sexta-feira, março 19, 2004
segunda-feira, março 15, 2004
OH, THOSE FROGS Tenho para mim que um povo se define colectivamente por aquilo de que se ri. Ora isto é assustador quando vejo que foi lançada a filmografia integral de Louis de Funés, o paradigma dos cómicos para os gauleses. Relembro com horror títulos como "O gendarme em férias" ou o sempieterno "O gendarme em St.Tropez", essa Torre Eiffel do cabotinismo e da piada fácil. E regresso às minhas teorias de jovem universitário, quando com o meu grupo de anti-francófonos proclamávamos que Paris deveria ser a "nova Atlântida" ou que Allo, Allo era uma série de não-ficção. O paroxismo desta atitude chegou nas meias-finais do Europeu de futebol ,em que perdemos ingloriamente com a França por 2-1. Houve um amigo que ligou para a RTP, mal o jogo acabou, exigindo que "por respeito ao serviço público" fosse passado, de 15 em 15 minutos, imagens do exército alemão a desfilar sob o Arco do Triunfo, perante o desalento dos parisienses. Ah, giovanezza, giovanezza...
ELECCIONES As eleições espanholas foram as primeiras em que uma tragédia interferiu no bom senso, o coração acima da razão. O pedido desesperado de respostas, que ninguém poderia dar , por motivos óbvios, fez falar a dor primeiro. Daí que se castigue, circunstancialmente, quem está no poder. Por acaso, o PP. Aznar não poderia ter feito mais do que fez.E é evidente que o governo está a esconder alguma coisa, como qualquer governo faria em questões de segurança nacional. A vitória da esquerda é por isso triste, e o Bambi deverá viver com isso para o resto do mandato (se bem que a escolha do sucessor de Aznar tenha deixado muito a desejar). A cidadania falhou:ao contrário do que apregoam eufóricos os jornais de esquerda - que são quase todos - a maior manifestação de cidadania seria unir fileiras em torno do governo que estava em funções - fosse de esquerda ou direita - e não fazer uma inoportuna alternância. Mas vá lá explicar-se isso a quem sentiu de perto a mortandade