quinta-feira, julho 17, 2003

VOLTO JÁ Farei aqui um interregno. Vou ali a Vigo e já venho, para ver um concerto do Rodrigo Leão que, cumulativamente, assume a grande dificuldade de ser um dos meus melhores amigos. Domingo voltarei às lides, depois de um fim de tarde a perorar live na FNAC Cascais sobre...o Rodrigo Leão. (I'm a self-promoting bastard, aren't I ?)
HÁ PALAVRAS QUE NOS FALTAM E não beijam, como dizia O'Neill. Mas são melhores porque nos dizem o que não conseguimos escrever, só sentir. Estas são do Pedro, mas ao lê-las, são minhas também.

"LUGARES MARCADOS Devíamos mudar de nome e de nacionalidade quando os amores terminam. Os amores deixam pegadas nos sítios por onde passam; território proibido que não se apaga."
LISBOA, 00:45 AM Um bar, no Bairro Alto. Um casal de namorados, rondando os vinte anos. Conversam:
Ela (sorriso, tom maroto): Tu gostas de mamas grandes....
Ele: Não gosto delas pequenas. Isto responde à tua pergunta ?

Que venha o Armagedeão. Estou preparado.

quarta-feira, julho 16, 2003

RECADOS EM ATRASO E UMA SUGESTÃO Há coisas que uma pessoa tem como certas e que mais tarde se apercebe que ainda não as fez. foi o que me aconteceu ao não dar as boas vindas, a tempo e horas, ao Manuel Falcão, que costumo ler diariamente. Olá Manel ! Espero encontrar-te logo no São Luiz (às 22 horas) , onde irá cantar o único cantor de jazz nacional: o Kiko, que entretanto lançou um muito interessante primeiro disco: Raw. Vão ver, que não se arrependem.
HÁ ESPERANÇA ! Sei pela regressada Charlotte (pede ao teu marido que cante e dance o Make'em laugh, do Singin' in the rain: não há tristeza que resista) da existência de outro blogue de inspiração santoantonina: o Procuro Marido. É divertido, mas de facto perigoso: é que, querida Amélia, ao dizer que gosta do Júlio Isidro (e juntar uma foto do rapaz), está a dar esperança a milhões de homens, eu incluído.
KINDRED SOULS Fiquei especialmente satisfeito por ler que o Pedro Mexia não só nutre simpatias monárquicas (de que eu nunca suspeitaria ) como também partilha a minha desoladora visão da maioria dos folclóricos monárquicos portugueses. O Barrilaro dizia: "O que nos vale é que somos mais do que eles (republicanos convictos)", e essa verdade ainda se mantém. Agora, Pedro: vê lá se me linkas, homem, que até na tua crónica do jantar da UBL fui o único orfão de link! Eu quero ver este contador dar mais voltas do que uma slot machine de Las Vegas em noite de Frank Sinatra!

terça-feira, julho 15, 2003

HENRIQUE BARRILARO RUAS, IN MEMORIAM Fui hoje surpreendido com a notícia da morte do Professor Henrique Barrilaro Ruas. Ainda há pouco tempo eu rejubilava com os seus escritos, aqui na blogosfera. O Professor Barrilaro Ruas foi dos homens mais sábios, cultos, íntegros e Portugueses que tive o privilégio de conhecer e conviver. Com um imenso conhecimento de História, da Língua Portuguesa e da obra de Camões - é notável a edição anotada que fez aos Lusíadas -, o Professor Barrilaro Ruas era também um homem político que vivia um principio já anacrónico e reservado para os livros de cavalaria: a Honra.
Se hoje digo que sou monárquico, a ele muito o devo. Foi ele que me abriu os olhos para as vantagens do regime para Portugal e a falácia que era comparar a Monarquia com a ausência de Democracia (falácia, de resto, cultivada por todos os presidentes da República Portuguesa, com destaque para Mário Soares). Barrilaro Ruas foi um lutador, que ficou ao lado da oposição democrática ao regime de Salazar e Marcelo Caetano. Foi perseguido. Católico devoto, juntou a fé ao pensamento e à acção.
Quando fez parte do Directório do Partido Popular Monárquico (juntamente com Luís Coimbra e Gonçalo Ribeiro Telles) foi a única vez que terei sido tentado a filiar-me num partido político.
A sua acção politica e cívica nunca parou, quer em artigos (escrevia maravilhosamente - recordo um texto que lhe pedi sobre as tradições Santoantoninas lisboetas para a revista das Festas de Lisboa, que eu editava e era dirigida por Miguel Portas!), quer em associações como o Movimento Alfacinha. Lembro-me ainda da sua voz pontuada, de dicção límpida e quase teatral, que fascinava todos os que tiveram a sorte de o ter como docente. Não vou cair na frase fácil do "o país está mais pobre". Gostava que se lhe reconhecesse o mérito. Por mim, vou sentir a sua falta.

Nuno Miguel Guedes
A BOA ACÇÃO DO ANO Recebi um simpático mail d'O Cozinheiro, reconhecendo-me como padrinho involuntário do seu excelente blogue. Parece que tudo começou com uma conversa que tive com um amigo e colega de redacção, e onde ele me manifestou o desejo de iniciar um blogue gastronómico. Ora eu, que não sou insensível a esta matéria, adorei a ideia. O resultado lá está, mérito exclusivo do Francisco e da sua brilhante prosa e banda sonora culinária. Mas lá que estou um bocadinho orgulhoso, ai isso estou.

segunda-feira, julho 14, 2003

A PROPÓSITO DE CAMUS Não compreendo bem as leis que regem as «redescobertas» ou as «releituras» que subitamente atacam muita gente. Sei é que me submeto a elas, primeiro pensando ser original e depois descobrindo que meio mundo anda a fazer o mesmo. Foi o que aconteceu com Camus: acabei de reler O Homem Revoltado, voltei ao O Estrangeiro e reparo pela blogosfera que são vários os que discutem o mesmo. Até um cantor de jazz que entrevistei na passada semana me falava d'A Peste.
Bom: eu não sou suspeito de modismo . O Estrangeiro sempre foi um dos meus livros favoritos - embora tenha passado de um existencialismo do absurdo para uma perspectiva mais Greeneana das coisas -, e um paper que fiz no meu primeiro ano de faculdade, para a cadeira de Inglês (!) está em casa para o provar. O que me levou a procurar a banda sonora do tempo, onde claro, estão os The Cure, com Killing An Arab. O que não vem na letra é o sussurro de Robert Smith, quando diz "I'm Mersault". Nesses anos, todos o éramos.
PORQUE SERÁ ? Não sei porquê, mas todos os anos o 14 de Julho me provoca uma comichão estranha, um mal-à-l'aise, um je-ne-sais-quoi que me incomoda...
DIÁLOGO RECUPERADO DA SEMANA Do filme 'Bananas', de Woody Allen (1971)

Fielding/Allen: What do you mean I'm imature ? In what ways ?
Nancy/Louise Casser: Emotionally, sexually and intelectually.
Fieding/Allen: Yes, but in what other ways ?
SEGUNDO POEMA, PARA OUTRA DEDICATÓRIA DIFERENTE

DAWN
To wake, and hear a cock
Out of the distance, crying,
To pull the curtain back
And see the clouds flying -
How strange it is
For the heart to be loveless, and as cold as these.

Philip Larkin
PRIMEIRO POEMA, COM DEDICATÓRIA DEVIDAMENTE IDENTIFICADA

Voltas a mote seu

Enforquei a minha Esperança;
Mas Amor foi tão madraço,
Que lhe cortou o baraço.


Foi a Esperança julgada
Por sentença da Ventura
Que, pois me teve à pendura,
Que fosse dependurada.
Um Cupido coa espada,
Corta-lhe cerce o baraço.
Cupido, foste madraço.

Luís Vaz de Camões
A MINHA PÁTRIA É O QUE EU FALO Agora que regressei de terras algarvias - ainda sem a enchente que se espera a partir do dia 15 -, posso contribuir sem qualquer hesitação para a destruição de mais um preconceito: a de que o turista nacional tem de saber falar línguas estrangeiras para ser bem atendido pela restauração algarvia. Esses tempos acabaram. Podemos falar português sem medo - os empregados são todos brasileiros.