quinta-feira, abril 17, 2003
O meu querido amigo Zé Diogo Quintela pergunta-me, com alguma pertinência, se o rumor que corre sobre a ida de Boloni para o Paris Saint-Germain não reflecte essa caracteristica histórica tão francesa da rendição. Eu acho que sim , com uma agravante: sabendo que o Lazlo é romeno, e sabendo nós de que lado esteve a Roménia na II Guerra Mundial (com os alemães, para os mais distraídos), isto cheira mas é a governo de Vichy all over again.
quarta-feira, abril 16, 2003
Várias pessoas perguntaram-me - okay, uma; pronto, ninguém - o porquê do nick "major". Não tem nada a ver com o exército, nem mesmo com John Major, o político mais humilhado e desprezado do século XX (quem é que conhece uma tira de BD que se publicou em Inglaterra chamada "1000 Uses For A John Major", e que incluía, entre outras utilizações, a de um sinalizador de marcha-atrás?).
Mas divago.
O nome vem de Major Scobie, a personagem principal de um romance de Graham Greene que muito prezo e que se chama The Heart Of The Matter (tradução tola local - O Nó do Problema). Scobie é um comissário da polícia de meia-idade, desterrado numa colónia britânica em África (Sierra Leoa), durante a II Guerra Mundial.É um homem que já desistiu da vida: todos lhe passam à frente nas promoções, não suporta a sua mulher de pretensões literárias que quer sair dali desesperadamente. É um tipo honesto no meio da corrupção generalizada, cuja última ambição é que o deixem em paz. O problema é que confunde piedade com amor, responsabilidade e culpa. Acresce a isto que é católico (céptico é certo), o que lhe vai trazer sérios problemas morais durante o romance. O mais engraçado de tudo, é que no final, quando Scobie se confronta com o seu Deus, a sua piedade e a maneira que encontra de resolver os seus dilemas revelam uma enorme vaidade...Gosto do livro porque é muito mais complicado do que aparenta, como as pessoas. E está muito bem escrito: Greene é um mestre do understatement e faz pensar em três linhas o que um autor francês escreveria em três volumes. Leiam lá o livrinho, que não faz mal. E já podem dizer coisas para major_scobie@hotmail.com, sobre este ou outros assuntos.
Mas divago.
O nome vem de Major Scobie, a personagem principal de um romance de Graham Greene que muito prezo e que se chama The Heart Of The Matter (tradução tola local - O Nó do Problema). Scobie é um comissário da polícia de meia-idade, desterrado numa colónia britânica em África (Sierra Leoa), durante a II Guerra Mundial.É um homem que já desistiu da vida: todos lhe passam à frente nas promoções, não suporta a sua mulher de pretensões literárias que quer sair dali desesperadamente. É um tipo honesto no meio da corrupção generalizada, cuja última ambição é que o deixem em paz. O problema é que confunde piedade com amor, responsabilidade e culpa. Acresce a isto que é católico (céptico é certo), o que lhe vai trazer sérios problemas morais durante o romance. O mais engraçado de tudo, é que no final, quando Scobie se confronta com o seu Deus, a sua piedade e a maneira que encontra de resolver os seus dilemas revelam uma enorme vaidade...Gosto do livro porque é muito mais complicado do que aparenta, como as pessoas. E está muito bem escrito: Greene é um mestre do understatement e faz pensar em três linhas o que um autor francês escreveria em três volumes. Leiam lá o livrinho, que não faz mal. E já podem dizer coisas para major_scobie@hotmail.com, sobre este ou outros assuntos.
Tenho de agradecer encarecidamente à excelsa Charlotte, que recomendou no seu blog aptamente chamado bomba inteligente a leitura destes disparates. O dela é melhor do que o meu, e moralmente superior, acho eu. De qualquer maneira, é generoso, com sentido de humor, cultíssimo(nunca discutam com uma mulher que sabe línguas mortas) e - coisa impensável neste meio de comunicação - sexy. O que é que estão aqui a fazer ?
segunda-feira, abril 14, 2003
Confesso que me irrita a democratização da opinião, de que os blogs fazem parte. Falo contra mim, claro, que tenho pouco para dizer e aqui estou. Gostava do tempo em que cada um falava do que sabia, longe destes períodos em que até os oficiais do exército são distribuidos pelo Estado para irem às televisões. Mas será que ninguém estudou Pareto na universidade ?
Quanto a progresso, sou céptico, a não ser os que dizem respeito à saúde. Aquela frase do Musil: "O progresso é uma coisa tão bonita - se ao menos alguém o pudesse parar" é o meu fato de domingo.
Nota-se muito que sou conservador ? You ain't seen nothing yet, baby...
Quanto a progresso, sou céptico, a não ser os que dizem respeito à saúde. Aquela frase do Musil: "O progresso é uma coisa tão bonita - se ao menos alguém o pudesse parar" é o meu fato de domingo.
Nota-se muito que sou conservador ? You ain't seen nothing yet, baby...