quarta-feira, setembro 24, 2003

A POESIA É QUE SALVA O DIA Já tinha saudades de colocar um poema aqui no Tradução. Foi de resto algo que deu um pouco de personalidade ao blogue, quando já há algum tempo, num acesso de extrema modéstia, achei que o universo estaria interessado nas minhas idiossincrassias. Este é um dos meus favoritos, de um poeta que muito admiro e que tive a sorte de ver e ouvir live in Dublin, em 1995. É a mais bonita justificação para o oficio de poeta que conheço.

PERSONAL HELICON, de Seamus Heaney

As a child, they could not keep me from wells
And old pumps with buckets and windlasses.
I loved the dark drop, the trapped sky, the smells
Of waterweed, fungus and dank moss.

  One, in a brickyard, with a rotted board top.
I savoured the rich crash when a bucket
Plummeted down at the end of a rope.
So deep you saw no reflection in it.

  A shallow one under a dry stone ditch
Fructified like any aquarium.
When you dragged out long roots from the soft mulch
A white face hovered over the bottom.
Others had echoes, gave back your own call
With a clean new music in it. And one
Was scaresome, for there, out of ferns and tall
Foxgloves, a rat slapped across my reflection.

Now, to pry into roots, to finger slime,
To stare, big-eyed Narcissus, into some spring
Is beneath all adult dignity. I rhyme
To see myself, to set the darkness echoing.





EU 'TOU A AVISAR Em breve, quando tiver um bocadinho mais de tempo, um post mais longo sobre um desejo de determinismo nos afectos. Mussolini, Hitler e romance, tudo junto ? Ah pois.
COISAS QUE SALVAM Não há nada mais sublime do que alguém que estimamos dizer-nos sinceramente:"Ontem à noite rezei por ti".
CENAS DO MUNDO DA ALTA FINANÇA Eu e os meus sócios fomos ao banco (parece um título da série Anita:"Os sócios vão ao banco"). O sobreamável funcionário começa a explicar detalhadamente as vantagens de um espantoso programa informático de gestão.
O único de nós que conseguiu ficar acordado disse: "Eu não quero isso em minha casa!"
Temos mais hipóteses de ficar milionários jogando uma só vez no Totoloto.
TEOLOGIAS SUBSTITUTAS E STEINER PARA O DIA-A-DIA Sábado à noite, quatro amigos em conversa. Um deles é psicólogo. Alguém quer saber a diferença entre psiquiatra e psicólogo.
-O que é um psiquiatra ?
-Um médico.
-E um psicólogo ?
-Um padre.

segunda-feira, setembro 22, 2003

FIQUEI TÃO TRISTE...Como é que a Charlotte não gosta do sublime The Office ? Vá lá, give it another try...
DISCO DO ANO ? DISCO DO ANO! Já aqui tinha ameaçado, mas digo agora sem vergonha: Want One, de Rufus Wainwright, é o disco do ano. Para quem gosta de canções - melodias que embrulham palavras com principio meio e fim - este é o antídoto perfeito. Como é que se pode misturar Cole porter, Ravel, Schubert, rock, country e sobreviver para contar a história ? As letras são extraordinárias e Dinner At Eight ou Go Or Go Ahead os momentos mais emocionais a que fui sujeito nos últimos tempos. E há a ironia erudita de Wainwright, a todo o vapor:

My phone's on vibrate for you
Electroclash is karaoke too
I tried to dance Britney Spears
I guess I must be getting on my years

ou
Start giving me something
A love that lasts longer than a day

ou
Thank you for this bitter knowledge
Guardian angels who left me stranded
It was worth it, feeling abandoned
Makes one hardened but what has happened to love

ou...
PEDIMOS DESCULPA POR ESTA INTERRUPÇÃO Mas acreditem, se não escrevi por estes tempos é porque não tinha mesmo nada para dizer. Ou não me apeteceu, não sei.