Devo dizer que foi um bedelho muito bem metido,
amigo Diogo. Os Von Südenfedd são especialmente queridos aqui da casa, pelo carinho que se tem a um dos seus protagonistas: o enorme Mark E. Smith, o intelectual mais brilhantemente raivoso que a história do rock conhece. E tem o mérito adicional de ser alguém que se riu´no tempo devido de todos os que as bandas hoje em dia incensadas adoram com tanta ausência de talento. Um dos discos do ano, sim senhor.
quinta-feira, julho 19, 2007
quarta-feira, julho 18, 2007
Percebi lindamente o que querias dizer, Ricardo, e agradeço. Não conhecia Mark Murphy e do pouco que ouvi (especialmente a sua rendição do Parker's Mood) concluí que é mais um dos raros casos em que o jazz vem de dentro para fora (ao contrário por exemplo de Ella Fitzgerald). Vou estar atento à imensa discografia do senhor. Mas avanço já que embora goste não se encaixa em mim na perfeição. E que embora estejam em territórios comuns mas ligeiramente diferentes, prefiro os rantings de Elling, juntamente com o seu impecável entendimento das letras. Chega até para lhe perdoar o seu imenso amor à beat generation e ao Kerouac em particular.
Felizmente que não fui ver o último Harry Potter sózinho. A coisa está cada vez mais negra, apesar de Emma Watson/Hermione ter crescido muito correctamente. Mas o que me interessa, apesar dos sustos, é a primeira oração: felizmente não fui ver o último Harry Potter sózinho. E isto, meus amigos, é um projecto de vida.
terça-feira, julho 17, 2007
2007
Atlas, dos Battles. Absolutamente extraordinário. O álbum Mirrored é, com os discos de Wainwright e The National, um dos candidatos aos melhores do ano. E não me ven ham dizer que é prog-rock, porque não é. Se fosse, eu não gostava.
Atlas, dos Battles. Absolutamente extraordinário. O álbum Mirrored é, com os discos de Wainwright e The National, um dos candidatos aos melhores do ano. E não me ven ham dizer que é prog-rock, porque não é. Se fosse, eu não gostava.
segunda-feira, julho 16, 2007
Pois lamento muito, mas podeis ficar com os vossos Interpóis e as moças que querem vingança ou o patético agrupamento carnavalesco que se auto-intitula de Nova Vaga: eu fui ver Kurt Elling e a esperança na música com vida inteligente regressou.
Não digo isto por sobranceria ou em defesa da música que mais gosto, o jazz; digo-o em constatação simples e serena. Não conheço maior gratificação musical que ver quatro executantes soberbos divertirem-se em palco, fazendo apenas o que sabem fazer.
É verdade: Kurt Elling é, salvo melhor opinião, o melhor cantor de jazz de há mais de dez anos para cá (Kevin Mahogany também é enorme, mas tem mais blues na voz. E também por cá passou em estado de graça). O homem tem um espectro vocal impressionante que vai do seu natural registo de barítono para regiões inóspitas nos graves e apenas se notam cautelas nas notas mais altas - a que também chega se for preciso. O seu domínio do scat é extraordinário, a improvisação e o fraseado perfeitos, os textos sobre solos (cantou um sobre um famoso solo de Dexter Gordon) verdadeiros tour-de-force. O repertório vai dos standards às grandes canções esquecidas (My Foolish Heart, do álbum mais-que-perfeito This Time It's Love)passando pela bossa-nova (Rosa Morena, de Caymmi) e muito muito Jobim no original. Neste último aspecto, a sua rendição de Luísa, uma das canções mais complexas de cantar correctamente que conheço foi inexcedível. E ainda por cima o senhor é de uma simpatia anacrónica.
Claro que por melhor que cante nunca poderia alegrar ninguém se não estivesse bem acompanhado:Laurence Hobgood(p), Willie Jones III (bat) e sobretudo Rob Amster (cb) são pessoas que dá gosto ter ao lado. O contrabaixista foi particularmente notável, com dois solos extraordinários em que se revelou mestre da paráfrase e cultor da citação correcta (a Garota de Ipanema metida num medley Berlin/Jobim foi brilhante). Os arranjos de Hobgood são inesperados e deixam Elling brilhar sem artificialismos; na parte interpretativa, gostei da utilização das cordas do piano como guitarra rítmica.
Tudo para dizer que o concerto até nem foi extraordinário. Foi um bom momento de jazz mas sem enormes lampejos de génio. Mas pairou acima de tudo e todos, e pessoalmente valeu a espera de mais de dez anos.
Enfim, mas para que interessará esta conversa se o Sudoeste está aí a chegar com tantas coisas interessantes, não é ? Não, não é.
O melhor post sobre as eleições e estas vidas
está todo aqui, sob o título As impagáveis noites eleitorais do Abrupto.
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