AGORA, EM CASA O que fica das viagens? Normalmente o que não se pode dizer, o que não se pode traduzir. E quanto maior o prazer, mais cresce alegremente esse indizível, essas impressões egoístas que se fecham em nós para nunca mais de lá sairem, por impossibilidade e escolha. Depois de nove dias atravessando três diferentes fusos horários, muito é o que me fica. O que posso dizer, di-lo-ei no local apropriado, que é para isso que me pagam. Aqui, apenas postais rápidos, esquissos de uma jornada com amigos:a constatação em Londres que a generosidade sem juros existe, os espectáculos dos The Gift em que a Sónia se transformava e ficava maior do que a vida, independentemente do publico ou da sua ausencia, as saudades terríveis de tudo o que deixei do outro lado do mar, o partilhar o Dia de Acção de Graças numa casa luxuosa em Beverly Hills, das que só aparecem no cinema, o Miguel a cantar electroclash, a expressão operativa "cói-cói", um resto de pronúncia alcobacense que ainda me domina, a certeza de que Nova Iorque é uma cidade onde gostaria de passar um período da minha vida, as minhas quase-lágrimas cada vez que era tocada a canção An Answer, que dói de bonita, o circo maravilhoso de Hollywood, as personagens que conheci, os horários infra-humanos, a alegria cansada das madrugadas na carrinha, com tudo a rir sem ter dorimido, a expressão "espetacolher!!", a versão intransmissivel do Nuno para a música Ruínas, do Rodrigo, a vontade de repetir, o abraço do regresso.
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