A minha Gaza é em Lisboa
Quando soube ontem que existia uma moção para geminar Lisboa com Gaza pensei que fosse uma má piada. Não era. O Bloco de Esquerda, no seu melhor, avançou com uma moção - já aprovada na Assembleia Municipal - para concretizar este sonho lindo. Não estaria tão indignado se isto não passasse do mesmo folclore de «olhem-para-nós» em que o Bloco é perito. Vê quem quer. Não, promover uma geminação por critérios puramente ideológicos e que reduzem tudo a um maniqueísmo simplista (uma redundância, eu sei) é uma falta de respeito para os munícipes. A história da cidade-mártir também não é para aqui chamada. Há muitas candidatas, se o caso fosse esse. Olha, Hiroshima, Nagasaki. E, atrevo-me, a antiga Estalinegrado. Ou, por mim, Nova Iorque. Ou, só para não sairmos do assunto, Sderot.
O facto de Gaza ser um albergue de terrorismo (e isto não é especulação, como até os mais extremistas defensores da «causa» palestina concordarão) fica bem ligado a uma cidade como Lisboa. Era só o que faltava.
A solução de dois estados de Direito, soberanos e vizinhos, continua a ser a ideal. Adivinhem quem não quer que um dos países exista. Parabéns: Lisboa ficou agora ligada a essa ideia.
*para mais discussão e debate sobre o tema, ver aqui.