disco September Of My Years, de Frank Sinatra, que o Mestre gravou quando tinha 50 anos.

sábado, outubro 02, 2004

AVISO:RETIRAR SMOKINGS E VESTIDOS DA NAFTALINA

Now, if you're blue
And you don't know where to go to
Why don't you go where fashion sits
Puttin'on the Ritz...

Irving Berlin

O outro blogue do Tradução Simultânea está quase a estrear.

sexta-feira, outubro 01, 2004

E AGORA, UMA PALAVRA DO NOSSO PATROCINADOR Amanhã, o santo padroeiro deste blogue - o Senhor Graham Greene - comemoraria cem anos de vida. Desde o princípio que não tive dúvidas em adoptar o nome de um dos seus personagens: o Major Scobie de O Nó do Problema. Daqui a mais cem anos, eu não estarei aqui para o celebrar, e às alegrias que ele me renova ao lê-lo. Mas outros o farão por mim. Thank you, Mr.Greene.



(post também dedicado à Isadora, que terminou agora de ler o The Heart Of The Matter)

quarta-feira, setembro 29, 2004

BLAME IT ON THE MOONLIGHT (OU O FASCÍNIO DA FRANCHISE) Estou a pensar em abrir outro blogue.
IT'S TIME TO TELL THE TALE Senhoras das palavras, é o que elas são: ler por dentro este blogue e este (desculpa, Inês, mas tinha de ser).
PEQUENO POST SOBRE FUTEBOL (VERSÃO VOGUE) Se há coisa em que as equipas italianas sempre foram pioneiras é a maneira como se equipam.Até aqui eram fieis aos modelos irrepreensíveis dos anos 40 e 50. Hoje, tudo acabou: a equipa do Roma inaugurou o híbrido calção de futebol-camisola de ciclista.
PEQUENO POST FELIZ SOBRE FUTEBOL Boa colheita: o Real, a jogar com o desespero de galinhas tontas, virou um 0-2 para 4-2. Mas melhor do que isso só o 6 a 2 do Manchester ao Fenerbachse (alguém me explique o critério peregrino que leva a admitir em campeonatos europeus equipas turcas e israelitas). E o que augura um grande futuro para a selecção dos três leões: os três-golaços-três do menino Rooney. Ainda alguém tem dúvidas ?

terça-feira, setembro 28, 2004

AQUELAS BOTAS FORAM FEITAS PARA ANDAR ...e é o que fazem. Aproveitando a boleia de Tarantino, a linda Nancy "with the laughing face" fez um disco de duetos. A inépcia vocal é a mesma, mas as colaborações são de peso.E vale a pena ouvi-la cantar com Jon Spencer ou Morrissey, ou ser acompanhada pelo baterista dos Sonic Youth (I know what would Dad think about that guy!). Mas para mim, a pérola é a canção Two Shots Of Happy, escrita por Bono e The Edge para o Mestre Frank. Bono é provavelmente um dos maiores conhecedores e admiradores de Sinatra e da sua "arte perdida de viver" (como lhe chamou Bill Zehme). Nancy desperdiça alegremente a canção, mas a letra é um retrato tão fiel de Sinatra que dói. É uma elegia à derrota, às cicatrizes, ao underdog.É um monumento ao solitário que se disfarça entre a multidão, ao I did it my way mas por um preço muito alto. Sinatra sempre me lembrou os versos de Yeats:"Eu canto o que foi perdido e temo o que se ganhou". Bono transformou-o em canção.

segunda-feira, setembro 27, 2004

FRANCAMENTE, HOJE NÃO INTERESSA MAIS NADA Há precisamente sete anos, de uma maneira linda, inesperada, extraordinária e mágica nascia a minha filha mais velha. Foi a primeira vez que percebi que havia uma esperança de eu poder ser uma pessoa melhor.

terça-feira, setembro 21, 2004

ENTRETANTO



Parabéns pelo 70th, Mestre.E vem aí disco novo.
REGRESSEI De Nova Iorque.



Prometo escrever algumas impressões assim que conseguir fechar a boca.

sexta-feira, setembro 17, 2004

NEW YORK; NEW YORK Dry Martinis. O Algonquin. Os Knicks. Jazz. Sinatra.Cole Porter.Rodgers&Hart.Woody Allen.O mundo todo numa cidade.
Excitado como uma criança provinciana, preparo-me para ir a New York pela primeira vez.Mas deve ser uma das cidades que melhor conheço...
E o maldito refrão dos Prefab Sprout que não me larga:

Hey Manhattan
here I am
Call me star-struck Uncle Sam.
Strolling Fifth Avenue
just to think Sinatra was here too...!

Talvez volte.
(ai volto volto, que tenho uma grande e linda razão para isso)



segunda-feira, setembro 13, 2004

SE O CAMUS SOUBESSE... O melhor texto sobre o regresso aos diazinhos é,de longe, este. Cada um tem o IP4 que merece, Alberto.Welcome back.











ARTE TOTAL A Maria tem um blogue onde sábiamente mistura psicologia, filosofia, psiquiatria, neurologia, apontamentos pessoais, literatura e receitas divinas (além de um imaculado gosto na escolha do template...) Ora os mais atentos repararão que há uma subtil relação de causa-efeito entre todos estes assuntos. Agora, a propósito de um jantar onde tive o privilégio de ser um dos comensais, a Maria (ou Helena) deixou estas receitas irlandesas - um país de que se falou apaixonadamente - e falar com paixão da Irlanda é para mim uma redundância.Vão, cozinhem e divulguem (e estou a falar contigo, João Pedro!)

(A propósito, Maria, conheces um extraordinário livro do David Lodge, Consciousness and the Novel ? Tem a ver com o fenómeno de "consciência" ou identidade individual do ser humano (ou a sua inexistência) e o seu papel na criação literária. Adorava saber a tua opinião.)

ELA ESTÁ DE VOLTA, E COM MUITO PARA DIZER Vejo com alegria que a Inês regressou, e deslumbrada com duas grandes revelações: o doce limbo sensual de Havana e a melodia radiosa dos versos de Tolentino de Mendonça. Combinação só aparentemente improvável. (E os Baldios, Inês, leste os Baldios?)
MY PERSONAL NINE-ELEVEN Regressei este último fim de semana a um lugar onde por várias vezes fui feliz. É a minha triste maneira de me recompor dos atentados emocionais que perpetro a mim mesmo.

quinta-feira, setembro 09, 2004

«SUFFER LITTLE CHILDREN» Assisto, aterrado, a um depoimento de uma criança sobrevivente da selvajaria de Ossétia, acompanhada de imagens do interior do ginásio durante o sequestro. E é nestas alturas que fico muito mais próximo de Job do que de Deus.

quarta-feira, setembro 08, 2004

ADORO REGRESSOS E gosto muito de rever estas e estas palavras.
A MINHA VIDA, EM DIRECTO E os dias em que há alguém, aqueles dias em que se acredita, que se desafia improbabilidades, em que todo o cenário dos dias parece convidar a abandonarmo-nos, a dizer tudo o que ficou por dizer.?
E de repente, por mágoa ou desleixo, é tudo demasiado tarde.

segunda-feira, setembro 06, 2004

ENTRADA DIRECTA PARA O Nº1 DO TOP CÁ DE CASA High, dos Blue Nile. Não é o salvamento da música popular ou a canonização em CD que alguns apregoam.É só um disco muito bom.


ALGUNS VERSOS POR UMA RAZÃO

(para R.)

De facto
tens de construir da chuva e das pedras
até que colinas sejam
memória comum verão sobre o verão.

in Turvos Dizeres, João Miguel Fernandes Jorge, 1973
BANDA SONORA DE UM JANTAR NA ERICEIRA

Ce soir le vent qui frappe à ma porte
Me parle des amours mortes
Devant le feu qui s' éteint
Ce soir c'est une chanson d' automne
Dans la maison qui frissonne
Et je pense aux jours lointains

{Refrain:}
Que reste-t-il de nos amours
Que reste-t-il de ces beaux jours
Une photo, vieille photo
De ma jeunesse
Que reste-t-il des billets doux
Des mois d' avril, des rendez-vous
Un souvenir qui me poursuit
Sans cesse

Bonheur fané,
cheveux au vent
Baisers volés,
rêves mouvants
Que reste-t-il de tout cela
Dites-le-moi

Un petit village, un vieux clocher
Un paysage si bien caché
Et dans un nuage le cher visage
De mon passé

Les mots les mots tendres qu'on murmure
Les caresses les plus pures
Les serments au fond des bois
Les fleurs qu'on retrouve dans un livre
Dont le parfum vous enivre
Se sont envolés pourquoi?

Que reste-t-il de nos amours, Charles Trenet/Léo Chauliac

quinta-feira, setembro 02, 2004

RAZÕES PORQUE NÃO SOU ATEU, Nº10 b (secção católica): O princípio de Sebastian

'I suppose they try and make you believe an awful lot of nonsense?'
'Is it nonsense? I wish it were. It sometimes sounds terribly sensible to me.'
'But my dear Sebastian, you can't seriously believe it all.'
'Can't I ?'
'I mean about Christmas and the star and the three kings and the ox and the ass.'
'Oh yes, I believe that.It's a lovely idea.'
'But you can't believe things because they're a lovely idea.'
'But I do. That's how I believe.'

Evelyn Waugh, Brideshead Revisited, pág.84, edição Penguin, 1986



PARECE-ME BEM...

echoandthebunnymen.jpg
You're all about the music. Not too incredibly
mainstream, but not too incredibly underground.
It's awfully hard for anyone to oppose you,
seeing as how you rule.

What band from the 80s are you?



(via Bomba, que viu o Moody)
REGRESSO E agora, este lento torpor da realidade, que faz com que as palavras pesem e sejam dificeis de arrancar. O mundo que cada vez menos interessa, as pessoas que cada vez mais confirmam o pior.Depois, graças a Deus, volta a chuva, e com ela o retomar da ilusão essencial que amanhã há-de ser melhor.
FÉRIAS Um final de tarde quente. Uma brisa discreta. Uma bebida decente. O Sinatra a cantar I've got the world on a string. O chilrear dos meus filhos.

terça-feira, agosto 31, 2004

sábado, agosto 14, 2004

«I'LL BE BACK» Entre Jogos Olímpicos e cassetes roubadas, quer-me parecer que este é o timing perfeito para fechar a loja por uns tempos. Até já.


quinta-feira, agosto 12, 2004

AINDA DIZEM QUE NÓS ESTÁVAMOS ENGANADOS O Iraque acaba de marcar o segundo golo a Portugal. Estão descobertas as armas de destruição maciça.
«STUN HIM,COMMANDER!» E esta alegria irreprimível que se liberta quando vejo cada episódio da recém-comprada primeira série em DVD do Espaço 1999 ? É algo que vem do fundo da minha infância, que me devolve os Legos a fingirem de lasers e intercomunicadores, os kits das Eagles que construí, a única colecção de cromos (e foram muitas, desde a lendária Mundial 1974 até Homens, Raças e Costumes) que consegui completar.E agora mesmo, depois de assistir a mais um episódio da base lunar Alfa, apetece-me correr para a papelaria para mais uma carteirinha de cromos. Culto é isto ? Digam-me que não estou sózinho. O mail está em cima, à esquerda. Obrigado.


quarta-feira, agosto 11, 2004

EQUAÇÃO SIMPLIFICADA A propósito deste post, uma pequena verdade para a Inês:

«Tudo desde sempre.Nunca outra coisa.Nunca ter tentado.Nunca ter falhado.Não importa.Tentar outra vez. Falhar outra vez. Falhar melhor.»

Pioravante Marche (Worstward Ho), Samuel Beckett, tradução de Miguel Esteves Cardoso.

Aplicar estas palavras às relações afectivas. À essência da vida humana.


domingo, agosto 08, 2004

SUBSÍDIO (CITÁVEL) PARA COMPREENDER JOSÉ SÓCRATES "A maior parte das pessoas são outras pessoas, os seus pensamentos de outros, as suas vidas uma imitação, as suas paixões uma citação". Oscar Wilde
SÁBADO À NOITE EM LISBOA



Um bom livro, um Harvey Wallbanger correcto, o Cool Struttin' na vitrola: raros momentos em que a solidão faz sentido.

terça-feira, agosto 03, 2004

SUBITAMENTE, NO MINUTO PASSADO...Um homem vai, lampeiro e já babando-se de antecipação, preparar-se para escrever um post. Sobra-lhe raiva, razão e algum humor. Antes decide dar um passeio pela blogosfera, para abrir ainda mais o apetite. E regressa a casa sabendo que alguém já disse tudo e bem sobre o que ia a dizer. É só ler o post I Am A Rock. É bom sabermos que não estamos sózinhos.

segunda-feira, agosto 02, 2004

UM BREVE INTERVALO NA INDIGNAÇÃO GENERALIZADA Seis igrejas foram atacadas por bombistas suicidas no Iraque, durante as liturgias. Seis igrejas. Com homens, mulheres e crianças.
Obrigado.Darfur segue dentro de momentos.

sábado, julho 31, 2004

O ÚNICO MOMENTO DO ANO EM QUE OS SUPERTRAMP FAZEM SENTIDO

I'm a winner
I'm a sinner
Do you want my autograph ?

Enfâse no sinner.
AND ALL THAT JAZZ Ontem à noite, por acaso, vejo-me numa mesa com cinco bloggers.Nem todos se conheciam.As apresentações equivaleram uma primeira sessão nos Alcoólicos Anónimos:"Chamo-me......., tenho ...anos e o meu blogue é......". São estas coisas que me fazem pensar.

sexta-feira, julho 30, 2004

ATRAVÉS DO PAÍS PROFUNDO ...chegou esta deliciosa canção e videoclip.
À procura de Deus, encontro esta frase:«Aquele que ama aceita ser precedido».E é tão bonito, tão divinamente humano.

quinta-feira, julho 29, 2004

OBRIGADO ROUSSEAU ! O Nuno resolveu alertar para o que se passa no Sudão. Hoje lê-se no Público que houve pessoas queimadas vivas por outras pessoas. É isto a natureza humana no seu paroxismo. A misericórdia de Deus só pode ser infinita. Depois admirem-se do meu pessimismo antropológico.
I SHALL SAY THIS ONLY ONCE  Brad Mehldau.Amanhã.Em Lisboa. Jazz é a melhor música do mundo. Be there.


terça-feira, julho 27, 2004

PAUL DURCAN  É um dos poetas irlandeses contemporâneos que mais gosto (logo a seguir a Seamus Heaney). A sua poesia é feita de ternura e amargura, memórias e histórias cintilantes do quotidiano. Foi cantor rock. É um mestre, que já aqui esteve várias vezes na Tradução. E volta a estar, com este poema.

The Difficulty That Is Marriage

We disagree to disagree, we divide, we differ;
Yet each night, as I lie in bed beside you
And you are far away curled up in sleep
I array the moonlit ceiling with a mosaic of question-marks;
How was it I was so lucky to have ever met you ?
I am no brave pagan proud of my mortality,
Yet gladly on this changeling earth I should live for ever
If it were with you, my sleeping friend.
I have my troubles and I shall always have them
but I should rather live with you  for ever
Than exchange my troubles for a changeless kingdom.
But I do not put you on a pedestal or throne;
You must have your faults, but I do not see them.
If it were with you, I shall live for ever.



(post escrito ao som de Detail For Paul, de Durrutti Column)
BRILHANTE IMPOSSIBILIDADE  Não conseguir deixar de estar com uma lágrima ao canto do olho enquanto assisto pela televisão à Last Night Of The Proms e canto embargado o Jerusalem, de Hubert Parry sobre poema de William Blake. Abençoada Ilha.

quarta-feira, julho 21, 2004

 A IDADE NÃO PERDOA Descubro que conheço pessoal ou socialmente um número invulgar de governantes. Damn!
REENTRADA DIRECTA PARA O Nº1 AQUI DE CASA      



A voz de Clare Grogan a cantar "Maybe swim a mile down the Nile/I could be happy/I could be happy"... Foi o meu disco "melhor do mundo" (incluído no álbum Pinky Blue) há muito, muito tempo. E ainda faz sentido.

segunda-feira, julho 19, 2004

QUEM PRECISA DE BILLY CRISTAL ?  É absolutamente oficial (e digo-o com esforçada independência do poderoso lobby de críticos de cinema formado pelos meus filhos): Shrek 2 é a melhor comédia do último ano e meio.
 

 

sábado, julho 17, 2004

PARA MIM É MAIS DIÓGENES  Não consigo evitar o sorriso sempre que leio a forma como a imprensa decidiu adjectivar os militantes que apoiam a candidatura do sr.José Sócrates a secretário-geral do PS. Numa ânsia descabelada para evitar a perífrase chamam-nos de "socráticos"; imediatamente vejo a sede do Largo do Rato transformada na "Escola de Atenas". Teria a sua graça, se não fosse tão triste.
AVISO (ALGO TARDIO) À NAVEGAÇÃO   Esta noite é a última oportunidade para ver Marta Hugon cantar no Hot Clube. A Marta é minha amiga de há décadas, para evitar especulações: mas a amizade tem pouco a ver com o prazer que se tem a ouvi-la cantar dois sets de standards como já é raro haver no jazz contemporâneo E na sua voz o Too Close To Confort ganha todo o sentido. Com ela vão estar o Filipe Melo (p), o Bernardo Moreira (b), o Bruno Santos (g) e o André Sousa Machado (bat). É ir e confirmar, mas aviso que o primeiro set começa às 23 horas.

sexta-feira, julho 16, 2004

EFEMÉRIDE Ontem ainda pensei em escrever qualquer coisa sobre o Dia da Bastilha. Mas optei pelo silêncio, porque nada do que eu diga me irá livrar da fama e proveito de reaccionário (o que não é totalmente verdade, mas isso agora não interessa). De qualquer modo, não posso ignorar;por isso, aqui fica a minha citação preferida sobre a Revolução Francesa, numa tradução descontraída que espero que me perdoem.
 
«Lady Bracknell: (...) Crescer, ou ser criado, numa mala de viagem, com alças ou não, demonstra um desprezo pelas mais elementares decências da vida familiar que lembra os piores excessos da Revolução Francesa. E suponho que sabe aquilo a que esse infeliz movimento levou ? »
 
The Importance Of Being Ernest, Oscar Wilde

terça-feira, julho 13, 2004

MY FEELINGS,EXACTLY «Há na vida acontecimentos, encontros, vislumbres que parecem pôr fim brutalmente a todo o passado. É uma impressão sonora, como o bater brutal duma porta nas nossas costas, lançada pela pérfida mão do destino. Procura outro paraíso - tu, idiota ou sábio!É um momento de terror mudo que nos obriga a voltar para a estrada; que nos obriga outra vez a explicar penosamente os factos, a correr febrilmente atrás das ilusões, a fazer uma nova colheita de mentiras com o suor do rosto, para suportar a vida, para a tornar bela, a fim de transmitir intacta à geração seguinte de viajantes cegos a lenda encantadora de um país perene, de uma terra prometida, onde só há flores e delícias...»

O regresso, Joseph Conrad
DARIA TUDO PARA ESTAR AQUI NESTE PRECISO MOMENTO



De regresso a Sligo, lendo os primeiros versos de He Wishes For The Cloths Of Heaven, de WB Yeats.
AFORISMO RESIGNADO Ler Camilo e Padre António Vieira com regularidade é o cilício de quem acha que sabe escrever.
DISCURSO DE JOSÉ PESEIRO, ADAPTADO À REALIDADE POLÍTICA NACIONAL Santana Lopes prepara o governo com máxima discrição, porque sabe que se não o fizer, amanhã os ministros estarão no FC Porto.
ALL MOD CONS Cedi e decidi ter internet em casa. Estou tramado.Estais tramados.

domingo, julho 11, 2004

AH!,ESCREVER ASSIM ESTAS VERDADES! «Não era muito que Tadeu de Albuquerque fosse enganado em coisas de amor e coração de mulher, cujas variantes são tantas e tão caprichosas que eu não sei se alguma máxima pode ser-nos guia a não ser esta: "Em cada mulher, quatro mulheres incompreensíveis, pensando alternadamente como se hão-de desmentir umas às outras". Isto é o mais seguro; mas não é infalível »

Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição
SAMPAIO DID DA RIGHT THING! 1.Sabia-se que fosse qual fosse a decisão o presidente, as divisões surgiriam. O que decidiu e os argumentos que apresentou - pela primeira vez nun discurso límpido e correcto, mesmo contando com a desesperada ameaça de "vigilância" para apaziguar a esquerda - foi o mais sensato. A questão da legitimidade deste governo não é para mim cavalo de batalha, ainda para mais quando há uma solução institucional consagrada na lei fundamental do país, que foi aprovada por representantes eleitos por voto secreto, directo e universal. E nem Santana Lopes se me afigura como ameaça terrível ao funcionamento da democracia. Pessoalmente, não o escolheria - não lhe conheço nenhuma ideia política, apenas decisões um pouco diletantes. Mas a alternativa era bastante pior, e não é pelo homem gostar de mulheres ou sair à noite que seremos pior governados. Gostaria sim, que a Direita tivesse uma alternativa mais credível. Não tem: e para um institucionalista como eu, a solução que se encontrou foi a melhor.

2. Triste é ver Ferro Rodrigues ou Helena Roseta espumarem de raiva e desconsolo, dizendo dislates como "estou arrependida de ter votado em Sampaio" e acusando-o de traição à familia socialista. Isto, mais do que revelar pobreza de espírito - o homem é chefe de estado - mostra os podres de um regime republicano, em que a mais alta figura da nação - supostamente o garante da independencia perante o poder executivo - terá sempre uma factura para pagar à sua base eleitoral. E assim tudo se torna mais dificil.
Quanto à aberração política que é Ana Gomes, por favor digam-lhe a que horas é o próximo avião para Bruxelas.

sexta-feira, julho 09, 2004

BREVÍSSIMO ELOGIO DAS PALAVRAS Toda a gente, em todo o mundo, está suspensa de uma palavra. Toda a vida, sempre. Uma palavra tira, acrescenta, ordena. Agora mesmo, enquanto estas são escritas, uma rapariga de Reikjavik espera por um "sim"; um rapaz, nos arredores de Yaoundé,depende de um "quero".
As piores palavras, as melhores:"quero", "sim", "não", "agora", "amo-te", "odeio-te", "adeus".
ESTE PAÍS QUE EU AMO Atendo um telefonema de Londres:

-Mas você confirma o que me disseram ? Que estamos sem governo ?!
- Confirmo. Mas não se preocupe: o Europeu de Portugal foi considerado o melhor de sempre.

quinta-feira, julho 08, 2004

IT'S OVERNão vou cair na tentação de fazer a autópsia da final do Europeu (que perdemos de modo feio mas justo), embora dificilmente refreie o meu dedo indicador de balançar em frente a algumas caras para dizer o que digo há mais de oito meses e que é "Eu não disse que aquele Scolari...". Prefiro citar um amigo meu, que segundos após o final do jogo me liga, raivoso, e diz:"Já estou a imprimir as T-Shirts com a frase 'Obrigado, Felipão'".
PRONTO Este blog regressa hoje à normalidade possível, após os últimos tempos de euforia. E aproveita para dizer que não admite, sob qualquer argumento - sobretudo os que têm vindo a ser apresentados - a possibilidade de eleições antecipadas. Obrigado.

sexta-feira, julho 02, 2004

AUSÊNCIA

Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua

Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.

Sophia de Mello Breyner Andresen
ADEUS SOPHIA Às vezes trabalhar em redacções tem o seu quê de brutal: a notícia chegou-me aogra mesmo, sem floreados. Morreu Sophia de Mello Breyner Andresen. E se se pode perdoar o absurdo de comparar dores por mortes, esta é a que realmente me custa. Viva o legado.

quinta-feira, julho 01, 2004

E OUTRA FINAL QUE EU VOU VER - A DA MINHA MENINA... A sempre atenta Carla também já o notou: esta moça tem tudo - bom ténis, beleza e uma diferença fundamental da Kournikova: ganha. Na final de Wimbledon, já no sábado. Força Maria !



MANDAMENTO ESTÉTICO SAZONAL Nada - nenhum excesso climatérico, nenhuma ousadia da moda, nenhuma lei divina - justifica que se ande de chinelas de enfiar no dedo na cidade de Lisboa.
OS DEUSES DEVEM ESTAR LOUCOS Portugal-Grécia, na final ? A Europa deve tremer de antecipação perante este duelo de titãs. Mesmo assim, é uma oportunidade de ouro para sermos campeões. E disso gostaria eu muito.

sexta-feira, junho 25, 2004

SÓ MAIS UMA COISA Não gosto de Scolari. Não gosto da forma como (não) preparou a equipa, não gosto do seu discurso arrogante, não gosto dos pedidos que faz ("cinco mil carros a acompanharem-nos de Alcochete até ao estádio"). Mas a gota de água foi a bandeira brasileira com que atravessou o campo no final do jogo. Otto Rehagel iria buscar a bandeira alemã? Eriksson, a sueca ? Não pode ser.
Até à final do campeonato, não irei mais comentar futebol (a não ser para exprimir a minha alegria cada vez que a França sofre um golo, como acaba de acontecer com a Grécia). Até lá, as minhas atenções estão viradas para Wimbledon (o ténis é o segundo desporto que mais sigo), e sobretudo para esta menina: Maria Sharapova.

MELHOR FRASE QUE OUVI HOJE : "os gregos são a única equipa que tem, realmente, a filosofia de jogo".
AGUENTA CORAÇÂO! E foi assim: o meu velho coração dividido esperava que Portugal ganhasse, mas depressa e sem deixar dúvidas.Não aconteceu: depois do excelente golo de Owen, veio a lesão do menino de ouro (Rooney).A equipa inglesa deprimiu-se e jogou sempre à defesa.Por outro lado, Portugal fazia pouco melhor: Ronaldo não passou uma única vez por Ashley Cole,Figo atrapalhava-se, Deco era um holograma e o jogo ganhou proporções de um épico Paços de Ferreira-Rio Ave. Valeu a emoção, o golo de Rui Costa,o extraordinário Ricardo Carvalho, a passagem de Portugal.
Mas para mim fica um travo amargo de ver, mais uma vez, os Três Leões perderem nos penalties, uma sombra negra que os persegue desde 1990 (e 92 e 96 e 98).
Seguiu-se a festa. com ingleses e portugueses, eu que estivera no Rossio depois da vitória frente à Croácia. E não me venham dizer que são todos hooligans e não sabem ver futebol. Até breve.There will always be an England.

sexta-feira, junho 18, 2004

DIÁLOGO DE ANGLÓFILOS FANÁTICOS FRENTE AO TELEVISOR,COMENTANDO INGLATERRA

-Mas é que não estão a jogar nada.
-Estão a jogar golfe na Quinta do Lago.É uma vergonha.
- É o calor.Estão 30 graus.Os rapazes não estão habituados a jogar em países sem condições para a prática do futebol.
-E os suiços, não têm calor ?
-...
- Olha, vai vai vai...GOOOOOOLOOOO!
INTERROMPEMOS O ESPECIAL EURO PARA UMA EXCELENTE NOTÍCIA Os Yes cancelaram o concerto em Portugal. Abençoados sejam.
OS NÚMEROS DO MEU CONTENTAMENTO Quarta-feira:dois a zero.Quinta-feira:três a zero.E sim, quinta-feira: dois a dois.

segunda-feira, junho 14, 2004

ENTÃO? NÃO SABEM O QUÊ? Mas quando é que será que este rapaz, tão brilhante noutras coisas, vê a Luz?
QUANTO A PORTUGAL... Bom, enough said. Também doeu, e muito. A melhor história sobre a reacção à derrota lusa foi-me contada ontem: pouco depois do jogo acabar, um septuagenário que tinha na sua janela um mastro improvisado com a nossa bandeira, fez o que lhe pareceu apropriado - colocou a bandeira a meia-haste! Esse homem é um génio.
MELHOR CÂNTICO DIRIGIDO AOS FRANCESES "If it weren't for us Brits, you'd all be Krauts!" (Se não fôssemos nós, os Bifes, seriam todos Boches")
C'MON ENGLAND! Não é segredo para ninguém o meu apoio dedicado à selecção inglesa. Ontem, com um grupo de amigos igualmente fanáticos, fui ver o jogo a um bar lisboeta.Todos equipados e educados. Os nativos não compreenderam, acharam que éramos trtaidores à nação e torceram ...pela França, esquecendo que há quatro anos atrás reservaram os melhores mimos aos gauleses.


O jogo foi o que se sabe: três minutos de pesadelo, um penalty falhado e uma amargura díficil de digerir. A Inglaterra não jogou mal, aguentou a pressão e foi ingénua.O mundo civilizado perdeu.Mas the lads in white ainda não estão acabados. Quinta-feira lá estaremos!




Eis um dos heróis do jogo, Paul Scholes.

quarta-feira, junho 09, 2004

E COM O EURO, REGRESSA A MINHA VELHA PERSONALIDADE MÚLTIPLA...



segunda-feira, junho 07, 2004

QUANTAS VEZES ISTO TEM DE SER VERDADE? Para melhor efeito, recomenda-se a leitura muito tardia. Acessórios adequados:um whiskey, a madrugada a raiar, Billie Holliday a cantar Body And Soul na versão de 1957, com Ben Webster, uma vida parecida com a minha.



If hands could free you, heart



If hands could free you, heart,


Where would you fly?


Far, beyond every part


Of earth this running sky


Makes desolate?  Would you cross


City and hill and sea,


If hands could set you free?



I would not lift the latch;


For I could run


Through fields, pit-valleys, catch


All beauty under the sun--


Still end in loss:


I should find no bent arm, no bed


To rest my head.



Philip Larkin

ONDE HÁ UM POLÍCIA, QUANDO PRECISAMOS DE UM ? Ouvido há tempos, num restaurante:"Acho que alterei o meu espaço mental em relação à minha posição anti-tabágica".

quarta-feira, junho 02, 2004

JANTAR ÀS DEZ No espaço de apenas algumas horas, discuti com carinho amizades e velhas cumplicidades, estive à beira das lágrimas (dizia-me um amigo:"já nos aturamos há mais de 22 anos, caraças"), entusiasmei-me com argumentos religiosos e metafísicos ditos com uma ébria convicção (ele era Unamuno, ele era Kierkegaard, ele era Graham Greene), embeveci-me a assistir a uma discussão pró e contra downloads e cópias piratas de discos, deliciei-me com o repasto preparado, emocionei-me com confissões amorosas, conheci uma rapariga que faz a inveja de meia blogosfera feminina (trabalhou com o Vincent Gallo...), voltei a afirmar preconceitos absolutos (como a superioridade inglesa em tudo excepto na questão irlandesa)...A amizade, com a sua demolidora liberdade, é o masis nobre e delicioso dos sentimentos.
No espaço de apenas algumas horas fui o homem mais feliz do mundo. Depois chegou a vida.

sábado, maio 29, 2004

RAZÕES PORQUE NÃO SOU ATEU, Nº9: JOÃO GILBERTO








PS:E o soberbo João Gilberto in Tokio já cá canta !

ADENDA A UMA CARTA ANTIGA Há algum tempo uma querida amiga lembrava-me umas palavras que lhe tinha escrito nos ardores da minha juventude. Perguntava eu "porque somos perseguidos pelo mal de amor". Querida Audrey: tal enunciado só se desculpa pela arrogância que se confunde com a estupidez de ser jovem. Porque agora eu sei da glória e da tragédia: não somos perseguidos, somos nós que o perseguimos.

quarta-feira, maio 26, 2004

ALERTA! ÀS ARMAS,COMPANHEIROS DE BOM GOSTO! Os Yes vêm a Portugal.

terça-feira, maio 25, 2004

APENAS UMA CANÇÃO Muitas vezes a música vem ter com a nossa vida, de forma insuspeita. Assim com os Keane,que eu deixaria passar incólumes, não fosse uma curiosidade por uma canção: Somewhere only we know.É uma canção que os mais cínicos arrumarão na gaveta dos "Epígonos dos Coldplay", mas na realidade é bastante mais do que isso.O som Coldplay deve-se à invulgar formação do grupo - um vocalista, um baterista e um teclista/baixista - mas a banda tem personalidade própria. Com uma paixão desavergonhada pela melodia e pelo refrão perfeito, que só se encontra nas melhores bandas nórdicas como os A-Ha (e isto é um elogio), os Keane conseguem com esta canção uma elegia a um desejo de algo que se sabe que se vai perder e cuja única esperança reside em irmos a um lugar que só nós - os amantes à beira da despedida - sabemos existir. Fala de segredos que redimem, mapas amorosos íntimos que se desenterram nas maiores alegrias e tristezas. Oiçam. O álbum chama-se, convenientemente, Hopes And Fears.




"Oh simple thing, where have you gone ?


I'm getting old and I need something to rely on"



Keane, Somewhere only we know

domingo, maio 16, 2004

VÉNUS DIRÁ ALGUMAS PALAVRAS(com a licença de WH Auden)

E o que me vem à cabeça,e ao coração, assim de repente:


Had I the heaven's embroidered cloths,
Enwrought with golden and silver light,
The blue and the dim and the dark cloths
Of night and light and the half-light,

I would spread the cloths under your feet:
But I, being poor, have only my dreams;
I have spread my dreams under your feet;
Tread softly because you tread on my dreams.

William Butler Yeats
DRUNK AS A SKUNK A final da taça acabou como acabou. O Arsenal bateu um recorde de 115 anos em Inglaterra (o que me diz bastante mais).O futebol serviu de pretexto para estar com os meus amigos numa non-stop eating and drinking spree. E é só isso que conta.

sexta-feira, maio 14, 2004

RAZÕES PORQUE NÃO SOU ATEU (E PODIA SER BUDISTA),Nº4:LEONARD COHEN

terça-feira, maio 11, 2004

Gosto muito de tango. Gosto muito de muitos tangos. Mas tenho um favorito,que hoje, estranhamente , se confunde com a minha a vida.É sempre assim, talvez. Para B.

EL DIA QUE ME QUIERAS (excerto)
Letra:Alfredo LePera
Música: Carlos Gardel

El día que me quieras
la rosa que engalana
se vestirá de fiesta
con su mejor color.
Y al viento las campanas
dirán que ya eres mía,
y locas las fontanas
se contarán su amor.

La noche que me quieras
desde el azul del cielo,
las estrellas celosas
nos mirarán pasar.
Y un rayo misterioso
hará nido en tu pelo,
luciérnaga curiosa que verás
que eres mi consuelo.

El día que me quieras
no habrá más que armonía.
Será clara la aurora
y alegre el manantial.
Traerá quieta la brisa
rumor de melodía.
Y nos darán las fuentes
su canto de cristal.

El día que me quieras
endulzarán sus cuerdas
el pájaro cantor.
Florecerá la vida,
no existirá el dolor.

La noche que me quieras
desde el azul del cielo,
las estrellas celosas
nos mirarán pasar.
Y un rayo misterioso
hará nido en tu pelo.
Luciérnaga curiosa que verás
que eres mi consuelo.
MANDAMENTOS DO HOMEM COM DÍVIDAS "Perceberás que algo vai mal quando o único cartão que receberes pelo correio seja o do Toys'R'Us"

domingo, maio 09, 2004

O ÚNICO POST POSSÍVEL DO DIA

BRIOOOOOOOOOOOOOSAAAAAAAAAA!!!!!!!!!

sexta-feira, maio 07, 2004

Come Back To Camden é uma balada à antiga. Épica, de coração nas mãos e uma ligeira esperança desesperada, a triste ironia de quem tem saudades e sabe que esse é o seu único destino. E acaba com uma promessa patética de linda, inalcançável que sabemos que nunca se irá cumprir mas que é realmente o que a nossa alma quer oferecer.
Come Back To Camden, do último disco de Stephen Patrick Morrisey, é vintage Morrissey. Ouvir em repeat mil vezes. Ou, enquanto o disco não chega, saboreá-la aqui.

Come Back To Camden

There is something I wanted to tell you,
It's so funny you'll kill yourself laughing
But then I, I look around,
And I remember that I am alone, alone. For evermore


The tile yard all along the railings,
Up a discoloured dark brown staircase
Here you'll find, despair and I,
Calling to you with what's left of my heart, my heart, For evermore

Drinking tea with the taste of the Thames,
Sullenly on a chair on the pavement
Here you'll find, my thoughts and I,
And here is the very last plea from my heart
My heart. For evermore,

Where taxi drivers never stop talking
Under slate grey Victorian sky,
Here you will find, despair and I
And here I am every last inch of me is yours, yours. For evermore

Your leg came to rest against mine,
Then you lounged with knees up and apart
And me and my heart, we knew, We just knew. For evermore

Where taxi drivers never stop talking,
Under slate grey Victorian sky
Here you'll find, my heart and I,
And still we say come back, come back to Camden
And I'll be good, I'll be good, I'll be good, I’ll be good





quarta-feira, maio 05, 2004

DIA DE PESCA No mui interessante Paragem de Autocarro encontrei, a propósito de um post sobre lugares do afecto, esta pepita:«Regressar é um imperativo sentimental».

Gosto e preconizo.Assim, isolado como um aforismo, verdade absoluta e privada.
TEASER Fixai este verso: "The pleasures I seek are far too discreet for me"...Já está ? Ireis encontrá-lo numa canção feita para um disco português a sair daqui a algum tempo...
CEMITÉRIO DOS PRAZERESDe um post do Chalabi_red:

Programa do Festival de Lisboa para 18 de Julho

Deep Purple
Status Quo
Cheap Trick
Scorpions

Será 18 de Julho de 1982???


e pede-me ele um comentário a isto.Eu sei lá!! Depois dos Doors, agora com os MC5 (que têm o guitarrista e o vocalista mortos e os restantes membros da banda em sério risco), este belo país está cada vez com maior vocação para cemitério de elefantes.

terça-feira, maio 04, 2004

MOMENTO PAUL AUSTER DU JOUR O Carlos Cruz vai para casa. Eu também.
É CULTURA, ESTÚPIDO! Fim de tarde de uma sexta-feira, redacção de uma revista nacional de referência .Com as suas tarefas cumpridas, os elementos da secção de Cultura debatem:

- Vocês já viram os golfinhos do Ganges ?

- Não há golfinhos no Ganges.

-Há sim senhora.Se há no Sado,porque é que não havia de haver no Ganges?

-E são um sub-género. Eu vi ontem num documentário.

- Sobre golfinhos do Ganges ?

-Sobre natureza. E comem membros humanos de cadáveres que apodrecem no rio.

-Que horror, que nojo!

-Também acho. Não sei como é que alguém se pode lavar naquele rio.

-Fiz a pesquisa na net e já vi os golfinhos. São giros.

-E vocês sabem qual é o maior acelerador da Natureza?

-Não. Quem, quem ?

-A pulga. Dá saltos desproporcionais para o seu tamanho. Só que é cega.


Às vezes adoro a minha profissão.
PEQUENOS ERROS QUE ADORO ODIAR A expressão "um dia solarengo" pela correcta "um dia soalheiro". Adoro imaginar um dia com a nobre fachada das casas fidalgas do Norte do país...

sexta-feira, abril 30, 2004

RAZÕES PORQUE NÃO SOU ATEU,Nº3:SINATRA!

VERSO MAIS DIVERTIDO OUVIDO RECENTEMENTE "É natural como a prenda de Natal".Tropical Roots,ao vivo no Frágil, 28/4/04

quarta-feira, abril 28, 2004

I NEED THE EGGS Eis um trecho que sempre me guiou ao longo da vida, sobretudo nos momentos mais dificeis.Enjoy.

"I-I thought of that old joke, you know, this-this-this guy goes to a psychiatrist and
says, "Doc, uh, my brother's crazy. He thinks he's a chicken." And, uh, the doctor says, "Well, why don't you turn him in?" And the guy says, "I would, but I need the eggs." Well, I guess that's pretty much how how I feet about relationships. You know, they're totally irrational and crazy and absurd and ... but, uh, I guess we keep goin' through it because, uh, most of us need the eggs."


in Annie Hall (1977), escrito por Woody Allen e Marshall Brickman, realizado por Woody Allen
PAREM AS MÁQUINAS! O novo disco de Morrissey é o melhor desde Viva Hate! O homem parou e percebeu que deve fazer o que faz melhor:canções com letras aforísticas e emocionais. Neste momento, no meu top pessoal, entrada directa para I Have Forgiven Jesus.

terça-feira, abril 27, 2004

RAZÕES PORQUE NÃO SOU ATEU,Nº5:GENE TIERNEY


INVENTÁRIO PESSOAL DO MOMENTO Há incertezas, nuvens, transgressões a nós próprios.Há sobressaltos, medos, especulações, intolerâncias a controlo remoto.Há alegrias,euforias, disforias, violência e pacificação.
Há guerra, orações, silêncio e quezília, festa e solidão.Há céu, mar, vazio, invasão insuportável, tudo sem justificação objectiva.Há antecipação.Há estes sintomas e mais outros, a que aspiramos mas que receamos.Que reconhecemos mas, se tudo correr bem, haveremos sempre de desconhecer.
'TÁ-SE BEM...no segundo círculo, Carla.Pelo menos sempre tenho a companhia da Cleópatra e da Helena de Tróia. Alguns bares de Lisboa não têm tantas mulheres bonitas, ainda por cima ready and willing...E aposto que o Dário também não se queixa...Um abraço para a ilha, de que tenho muito boas recordações.

segunda-feira, abril 26, 2004

ESTES TESTES ESTÃO CADA VEZ MAIS CERTEIROS...

The Dante's Inferno Test has banished you to the Second Level of Hell!
Here is how you matched up against all the levels:
LevelScore
Purgatory (Repenting Believers)Moderate
Level 1 - Limbo (Virtuous Non-Believers)Very Low
Level 2 (Lustful)Very High
Level 3 (Gluttonous)High
Level 4 (Prodigal and Avaricious)Moderate
Level 5 (Wrathful and Gloomy)Low
Level 6 - The City of Dis (Heretics)Very Low
Level 7 (Violent)Moderate
Level 8- the Malebolge (Fraudulent, Malicious, Panderers)High
Level 9 - Cocytus (Treacherous)Low

Take the Dante's Inferno Test
DAVE BARRY NO SEU MELHOR De um dos melhores colunistas de humor do mundo:It's wedding season again.You can tell because the average bridal magazine weighs more than the average bride".O resto pode ler-se aqui.
ESTA SEMANA, EM AUDIÇÃO CONTÍNUA... Talvez seja uma reacção aos Franz Ferdinand.Mas suspeito que tem mais a ver com o sol e outras circunstâncias recentes. A verdade é que voltei ao disco estreia dos Orange Juice, You Can't Hide Your Love Forever, editado no longínquo ano de 1982 e que tanto contribuiu para a minha educação sentimental. Contém Falling And Laughing, uma das mais bonitas e espontâneas canções sobre dilemas de paixões adolescentes. O vozeirão desafinado de Edwin Collins, as guitarras à Byrds e Velvet Underground, a inocência que se perdeu....ou voltou.

Falling And Laughing

You may think me very naive
Taken as true
I only see what I want to see

Avoid eye contact at all costs
What can I do
To see your fine teeth smiling at me

I'm not saying
That we should build a city of tears
All I'm saying
Is I'm alone and consequently
Only my dreams satisfy the real need of my heart
I resist

You say that there's a thousand like you
Maybe that's true
I fell for you and nobody else
So I'm standing here so lonely
What can I do
But learn to laugh at myself

I'm not saying
That we should build a city of tears
All I'm saying
Is I'm alone and consequently
Only my dreams satisfy the real need of my heart
I resist


Fall falling falling again
Cos I want to take the pleasure with the pain
Fall falling - falling again
Cos I want to take
The pleasure with the pain
Falling and laughing
Falling and laughing
Falling and laughing
Falling and laughing

Edwin Collins, 1981

NB:Corrigi a primeira versão da letra, que estava incorrecta.Obrigado ao Mário que me concedeu a letra como deve ser. De facto assim faz sentido.Eu sabia que aqui havia gato...
CONFISSÃO CRÍPTICA, A QUEM POSSA INTERESSAR Este ano apercebi-me da melhor maneira que sou cada vez mais- e asseguro-vos, não por razões ideológicas - um rapaz do 24 de Abril.
UM POUCO DE BOLA É verdade que o Barcelona deu uma alegria (das poucas esta época) ao meu amigo Chalabi e para mim, mais uma resignação triste. Mas, por outro lado, a Briosa ganhou um jogo importante e, no berço do mundo civilizado, o Arsenal foi campeão.Two out of three ain't bad.
É TÃO BOM SER MONÁRQUICO Não percebo tanta gritaria:claro que a medalha oferecida à Dra.Isabel do Carmo pela República Portuguesa só tem a ver com o seu notável contributo na área da Endocrinologia, em que é especialista. Tudo o resto - a defesa e divulgação da luta armada, as suspeitas de participação e organização de actividades bombistas - pertencem à tal "convivência de sensibilidades" que o dr.Sampaio acha que simbolliza o 25 de Abril.Tanta convivência, tão pouco tempo...

quinta-feira, abril 22, 2004

E PARA HOJE TEMOS...

Home is so sad

Home is so sad. It stays as it was left,
Shaped in the comfort of the last to go
As if to win them back. Instead, bereft
Of anyone to please, it withers so,
Having no heart to put aside the theft.

And turn again to what it started as,
A joyous shot at how things ought to be,
Long fallen wide. You can see how it was:
Look at the pictures and the cutlery.
The music in the piano stool. That vase.

Philip Larkin

quarta-feira, abril 21, 2004

MY FEELINGS, EXACTLY «Dizem que Deus quando fecha uma porta abre uma janela:dizem, com um sorriso, que fica no nono piso.» A Flor da Vida, a Arte do Encontro, Etc Etc - Quinteto Tati

segunda-feira, abril 19, 2004

YOU CAN'T KILL WILL (ou depois de ler as declarações de Omar Bakri Mohamed, "teórico" da Al-Quaeda)

"But thoughts, the slaves of life, and life, time’s fool,

And time, that takes survey of all the world,

Time must have a stop.” Henry IV, Shakespeare

sexta-feira, abril 16, 2004

AH, SE EU PUDESSE... estar em casa a ouvir em modo repeat e de dry martini em riste, a versão de Nearness Of You deste senhor.

PODER Estive a reler o famoso poema de Vinicius, onde ele clama "eu quero a mulher que passa". E logo percebi a distância que nos separa, destino eterno de quem sempre foi escolhido:eu quero a mulher que posso.
A VIDA É DIFICIL, SEMPRE FOI Por vezes - muito poucas - tenho uma atitude saramaguiana perante as escolhas da minha vida: acho que devia votar em branco.
Este é um dos meus problemas:quando estou perdido, não escolho caminhos- reúno todos os que percorri.

quinta-feira, abril 15, 2004

SAUDAÇÕES DESPORTIVAS 1.Inês, não há nada que agradecer. Quem faz, faz. Agora, mais uma citação a referências (vou-me fustigar 10 vezes por ter usado esta palavra, mas I'm so sick and tired...) que me são preciosas - como o Some Came Running, que contém os melhores desempenhos dos Mestres Sinatra e Martin e um dos melhores de Shirley MacLaine - , onde é que eu ia ? Ah sim: mais uma e tenho a certeza que me conhece desde pequeno.

2. Olá, Paulo!

terça-feira, abril 13, 2004

I'M A STRANGER HERE MYSELFCom a epígrafe mais aplicável aos bloggers que até agora vi- a famosa fala de Blanche DuBois no Um Eléctrico Chamado Desejo - acabou de abrir um blogue correctíssimo e com um nome que muitos de nós partilham. My Moleskine. Monty Python, Ruy Belo e Tenessee Williams nos primeiros dias só pode ser bom. Dá-lhe, Blanche. E o caminho é por aqui.

segunda-feira, abril 12, 2004

QUANDO OS REFRÕES SÃO A NOSSA VIDA "It's been a bad day/please, don't take a picture". REM

quinta-feira, abril 01, 2004

NOTE TO SELF Parar de acreditar.
O MUNDO ESTÁ SALVO PORQUE AINDA HÁ BOAS LETRAS DE CANÇÕES Como por exemplo: "Aos vinte e três anos/já não faço planos/Para quê fazer?//Vivo da esperança da vaga mudança/que nunca irá acontecer"; ou "Ai, a graça do amor!/Já não vou trabalhar..."; ou "A vida é dificil./Sempre foi". Tudo isto está disponível no primeiro disco do Quinteto Tati, projecto de Sérgio Costa e JP (misteriosamente chamado de "gêpê") Simões, que chega lá para o fim do mês. Se não é um dos discos tugas do ano, não sei o que será.
AFORISMOS PARA BLOGGERS FANÁTICOS,#25 A vida é o que acontece entre dois posts.

segunda-feira, março 22, 2004

O QUE MORRISSEY NUNCA CONSEGUIRÁ ESCREVER (NEM NINGUÉM) Regresso ao que é certo e que nunca falha:Camões.

No mundo quis um tempo que se achasse

No mundo quis um tempo que se achasse 
o bem que por acerto ou sorte vinha; 
e, por experimentar que dita tinha, 
quis que a Fortuna em mim se experimentasse. 

Mas por que meu destino me mostrasse 
que nem ter esperanças me convinha, 
nunca nesta tão longa vida minha 
cousa me deixou ver que desejasse. 

Mudando andei costume, terra e estado, 
por ver se se mudava a sorte dura; 
a vida pus nas mãos de um leve lenho. 

Mas (segundo o que o Céu me tem mostrado) 
já sei que deste meu buscar ventura, 
achado tenho já, que não a tenho. 
THAT JOKE ISN'T FUNNY ANYMORE Convidaram-me há pouco para ouvir o novo disco de Morrissey, ídolo e cúmplice antigo. Vou, mas tremo.
FOI TÃO BOM, NÃO É ? O single destes rapazes, com quem, confesso, tenho algumas cumplicidades, é o melhor tributo que se fez aos New Order (sem o baixo de Peter Hook e com uns loops de teclas a la Happy Mondays). E isso não é mau. Além disso, tem, para já, o melhor refrão do ano:"Pills, sex and a hardbeat/and it's back to discos, back to discos".

sexta-feira, março 19, 2004

NEGRO Cheguei hoje de Madrid.Nunca pensei que uma cidade inteira pudesse ficar triste.

segunda-feira, março 15, 2004

OH, THOSE FROGS Tenho para mim que um povo se define colectivamente por aquilo de que se ri. Ora isto é assustador quando vejo que foi lançada a filmografia integral de Louis de Funés, o paradigma dos cómicos para os gauleses. Relembro com horror títulos como "O gendarme em férias" ou o sempieterno "O gendarme em St.Tropez", essa Torre Eiffel do cabotinismo e da piada fácil. E regresso às minhas teorias de jovem universitário, quando com o meu grupo de anti-francófonos proclamávamos que Paris deveria ser a "nova Atlântida" ou que Allo, Allo era uma série de não-ficção. O paroxismo desta atitude chegou nas meias-finais do Europeu de futebol ,em que perdemos ingloriamente com a França por 2-1. Houve um amigo que ligou para a RTP, mal o jogo acabou, exigindo que "por respeito ao serviço público" fosse passado, de 15 em 15 minutos, imagens do exército alemão a desfilar sob o Arco do Triunfo, perante o desalento dos parisienses. Ah, giovanezza, giovanezza...
ELECCIONES As eleições espanholas foram as primeiras em que uma tragédia interferiu no bom senso, o coração acima da razão. O pedido desesperado de respostas, que ninguém poderia dar , por motivos óbvios, fez falar a dor primeiro. Daí que se castigue, circunstancialmente, quem está no poder. Por acaso, o PP. Aznar não poderia ter feito mais do que fez.E é evidente que o governo está a esconder alguma coisa, como qualquer governo faria em questões de segurança nacional. A vitória da esquerda é por isso triste, e o Bambi deverá viver com isso para o resto do mandato (se bem que a escolha do sucessor de Aznar tenha deixado muito a desejar). A cidadania falhou:ao contrário do que apregoam eufóricos os jornais de esquerda - que são quase todos - a maior manifestação de cidadania seria unir fileiras em torno do governo que estava em funções - fosse de esquerda ou direita - e não fazer uma inoportuna alternância. Mas vá lá explicar-se isso a quem sentiu de perto a mortandade

sexta-feira, março 12, 2004

quinta-feira, março 11, 2004

LISTAS DE COISAS PARA NÃO DIZER NO SNOB (AFAMADO BAR LISBOETA DE JORNALISTAS )

1."O 24 hORAS" é o melhor jornal português".

2."Eu não escrevi isto".

3." A classe jornalística está muito sobrestimada".

4. "Nunca tinha pensado nisso".

5."Não sei quem é".
MADRID ME MATA Não me apetece sequer falar dos atentados madrilenos. Mas parece que o debate blogosférico sobre a pena de morte continua. Eis mais uma contribuição.
O REGRESSO DO FILHO DO TRADUÇÃO SIMULTÂNEA Em forma outra vez para escrever. Muitas coisas se passaram, umas boas e outras más, mas todas incompatíveis com a palavra. Há um pudor que tem de ser mantido, por motivos terapeuticos e de pura justiça. Agora, aí vamos nós outra vez.Para quem esteja interessado, favor enviar sugestões para a caixa de correio.

sexta-feira, fevereiro 06, 2004

LARKIN!

Love,we must part now:do not let it be
Calamitous and bitter.In the past
There has been too much moonlight and self-pity:
Let us have done with it:for now at last
Never has sun more boldly paced the sky,
Never were hearts more eager to be free,
To kick down worlds, lash forests;you and I
No longer hold them;we are husks, that see
The grain growing forward to a different use.

There is regret. Always, there is regret.
But it is better that our lives unloose,
As two tall ships, wind-mastered, wet with light,
Break from an estuary with their courses set,
And waving part, and waving drop from sight.
«I HAVE 8.000 WORDS FOR BREASTS. AND COUNTING»* A história da maminha à mostra de Janet Jackson é um acepipe para os cultores da teoria da conspiração. Segundo as últimas notícias, a canção que serviu de fundo ao «incidente» (e cujo o nome felizmente não me recordo) passou a ser a mais retirada da Internet. Por causa de uma maminha.É por estas e por outras que vejo o Fernando Rocha como um génio do marketing.

*citação de Jeff, um dos personagens da série Coupling

quarta-feira, fevereiro 04, 2004

COISAS PARA FAZER EM LISBOA DEPOIS DE MORTO 1:COMPREENDER OS OUTDOORS DO PARTIDO SOCIALISTA Todos os habitantes de Lisboa já depararam com eles: uma criança com ar choroso e ansioso pergunta, em balão de BD, "Pai, mãe, quando é que me vêm buscar?". Ao lado, uma foto de um inexpugnável engarrafamento sugere-nos a resposta:"Vai demorar, filhinha". Mas o apogeu é conseguido com o vocativo em interrogação, dedo espetado em riste:"Ouviu, dr. Santana Lopes?".
Nem vou falar dos erros de marketing político óbvios que este extraordinário cartaz carrega - o maior dos quais é dar justamente notoriedade a Santana Lopes. E não falo porque há mais para dizer: para quem está constantemente a esticar o pescoço e atacar outros de demagógicos e populistas, este cartaz cai como ginjas. Uma criancinha a chorar pelos pais (e acreditem, eu tenho filhos e sei a angústia que é), atrasados por obra e graça do maléfico Santana - como todos sabemos o inventor dos engarrafamentos lisboetas. Se isto não é demagógico e populista, não sei o que será.
Não sou particular adepto dos ridiculos esforços publicitários do autarca. Aqueles "Já reparou ..." são para rir. Agora isto toca as raias do absurdo, para não dizer incompetente. Santana deve estar a esfregar as mãos de contente.

sexta-feira, janeiro 30, 2004

SAY CHEESE! De quando em vez saúdo com alegria o aparecimento de alguém que nos faz lembrar como tudo é frágil na música pop.Mesmo as melhores canções - as que julgamos fortalezas, sagradas - podem ser destruídas em questão de segundos. Às vezes dói - o que não faria eu se alguém me assassinasse o Dress Rehearsal Rag, do Leonard Cohen ? -, mas serve como exercício de auto-ironia e sobretudo, de humildade. Afinal, a história das canções - da evolução cultural ? - é feita sobre sucessivos parrícidios e consequentes ressurrreições.
Tudo isto para dizer que graças à simpatia do Fernando Alvim, conheci mais um pequeno herói:Richard Cheese.É fancaria no seu melhor, Las Vegas levada ao paroxismo musical, dry martinis e smokings pela noite fora - e isso é muito bom. Com uma alegre crueldade, Cheese desmembra canções icónicas como Closer, dos Nine Inch Nails, ou, hum, Material Girl de Madonna, e transforma-as em néon e plástico , assim revelando a sua fragilidade. Muito bem ajudado pelo seu combo de eleição - os aptamente chamados Lounge Against The Machine - , Cheese monta um espectáculo feito de inteligência e humor. Os mais sortudos podem vê-lo hoje no Via Rápida, no Porto;os outros podem conhecê-lo aqui. Peguemos então nos shakers e, de copo na mão, lancemos o grito de guerra:LOUNGE AGAINST THE MACHINE!



quinta-feira, janeiro 29, 2004

AINDA A MORTE NO ESTÁDIO Pergunto-me o que terá a dizer disto o autor do meu blogue favorito ?

segunda-feira, janeiro 26, 2004

E LEMBREI-ME..."Vida intensa e breve, pensou a lebre, correndo sobre as ervas do mundo" José Agostinho Baptista
SUBSÍDIO PARA O ABSURDO "Os atletas de alta competição também morrem.Senão também eu queria ser atleta de alta competição". Valentim Loureiro
SUBITAMENTE, EM GUIMARÃES A vida é um absurdo ? Não:a morte é que é.

sábado, janeiro 17, 2004

É UM PÁSSARO? É UM AVIÃO? NÃO, É O CARTEIRO! Compreendo perfeitamente os momentos de júbilo sentidos pelo meu querido amigo MacGuffin quando chega a encomendazinha da Ilha, com a marca da Amazon. O carteiro é o Pai Natal dos adultos esclarecidos. E se escrevo isto é porque ainda estou a tremer de felicidade pela última remessa de guloseimas que me chegou:os DVD's da terceira série de Coupling, da segunda de The Office (cada vez mais brilhante) e sobretudo um Best Of de One Foot in The Grave, que tem como personagem um dos meus heróis pessoais - o intratável Victor Meldrew. Imagine-se um Basil Fawlty reformado e eternamente contra mundum. O mundo, por outro lado, vinga-se nele, fazendo com que caiam candeeiros de rua na janela do seu quarto ou entreguem em sua casa por engano velhinhas em tratamento ambulatório. Comédia inglesa no seu melhor, com uma canção-tema de Eric Idle (Monty Python). Perfeito para conservadores e cépticos em geral; em Inglaterra, de resto, os jornais criaram um novo grupo sociológico:os Meldrews, pessoas que não aceitam o novo, resmungam constantemente e são no geral muito desagradáveis. Expressão chave:"I don't beliiiiiieeve it!"
OBRIGADO...a todos os que simpáticamente, por mail , referências no blogue ou ambos registaram a ressurreição do Tradução Simultânea. De vez em quando é bom saber que há gente aí fora.

terça-feira, janeiro 13, 2004

DOS ARQUIVOS DO TRADUÇÃO SIMULTÂNEA, 4:O meu caso com Mussolini Quem me conhece sabe que eu sou um pacato defensor do livre-arbítrio, essa pequena oportunidade que nos é dada generosamente para ajudar a este delicado equilibrio sobre o nada que se chama vida. Mas, amigos, no amor…No amor suspiro por um determinismo, que nos poupe a maçadas, que nos ofereça previsões e consolo, que nos roube ao toca-e-foge dos afectos. No amor, digo-o sem vergonha – sou fascista.
A partir de certa altura – certa idade ? – suspiramos por uma ditadura, um regime autoritário que diga ao nosso coração:"é desta que vais gostar". E melhor ainda: "é essa que vai gostar de ti".
Admito até a hipótese do amor não correspondido: "Vais adorar essa mulher, mas ela não te vai ligar pêva. E tu, mesmo assim, vais insistir, mesmo sem esperança".
A sério.Era mais justo. No que respeita ao amor não correspondido, já passei por vários. Mas de facto, é uma dor privada e segura, como diz o Alain de Botton no Essays In Love, e mil vezes mais fácil do que o amor correspondido, que nos deixa atarantados. Além deste axioma, e nesta matéria, existe sempre a canção exemplar do Glad To Be Unhappy, com letra do maior génio das palavras em melodias, Lorenz Hart. Vêde o que ele diz:

Unrequited love’s a bore
And I’ve got it pretty bad.
But for someone you adore,
It’s a pleasure to be sad.

Aqui está: é uma dor intima, auto-gerida, mas que no fundo nos dá o prazer de saber que somos capazes de amar.
O pior vem quando inesperadamente elas dizem sim. "Sim"? Como, sim?", perguntamo-nos nós aterrorizados. Estava tudo muito bem quando ela era a nossa deusa – distante, omnipotente, perfeita, concebida para a adoração. Mas quando ela diz sim, desce ao nosso nível – ou nós temos de subir ao dela. E isso é estranhíssimo, e pode levar aos maiores equivocos.
É por isso que seria mais fácil se um metafísico ditador benigno – género Mussolini – se encarregasse de tudo, avisasse e não nos deixasse quaisquer opções. O mundo ficaria livre de crimes passionais e pouparia a muita gente tempo e angústias. Meu Deus, porque nos reservaste o livre-arbitrio para as piores ocasiões ?

escrito a 13 de Janeiro de 2004
O TEMPO, ESSE GRANDE ESTUPOR Concordemos, por um minuto, que estamos no ano 2004. Dois mil e quatro, amigos. Por outro calendário que não o gregoriano estariamos mortos. Mas isso agora não interessa nada. A história que vos quero contar passou-se ainda no ano passado. Alguns amigos inconscientes acharam que os meus discos poderiam dar alegria aos clientes de um bar. E assim, eu e um amigo dirigimo-nos a Alcobaça, prontos a demonstrar o melhor que aprendemos da nossa vetusta idade.Leia-se: um set de revivalismo eighties esclarecido.
Para o que não estávamos preparados foi para receber criaturas que julgávamos perdidas em 84.Mas estavam lá, com pouco mais de vinte anos, vestidas de negro e com uma pergunta recorrente e lapidar, depois de termos passado Joy Division:"Não há mais Joy for the boy?".
E se vos conto isto é porque ainda acordo a meio da noite.
O LETREIRO NA PORTA DIZ "ESTAMOS ABERTOS".