sábado, julho 05, 2003
VERDADE DU JOUR, VERSÃO SPORTSWEAR Leio no Hipatia algo parecido a: "Abro o baú", encontro números da "defunta mas não esquecida revista Kapa", as "conversas de ir ao Bip"...Como antigo editor, membro fundador e afundador da dita revista, ainda me faz confusão que alguém vá ao "baú" buscá-la, nostalgicamente. Mas de repente, enquanto tomava o pequeno-almoço, um adolescente entra no café com uma T-Shirt que grita "The older I get the better I was". Não concordo, mas apeteceu-me executar o imberbe, sumariamente.
quinta-feira, julho 03, 2003
NIGHTHAWKS Esta recente revisitação da pintura de Hopper que chegou a vários blogues (o Critico e o Aviz) deu-me muito prazer. E voltei a redescobrir a poesia que , literalmente, me deu a conhecer Hopper. O livro chama-se «Uma Exposição», foi editado em 1980 e conta com poemas de João Miguel Fernandes Jorge (um dos meus poetas portugueses favoritos), Joaquim Manuel Magalhães e fotografias de Jorge Molder. O tema comum são as imagens de Hopper, e o que elas nos devolvem. Deixo aqui um dos poemas, de JMFJ. Leiam-no e, se quiserem, vejam.
Sentado à mesa do café
esmaga a casaca do limão
tribulação dos dedos
no frio outubro.
Que tempo mal prestado.
Ao lado,
bebem café com canela.
Perto,
viu a sua tristeza.
Sentado à mesa do café
esmaga a casaca do limão
tribulação dos dedos
no frio outubro.
Que tempo mal prestado.
Ao lado,
bebem café com canela.
Perto,
viu a sua tristeza.
quarta-feira, julho 02, 2003
A CANTIGA É UMA ARMA O Ricardo Pinto, do Hipatia complementa gentilmente o meu post anterior sobre a "mini-revoloução" dos Good Charlotte com o "Common People", dos Pulp. Tem razão, mas na história da pop, os antepassados perdem-se no tempo. A pop e o rock são por definição músicas juvenis e portanto proto-revolucionárias. A sua beleza está na sua efemeridade e na variedade dessas revoluções - contra o sistema, como o punk; contra a alma , como os Joy Division;contra o próprio rock, como os The Fall; contra o feio, como os Durrutti Column; contra Thatcher, como o Ghost Town, dos Specials; contra a vulgaridade das letras, como os Smiths; contra...As canções são o instrumento mais eficaz para um golpe de Estado ou de teatro.
Aproveito também para convidar-vos a visitar o blog: bonito, literato e com um culto desmedido - e justíssimo - a um dos filmes mais bonitos dos últimos dez anos: "In The Mood For Love", de Wong-Kar Wai. E Ricardo, o Brideshead não é decadência bela - é o apogeu da civilização, tal como ela deveria ser para sempre. A partir daí, correu tudo mal. Mas eu sou um conservador e anglófilo, como a SBL te poderá esclarecer...
Aproveito também para convidar-vos a visitar o blog: bonito, literato e com um culto desmedido - e justíssimo - a um dos filmes mais bonitos dos últimos dez anos: "In The Mood For Love", de Wong-Kar Wai. E Ricardo, o Brideshead não é decadência bela - é o apogeu da civilização, tal como ela deveria ser para sempre. A partir daí, correu tudo mal. Mas eu sou um conservador e anglófilo, como a SBL te poderá esclarecer...
SER CONSERVADOR O Miguel fez outra vez o favor de explicar limpidamente o que muita gente me pergunta (e a outros, e a outros...): o que é isso de ser conservador. Sem entrar em remissões literárias, aconselho a quem esteja interessado nesta questão que leia o seu texto; verá que está muito preso à vida. É por estas e por outras que para mim não é insulto nenhum quando me chamam "acólito do MEC". I wish...
terça-feira, julho 01, 2003
segunda-feira, junho 30, 2003
REVOLUÇÃO ! De vez em quando aparecem estes pequenos revolucionários rock, que me encantam com a sua ingenuidade e sinceridade. Como os Good Charlotte, que, cada vez que os oiço, não consigo resistir a trautear com eles o refrão de Lifestyles of The Rich And Famous:
Lifestyles
of the rich and the famous
always complainin', always complainin'
If money is such a problem
Well they got mansions
Think we should rob'em
O tempo devolverá a verdade a esta revolução, efémera como um single. As únicas em que acredito, em que me comprazo, de que tenho saudades.
Lifestyles
of the rich and the famous
always complainin', always complainin'
If money is such a problem
Well they got mansions
Think we should rob'em
O tempo devolverá a verdade a esta revolução, efémera como um single. As únicas em que acredito, em que me comprazo, de que tenho saudades.
FALHAR Gostei muitíssimo do elogio ao fracasso que o Pedro Lomba escreveu no seu blogue. A vida é, por definição, um fracasso. É o "try again.Fail again.Fail better" do Beckett. Para alguns, como eu, há uma mínima esperança de Redenção maior, que não faço nada por merecer. Acredito que a mais sublime e verdadeira das capacidades humanas é a da sua Danação, mas luto contra isso. E apesar de cristão e mau Católico, gosto de lembrar a frase de Sénancour:«Se vimos do pó e para o pó vamos voltar, façamos entretanto que isso seja uma injustiça».
A SÉRIO ? Alguém aqui ao meu lado diz que não consegue dar a notícia de que Nelo Vingada vai para o Real Madrid, porque parece uma piada. E tem razão: «Carlos Queiroz e Nelo Vingada no Real Madrid »; «Manuel José e Professor Neca no Manchester United ». Há coisas que uma pessoa devia ser dispensado de fazer.
WHAT'S IN A NAME Como toda a gente, vi-me obrigado a comprar o Expresso para ler a entrevista de Paulo Querido ao excelente pipi. Claro que se queria mais, muito mais, mas o competente jornalista nada pôde fazer contra o desejo de anonimato do vate 69. Ainda bem.
O que me leva a outra questão (ou talvez não). O apelido do Paulo veio confirmar «na vida real» o que eu pensava que só acontecia nas séries de humor inglesas. Na quarta e última série de Blackadder, passada durante a I Guerra Mundial, havia um personagem que se chamava Capitão Darling. O efeito cómico era irresistivel: bastava Rowan Atkinson cumprimentá-lo com um "Hello, Darling" para a coisa funcionar. Imaginemos agora a redacção do Expresso: «Precisava de uma artigalhada sobre os blogues para amanhã, Querido". Ou o director: "Aqui o Querido ofereceu-se para fazer uma reportagem infiltrada no Hamas. Não foi, Querido ? Boa sorte, Querido!". Adoro quando a vida imita a arte.
O que me leva a outra questão (ou talvez não). O apelido do Paulo veio confirmar «na vida real» o que eu pensava que só acontecia nas séries de humor inglesas. Na quarta e última série de Blackadder, passada durante a I Guerra Mundial, havia um personagem que se chamava Capitão Darling. O efeito cómico era irresistivel: bastava Rowan Atkinson cumprimentá-lo com um "Hello, Darling" para a coisa funcionar. Imaginemos agora a redacção do Expresso: «Precisava de uma artigalhada sobre os blogues para amanhã, Querido". Ou o director: "Aqui o Querido ofereceu-se para fazer uma reportagem infiltrada no Hamas. Não foi, Querido ? Boa sorte, Querido!". Adoro quando a vida imita a arte.
SHE'S BAACK...É com muita alegria que voltei a ler aquela que é provavelmente a única lacaniana que admiro, respeito e invejo. Estou a falar da psicossomática Susana, que regressou a estas lides. Os dias já estão melhores. Qu'est-ce que la femme veut ? Elle veut ça.