quinta-feira, dezembro 28, 2006

ESTÁ NAQUELA ALTURA DO ANO. FECHAMOS AGORA PARA BALANÇO E QUEDA CONSEQUENTE, PARA VOLTAR JÁ PARA A SEMANA. UM EXCELENTE 2007 PARA TODOS.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

DESEJOS PARA 2007 (PONTO ÚNICO)

Agora Senhor,
dá a teu servo
um coração
capaz dessa escuta.

Primeiro Livro dos Reis (tradução de José Tolentino Mendonça)

sexta-feira, dezembro 22, 2006



Nostalgia versão parisiense.Uma grande canção, um grande cantor que me acompanhou infância fora.
SEASON'S GREETINGS Eu sei que nesta altura começa a haver uma espécie de top anual dos blogues e bloggers preferidos. Não farei o mesmo, por várias razões: por que os meus blogues favoritos são os suspeitos do costume; eles sabem quem são, a minha escolha não seria original e, sobretudo, nenhum necessita de um único encómio meu.
No entanto, outras coisas bizarras sucedem, a que não posso ficar indiferente: trata-se das pessoas que por excesso de generosidade ou equívoco mencionam este estabelecimento como um dos melhores. A essas eu agradeço, até por que são poucas e eu não gosto de fazer links: obrigado à Ana, que não deixa mal a sua família de excelentes bloggers; obrigado ao Luís Serpa, que mantém um blogue civilizado e culto graças à mão firme do seu skipper ( e me mata de inveja com as fotos das suas navegações); e obrigado à Carla, blogger in excelsis mas sobretudo alguém que pratica a amizade sábia e generosamente. Se de alguém me esqueci, aqui me penitencio.
Apenas irei referir um blogue neófito mas que de imediato me conquistou: o Pastoral Portuguesa, do Rogério Casanova, pela mistura maravilhosa de erudição, humor e estar-se nas tintas para o que acabei de escrever. E claro, um abraço special para os meus companheiros de trincheira, uma equipa de all-stars-but-one, o 31 da Armada. Posto isto, um Santo Natal para todos.

quarta-feira, dezembro 20, 2006



COISAS PARA DIZER A EVA GREEN
James Bond: Dry Martini.
Bartender: Oui, monsieur
James Bond: Wait... Three measures of Gordons; one of Vodka, half a measure of Kina Lillet. Shake it over ice, add a thin slice of lemon peel.
James Bond: I think I'll call it a Vesper.
Vesper Lynd: Why? Because it leaves a bitter aftertaste in your mouth?
James Bond: No, because once you've tasted it, you won't want anything else

terça-feira, dezembro 19, 2006

1001 UTILIZAÇÕES PARA A TLEBS (baseado numa história verdadeira) Numa conversa tardia e séria «sobre mulheres» um amigo cintila com uma citação (ou no mínimo paráfrase) de Camilo:«As reticências foram inventadas para as mulheres». Eu, pobre desculpa para Oscar Wilde de trazer por casa, só agora riposto em diferido:«E os pontos de interrogação, meu amigo ? E os de exclamação? E, oh espelho meu, os finais ?»

segunda-feira, dezembro 18, 2006

F**** CHRISTMAS, I'VE GOT THE BLUES, 2

Fine And Mellow
O ano é 1957. Billie Holiday está com a voz carregada de vida, de excesso de vida de que de resto iria morrer no ano seguinte. Por isso mesmo, este blues simples ganha uma força extraordinária, ainda por cima servido por várias gerações de astros do jazz: Ben Webster, Lester 'The Prez' Young, Coleman Hawkins ou Gerry 'Cool' Mulligan representam escolas e tempos diferentes de saxofonistas. Particularmente comovente é o olhar que Holiday faz aquando do solo do seu amigo [o segundo solista], ex-amante e cúmplice musical Lester Young. Um dos momentos mais bonitos na história da música popular.



*com um obrigado ao Gonçalo Rosas, pela ajuda a um ignorante informático.
DO BLOGGER ENQUANTO BÍGAMO Na minha outra casa, Francisco José Viegas e Pedro Mexia discutem a TLEBS. Um vídeo da 31tv.


NO PROMISES, DISSE ELA. E fez muito bem em dizê-lo. O disco é formalmente igual ao anterior, desta vez com a voz de Bruni a inquietar-nos em inglês. Mas o que canta a moça? Yeats, Auden, Emily Dickson, Christina Rossetti, Walter De La Mare e muito adequadamente, Dorothy Parker. Que se lixem as promessas: esta mulher merece-me uma estátua, um lugar vitalício nos meus sonhos. Até 15 de Janeiro, dia em que o disco será editado, fique-se com o video e alguns temas aqui.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

THE GIST E LOVE AT FIRST SIGHT Em disposição particularmente nostálgica, acordei com a inofensiva obsessão de encontrar registo de uma das mais bonitas canções dos anos 80: chama-se Love At First Sight, e era cantada pelos The Gist, de Stuart e Philip Moxham, ideológos dos anteriores e excelsos Young Marble Giants. Estiveram por cá em 1982, em Vilar de Mouros, num concerto que tive o privilégio de ver. Foram maltratados por uns punks de provincia, sobretudo quando Stuart colocou no palco o seu gravador de fita, onde estavam gravadas as drum lines de cada canção. Na altura terá dito qualquer coisa como 'don't you know rock n' roll is dead?' e tinha toda a razão.
Love At First sight é o romantismo minimal, guitarrras sussurradas, onde tudo fica por dizer e nada fica para dizer. Brilhantíssimo. Neste processo, descobri um excelente blog:este, e o mp3 de Love At First Sight aqui mesmo.

LAMENTO DO BETA-BLOGGER Uma pessoa faz por evoluir, vai para versão beta e de repente os Youtubes deixam de aparecer. O que equivale a dizer que fico com uma confrangedora falta de assunto.
AGORA SIM! Depois de que o presidente do meu clube, José Eduardo Simões da Académica de Coimbra, foi constituído arguido por corrupção, sinto que finalmente chegámos à elite do futebol. A uma Juventus, a um Porto, a um Benfica, a um Boavista até!

quarta-feira, dezembro 13, 2006


MELHOR DO ANO 2006 (eu juro que tentei resistir)


segunda-feira, dezembro 11, 2006

MUDAR Casa nova, depois de três anos e tal com o mesmo aspecto. Às vezes tem de ser, para ficar tudo na mesma. Bem vindos, então.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

AUTOBIOGRAFIA, ESCRITA POR OUTRÉM


THE ONLY POEM

This is the only poem
I can read
I am the only one
can write it
I didn't kill myself
when things went wrong
I didn't turn
to drugs or teaching
I tried to sleep
but when I couldn't sleep
I learned to write
I learned to write
what might be read
on nights like this
by one like me

Leonard Cohen
LATE NIGHT BAR PHILOSOPHERS, CROMO Nº11 Desapontado, confirmou a quem o queria ouvir:«Ela foi-se embora. A última coisa que me disse foi 'Vives a vida de uma forma literal'».

quinta-feira, dezembro 07, 2006

SÉRIE «LUGARES ONDE NUNCA ESTIVE MAS DE QUE TENHO SAUDADES», Nº1: Machico

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Deixei-me levar...

O meu único sonho materialista: um Aston Martin DB5, igualzinho a este. Já o tive, em versão Corgi Toys...Atentai em Connery:«Where's my Bentley?».
Goldfinger

Casino Royale é bom. Mas Goldfinger . Só o genérico é todo um programa. E a canção, senhores, a canção:«The man with the Midas touch/ A spiders touch...»
O AUTOR RESISTE, ESTÓICO, À TENTAÇÃO DA ÉPOCA «Não farás lista dos melhores do ano de coisa nenhuma, não farás lista dos melhores do ano de coisa nenhuma, não farás listas dos melhores do ano de coisa nenhuma, não farás...»

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Tears, idle tears

Tears, idle tears, I know not what they mean,
Tears from the depth of some divine despair
Rise in the heart, and gather to the eyes,
In looking on the happy autumn-fields,
And thinking of the days that are no more.

Fresh as the first beam glittering on a sail,
That brings our friends up from the underworld,
Sad as the last which reddens over one
That sinks with all we love below the verge;
So sad, so fresh, the days that are no more.

Ah, sad and strange as in dark summer dawns
The earliest pipe of half-awakened birds
To dying ears, when unto dying eyes
The casement slowly grows a glimmering square;
So sad, so strange, the days that are no more.

Dear as remembered kisses after death,
And sweet as those by hopeless fancy feigned
On lips that are for others; deep as love,
Deep as first love, and wild with all regret;
O Death in Life, the days that are no more!


Alfred Lord Tennyson
O AUTOR DESTE BLOG, NUM RARÍSSIMO MOMENTO NARCÍSICO O excelente Luís Carmelo cometeu a imprudência de pedir a minha colaboração na sua extensíssima série de entrevistas, um clássico da blogosfera. Sem dispensar a visita ao Miniscente, aqui fica a transcrição:

O que é que lhe diz a palavra ?blogosfera??
Pedaços de idiossincracias, bitaites geniais, comentários sérios, deslumbres, ensaios, seduções, insultos, baixezas e vilanias, liberdade, paciência, irritações, amores e ódios. A vida sem ser a vida.

Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
Apenas por blogues, nenhum, até por questões profissionais. Mas quer-me parecer que se isso acontecesse faria de mim um homem muito triste e solitário.

Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Desde logo, a redescoberta da paixão, que andava escondida nos media tradicionais. Paixão ideológica, amorosa, bibliófila, filosófica. Depois permitiu-me chegar a pessoas que seria difícil de conhecer de outra maneira; dessas fiquei amigo de algumas e correlegionário de outras. De um ponto de vista ainda mais pessoal, os blogues também tiveram o seu papel. Mas disso não falo.

Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
É pelo menos a mais livre, com tudo o que isso implica. Não há polícia nem porteiro nem consumo mínimo: tudo está dependente do bom-senso e da boa educação. E, milagrosamente, a coisa funciona.

quinta-feira, novembro 30, 2006

PARA O CASO DE NÃO CONSEGUIR POSTAR AMANHÃ.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Ricky Gervais em Extras

Já não bastava o homem ser genial em The Office. Agora, em Extras - que a nossa excelsa televisão fez o favor de anunciar muito discretamente e acho muito bem - , Gervais continua a ser castigado. No episódio de domingo passado foi Ben Stiller. Aqui é Bowie que o humilha, num vintage Gervais confrangedor. Ver até ao fim.

domingo, novembro 26, 2006

MÁRIO CESARINY DE VASCONCELOS

PASTELARIA
Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte
nem a câmara escura

Afinal o que importa não é bem o
negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter
horas de ócio

Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante

Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício
Não é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema
madame blanche e parola

Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come

Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!

Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora ? ah, lá fora! ? rir de tudo
No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra

Nobilíssima Visão (1945-1946), in burlescas, teóricas e sentimentais (1972)
A OUVIR, EM MODO REPEAT 1 - Smile! No One Cares How You Feel, de The Tragic Treasury: songs from A Series Of Unfortunate Events, dos The Gothic Archies.Contém este grande verso:«Always the best disguise/a license to defile/ everyone you despise will die, so smile».

Adenda essencial, retirada do site já citado: « What makes this band different from The Magnetic Fields is that any glimmer of hope is absolutely extinguished. »

Eva Green

O mundo livre foi salvo mais uma vez. E mais uma vez, o pecado voltou às nossas vidas. Thank you, Mr.Bond.

terça-feira, novembro 21, 2006

Falta pouco
DRESS REHEARSAL RAG: A RAIVA TRISTE Hoje de manhã liguei o rádio do carro, e como um soco ouvi Dress Rehearsal Rag, de Leonard Cohen. É das canções que mais gosto e mais evito, um poema/letra suicida que só se pode ouvir com muita felicidade ou na miséria total. Todo o estado intermédio pode causar lesões irreversíveis, ou uma dor aguda a entrar pela alma dentro. Foi o que me aconteceu, e o colocar aqui a letra na íntegra é disso prova. Dress Rehearsal Rag pertence a um dos melhores - o melhor? - disco de todos os tempos, onde a tristeza e a raiva se confundem, e só o passado oferece consolo para logo a seguir destruir o presente. Songs Of Love And Hate (1970)contém ainda Avalanche e Famous Blue Raincoat, por exemplo. É uma obra-prima do maior escritor de canções desde os meados do século XX. Ler com cuidado.

Four o'clock in the afternoon
and I didn't feel like very much.
I said to myself, "Where are you golden boy,
where is your famous golden touch?"
I thought you knew where
all of the elephants lie down,
I thought you were the crown prince
of all the wheels in Ivory Town.

Just take a look at your body now,
there's nothing much to save
and a bitter voice in the mirror cries,
"Hey, Prince, you need a shave."
Now if you can manage to get
your trembling fingers to behave,
why don't you try unwrapping
a stainless steel razor blade?
That's right, it's come to this,
yes it's come to this,
and wasn't it a long way down,
wasn't it a strange way down?

There's no hot water
and the cold is running thin.
Well, what do you expect from
the kind of places you've been living in?
Don't drink from that cup,
it's all caked and cracked along the rim.
That's not the electric light, my friend,
that is your vision growing dim.
Cover up your face with soap, there,
now you're Santa Claus.
And you've got a gift for anyone
who will give you his applause.
I thought you were a racing man,
ah, but you couldn't take the pace.
That's a funeral in the mirror
and it's stopping at your face.
That's right, it's come to this,
yes it's come to this,
and wasn't it a long way down,
ah wasn't it a strange way down?

Once there was a path
and a girl with chestnut hair,
and you passed the summers
picking all of the berries that grew there;
there were times she was a woman,
oh, there were times she was just a child,
and you held her in the shadows
where the raspberries grow wild.
And you climbed the twilight mountains
and you sang about the view,
and everywhere that you wandered
love seemed to go along with you.

That's a hard one to remember,
yes it makes you clench your fist.
And then the veins stand out like highways,
all along your wrist.
And yes it's come to this,
it's come to this,
and wasn't it a long way down,
wasn't it a strange way down?

You can still find a job,
go out and talk to a friend.
On the back of every magazine
there are those coupons you can send.
Why don't you join the Rosicrucians,
they can give you back your hope,
you can find your love with diagrams
on a plain brown envelope.
But you've used up all your coupons
except the one that seems
to be written on your wrist
along with several thousand dreams.
Now Santa Claus comes forward,
that's a razor in his mit;
and he puts on his dark glasses
and he shows you where to hit;
and then the cameras pan,
the stand in stunt man,
dress rehearsal rag,
it's just the dress rehearsal rag,
you know this dress rehearsal rag,
it's just a dress rehearsal rag.

segunda-feira, novembro 20, 2006

HÁ ALGUÉM ALGURES QUE GOSTA DE MIM Muito obrigado, Ana, pela atenção que óbviamente não mereço. «Melhor blog» ainda compreendia; «melhor blogger» é mais dificil.. Como já aqui disse, o meu blog é bastante melhor do que eu.
ONDE É QUE ESTAVA NO 25 DE NOVEMBRO? Francamente não me lembro. Mas sei onde irei estar a partir deste 25: aqui mesmo. E já falta pouco.


FRASES QUE NUNCA PENSEI DIZER A MIM PRÓPRIO : «Get a haircut and a job».

sexta-feira, novembro 17, 2006

FELIZMENTE EXISTEM NO MUNDO COISAS MUITO MAIS IMPORTANTES.
ADENDA AO POST ANTERIOR Ai eram só cinco ? Olha, que se lixe.
OK, DO YOU WANT SOMETHING SIMPLE ? Intimado pela Carla, e porque estas correntes blogosféricas me assustam mais do que as enviadas por e-mail, capitulo e falo de manias próprias. É território pantanoso, já que por vezes se podem confundir com traços de personalidade. Até por que assim de repente não me lembro de nenhum comportamento obsessivo ou psicopatológico (but then again, would I?).
Assim sendo , aqui fica o que consegui encontrar, sem ordem de irritação para terceiros ou importância:
1.É-me dificil completar mais de quatro frases sem lá meter uma expressão idiomática anglo-saxónica, ou uma mera palavrinha que seja. Como tenho amigos que fazem o mesmo, não dou por isso; os outros aguentam ou maçam-se.
2.Tenho a mania de que sei gramática e escrever. Mas passa sempre.
3.Tenho uma obsessão de classe média pelas boas maneiras. «Manners before morals» não é para mim um aforismo giro: é a Verdade.
4.Sou excessivamente educado com empregados de mesa em particular e funcionários públicos em geral.
5.Pior ainda, justifico literariamente a alínea anterior mal tenha oportunidade («Estás a ver o Anthony Beavis do Eyeless In Gaza, do Huxley ? Aquela parte em que ele é super-educado com uma florista porque assim se protege das« classes baixas»...). Deus me perdoe.
6.Aplico uma canção a qualquer episódio da minha vida, transformando-a assim num ciclópico musical.
7.Tenho a mania de que sou o português que mais sabe sobre Frank Sinatra e tudo à volta. E desculpem lá, provavelmente é verdade.
8.Quando vou conhecer alguém, gosto de ir carregado de preconceitos, para confirmar ou deslumbrar-me.
9.Fico contente por ficar triste (cá está: Glad To Be Unhappy, Richard Rodgers/Lorenz Hart)
10.Tenho a mania de me apaixonar.

Já chega. Agora é convosco, Margot, Tiago, Tiago e maradona. Se tiverem pachorra, claro.
31

Absolute countdown.
O PROGRESSO AO SERVIÇO DO CORAÇÃO Enviar um e-mail com um soneto de Camões; receber um e-mail com outro soneto de Camões. Sorrir. Restart, por favor.

segunda-feira, novembro 13, 2006

domingo, novembro 12, 2006

DESPEDIDA OFICIAL DA FASE ALFIE, COM UM ÚLTIMO LLOYD COLE

What about love?
I don't let that stuff in my house
this is the glamorous life there's no time for fooling around
Lord have mercy I know what I'm doing
I don't need an alibi I need a fire escape and an open window.
(Lloyd Cole, My bag)
NOTA NECESSÁRIA 2 Apenas queria salientar que este blog é, literalmente, de auto-ajuda. 'Auto', no mesmo sentido e consequência que em 'auto-golo'.
NOTA NECESSÁRIA Fazendo o balanço (e o que eu gosto de «fazer balanços»!) dos últimos dez a quinze posts, verifico que os temas são predominantemente musicais. Ora isto pode dar a ideia errada ao leitor de que aqui escreve uma pessoa feliz, e nós não queremos isso. O pathos segue dentro de momentos.

terça-feira, novembro 07, 2006

Dandy Warhols - Not If You Were The Last Junkie On Earth

E depois de uns posts existenciais e semi-crípticos, um docinho. Os Dandy Warhols dificilmente entrarão para a história da música, mas ninguém os pode acusar de não fazerem belas canções de refrão certinho. Este Not if you were... tem toda a imagem de marca dos rapazes: tema simples e contagiante, com espaço para uma letra divertida e blasé (puro dandismo) que culmina no maravilhoso refrão "I never thought you'd be a junkie/'cause heroin is so passé"... O video é de David Lachapelle e a teclista é gira.
AFTER SHOW BLUES «Sonhei que o fogo gelou/sonhei que a neve fervia/e por sonhar o impossível/sonhei que tu me querias» (Outros Sonhos): Chico Buarque é Grande e eu sou o Seu profeta.

sábado, novembro 04, 2006

VÉNUS DIRÁ AGORA ALGUMAS PALAVRAS Devemos sempre desconfiar das canções. São meretrizes oportunistas, que esperam apenas uma fraquezazita para se insinuarem. E tanto faz que seja o Night and Day ou o Feelings: ambos têm o mesmo valor sentimental se disparados na altura certa. Por exemplo, agora estou a ouvir Glad To Be Unhappy,cantado por Sinatra no seu apogeu. Canção perfeita, hino pessoal, bóia desavergonhada a que me agarrei inúmeras vezes. Mas a minha verdade pessoal pede-me uma canção muito específica da Jovem Guarda, que o pudor e a minha integridade física me impedem de publicar. Valha-nos quem tenha escrito mais e melhor. Assobiemos para o ar e citemos:

One struggle more, and I am free
From pangs that rend my heart in twain;
One last long sigh to love and thee,
Then back to busy life again.

One struggle more and I am free, Lord Byron (excerto)

Quando chega, meus amigos, não há juizo nem idade que nos valha. Tentemos agora ficar por aqui. Mas nada de promessas: deveríamos já saber que quem promete, aposta.
LATE BAR PHILOSOPHERS, CROMO Nº9: «Não é que me preocupe todos os dias com isso do aquecimento global. Mas digamos que nunca irei viver para a Holanda».

sexta-feira, novembro 03, 2006

TODOS DIFERENTES, TODOS TAMBÉM Nem só de posts vive o homem (e a mulher). Sabendo disso muitíssimo bem, um grupo de pessoas talentosas que acumulam como característica serem Católicos ou Protestantes juntaram-se e fizeram o Trento Na Língua. Grande nome, grande blogue. Um ecumenismo que se espera não seja sempre pacífico.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Altered Images

Houve uma altura na minha vida em que mataria para conhecer Clare Grogan, a vocalista dos Altered Images.Tudo por causa desta canção, I could be happy. Nunca a resignação e a inevitabilidade do amor teve tanta alegria.
DEPOIS DE UM CONCERTO DOS GNR E DE CONVERSAS EMOTIVAS O rock n'roll faz mal às costas e bem ao coração.

sexta-feira, outubro 27, 2006

Max Raabe - Schieß den Ball ins Tor

Então, Max Raabe. O homem que quer reviver as orquestras de Berlim nas décadas de 20 e 30 e francamente consegue-o. Especialista em versões alto-barítono de êxitos pop (como o magnífico Oops...I did it again, de Britney Spears, que a Carla ofereceu generosamente ao povo) Raabe é mais criativo e genial na ponta de uma unha do que os Nouvelle Vague todos juntos. Como exemplo, escute-se esta football song, que em português quer dizer mais ou menos «Chuta a bola para o golo». Dá vontade de invadir a Polónia, mas é muito boa.
Damien Rice - The blowers daughter

Uma canção clássica e linda, melhor compreendida por todos os que amaram 'not much but too well'.E voltaram a perder. Contém cenas de um filme justamente esquecido.
QUAL CIDADE, QUAIS SERRAS ? Da varanda do meu quarto, onde agora escrevo, vejo campo, uma casa ocasional e, ao longe, a serra de Montejunto. Mas se olhar para baixo, vejo que em frente ao meu portão estacionou uma retroescavadora.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Richard Cheese and Lounge Against the Machine

Richard Cheese, um homem que dedicou a sua vida a transformar êxitos rock e hip hop em brilhantes canções lounge. Neste vídeo, Cheese ataca Baby's Got Back, de Sir Mix-A-Lot, e o mais reconhecível Personal Jesus, dos Depeche Mode. Brilhante.Dedicado à Charlotte, agradecendo o Max Raabe, de que falarei mais tarde.

segunda-feira, outubro 23, 2006

João Moreno, presidente da Associação Académica de Coimbra- Organismo Autónomo de Futebol. In memoriam, no segundo aniversário da sua morte.
ALL FALL DOWN* O Pedro Mexia tem vindo, numa série de posts, a recordar a obra de Adrian Borland, que considera um autor subestimado do indie rock dos anos 80. Tem razão: Borland teve o azar de crescer musicalmente com os The Sound, que praticavam o que abusivamente à época se chamava de «música urbano-depressiva», e que era regido pela sombra tutelar dos Joy Division e Echo&The Bunnymen. Na verdade, o que Borland cantava era a tristeza, a pura tristeza, um assunto muito delicado para ser tratado pela música popular e pelo rock em particular. Só alguns génios mais ou menos atormentados o conseguiram fazer de forma perene, caso de Leonard Cohen ou de Ian Curtis - este último contemporâneo do vocalista dos The Sound e com um destino trágico semelhante.
Os The Sound, com o seu som épico, a abrir, gozaram de precária glória, devida sobretudo ao disco From the lions mouth - que lhes deu direito, aliás, a uma exclente passagem pelo Rock Rendez Vous, em 1981 ou 82, já não me lembro. Mas lembro-me de os ver - prerrogativa da idade - e da espantosa energia que contrastava com o que Adrian cantava. «What holds your hope together/make sure it's strong enough»: os primeiros versos de Winning, o tema que abria o disco. Depois deste pico de carreira, a obra de Borland continuou, errática mas com pérolas que merecem ser redescobertas. Ao mesmo tempo, a sua sanidade mental deteriorava-se de diaq para dia. Morreu em 1999,com 41 anos, na estação de Wimbledon, depois de se ter lançado para frente de um comboio. Numa altura em que os epígonos musicais da época são pouco mais do que pífios («vinte anos piores», diria um amigo meu), aconselho a busca do original.

*título de um disco dos The Sound

sábado, outubro 21, 2006

DA ILHA Terão passado assim tantos anos para que o meu entusiasmo me tenha iludido tanto ? Terás estado na mesma ilha do que eu, Inês ? Não há nada a perdoar; tenho pena, é tudo. But we'll always have Belfast.

sexta-feira, outubro 20, 2006

ADICIONAR AOS FAVORITOS Provavelmente um dos mais correctos e civilizados blogues escritos em português. Mas com a injusta vantagem de estar sediado na capital da civilização.Mesmo assim, o homem consegue ultrapassar este hiper-handicap com puro talento. Lêde, que sabeis como os meus encómios são parcos.
O POVO UNIDO? JAMAIS! SERÁ VENCIDO!! Sorry guys. Não resisti, é demasiado bom. E já tenho saudades do próximo 25...
O VERDADEIRO 31 Nada como ser um gentleman farmer, com a vantagem de estar perto da cidade e não aturar os bichos. Depois, ou sobretudo, isto: conhecer cúmplices, conspirar sériamente, jantar informalmente, beber mais ou menos seja o que for, dizer mal do Diogo Infante e dos actores e dramaturgos nacionais a quem de direito e que se ri connosco, conspirar mais e voltar a casa para exigir a cabeça da ovelha que defecou em frente ao portão da garagem. Paradise Lost? 'tá bem, mas a gente entretém-se.

terça-feira, outubro 17, 2006

Ed Harcourt - Revolution In The Heart

Obsessão recente e como sempre efémera, esta musiquinha. Canção épica,«à antiga», para um bom cantor.

sexta-feira, outubro 13, 2006

PORQUE É QUE NÃO TEMOS APENAS UMA ORELHA NO MEIO DA CARA ? É cool ? A resposta adequada a estas e outras perguntas pode ser o seu passaporte para o lugar onde é feita a civilização. O melhor é ler aqui.


quarta-feira, outubro 11, 2006

Laura - Trailer

Um dos filmes mais correctos de sempre, com necrofilia, diálogos cintilantes, o tema musical encantatório e uma das mulheres mais bonitas de todos os tempos: Gene Tierney.

sexta-feira, outubro 06, 2006

«FOR BLACK IS WHAT I FEEL IN THE INSIDE»

Mais um poema de Philip Larkin, triste como o dia, este meu dia.

Next, Please

Always too eager for the future,
Pick up bad habits of expectancy.
Something is always approaching, every day
Till then we say,

Watching from a bluff the tiny, clear,
Sparkling armada of promises draw near.
How slow they are!
And how much time they waste,
Refusing to make haste!

Yet still they leave us holding wretched stalks
Of disappointment, for, though nothing balks
Each big approach, leaning with brasswork prinked,
Each rope distinct,

Flagged, and the figurehead with golden tits
Arching our way, it never anchors; it's
No sooner present than it turns to past.
Right to the last

We think each one will heave to and unload
All good into our lives, all we are owed
For waiting so devoutly and so long.
But we are wrong:

Only one ship is seeking us, a black-
Sailed unfamiliar, towing at her back
A huge and birdless silence. In her wake
No waters breed or break.
CONSTATAÇÃO 2006 Torna-se cada vez mais dificil não viver no mundo real.

quinta-feira, outubro 05, 2006

Biff's Question Song (Stand-up Comedy)

Tom Wilson, o actor que reepresentou o «bully» Biff nos Regresso Ao Futuro numa canção brilhante.
Elogio de Sinatra, por Bono

O melhor texto sobre Frank Sinatra alguma vez feito em todo o universo. Lágrimas, risos, verdade - tudo em doses justas.Exemplos: «band man and loner, troubleshooter and troublemaker, the chairman who would rather show you his scars than his medals(...), the living proof God's a Catholic».
Lindo e definitivo, dito durante a entrega do Emmy de Carreira ao Mestre, em 1995.
Monty Python - French Sketch

Um sketch histórico, um verdadeiro deleite para quem combatre os bloody frogs desde pequeno. Trinta anos depois, ainda concordo com um amigo que afirma que «não é um sketch, é um documentário». Maravilhosos pormenores: «Mon collegue, le poof célebre», e «oú sont les bagages?».

domingo, outubro 01, 2006

«OPRESSED BY THE FIGURES OF BEAUTY»


Rachel Weisz

quinta-feira, setembro 28, 2006

«HELL HATH NO FURY LIKE A WOMAN SCORNED»
LAMENTO DO ADEPTO RESIGNADO Já o disse: o meu clube é a Académica de Coimbra, para o bem e para o mal. Mais nenhum. Sofro e amo com paixão. Nas raras vezes em que vou ao estádio, fico sem voz. Mas há limites: a Mancha Negra, claque exemplar e divertida da Briosa, criou um novo cântico, com a melodia do refrão de Pobres dos Ricos, da Floribella. Só podem estar a brincar. Com que cara é que eu irei estar entre eles, a cantar «sou da Briosa e canto canto sempre/Em todo o lado eu estou sempre presente/O preto e branco apoio eternamente/Tu não consegues sair da minha mente!!» ? Felizmente posso levar os meus filhos.
TOO MUCH TIME ON MY HANDS

You Are a Mermaid
You are a total daydreamer, and people tend to think you're flakier than you actually are.While your head is often in the clouds, you'll always come back to earth to help someone in need.Beyond being a caring person, you are also very intelligent and rational.You understand the connections of the universe better than almost anyone else.
What Mythological Creature Are You?

quarta-feira, setembro 27, 2006

BREVÍSSIMA NOTA PESSOAL Há exactamente nove anos vagueava, nervoso e alimentado a bromazepam, pelos corredores da maternidade do Hospital de Santa Maria. Ao fim da tarde vim a conhecer o primeiro e mais belo pretexto para não desistir de ser alguém decente. Chamei-lhe Leonor.

sexta-feira, setembro 22, 2006

Não preciso de dizer mais nada.
PORQUE DETESTO MEDIUM Porque a base do plot line de cada episódio é a minha ideia de inferno: ser acordado a meio da noite por uma mulher que me quer contar os sonhos.


E AGORA, UMA PALAVRA DO MEU PATROCINADOR

Lembranças, que lembrais meu bem passado

Lembranças, que lembrais meu bem passado,
Pera que sinta mais o mal presente,
Deixai-me, se quereis, viver contente,
Não me deixeis morrer em tal estado.

Mas se também de tudo está ordenado
Viver, como se vê, tão descontente,
Venha, se vier, o bem por acidente,
E dê a morte fim a meu cuidado.

Que muito melhor é perder a vida,
Perdendo-se as lembranças da memória,
Pois fazem tanto dano ao pensamento.

Assim que nada perde quem perdida
A esperança traz de sua glória,
Se esta vida há-de ser sempre em tormento.

Luís Vaz de Camões

quinta-feira, setembro 21, 2006

Francis Albert Sinatra & António Carlos Jobim

Alguém falou em perfeição ? Está tudo aqui - o génio de Jobim , Sinatra a cantar sentado, a fumar e duas oitavas abaixo do seu tom natural. Esta é a tradução simultânea para 'cool'.
The Summit: Birth Of The Blues

Those were the days...O caos alegre, o male bonding perfeito, Martin a fazer o seu «boneco» bêbedo e uma grande canção. Atenção a Johnny Carson...

segunda-feira, setembro 18, 2006

MÁ FÉ Nem sei o que dizer sobre a indignação de alguns grupos islâmicos sobre o discurso do Papa Bento XVI. Apenas que significa má leitura, má fé (em todos os sentidos da expressão) ou ambas. Para um católico como eu , cuja Fé é feita de dúvidas constantes - como a de Job - , e em que o combate entre a Razão e o Mistério é uma angústia maior, o texto teológico e brilhante que foi lido em Regensburg foi um consolo e apaziguamento. Não há dúvida nenhuma. Basta ler o texcto na íntegra, aqui. Posso não concordar com muitas das actuações de Ratzinger enquanto cardeal - a beatificação de Escrivá é o exemplo mais escandaloso - , mas é impossível negar a sua segurança teológica, que curiosamente é das mais liberais. Leia-se a este respeito as palestras feitas em 1968 reunidas em Introdução Ao Cristianismo.
Vivemos tempos dificeis, mas cada vez mais a minha fé é a minha vida.
BRINCAR AOS CLÁSSICOS Fiquei entre o curioso e o aterrado, caro Ricardo, quando li o teu post. Dos Junior Boys, conheço o Last Exit - de que gostei moderadamente - e li já encómios dispersos a este This Is Goodbye. Mas confesso que sou muito pouco liberal em relação a canções que me dizem muito, caso de No One Cares. Escrito de propósito por Cahn/Van Heusen para dar o ambiente do álbum (como se a capa não fosse já auto-explicativa), No One Cares é canção e disco para colocar fora do alcance das crianças. Pelo meu lado já foi banda sonora de alguns desgostos amorosos e ainda é dos discos - ao lado de Songs Of Love And Hate, de Cohen - que ainda hoje não oiço levianamente. Segundo opus da colaboração Jenkins/Sinatra (o primeiro nestes moldes voz/cordas foi o supino Where Are You?), No One Cares (1959) encontra o Mestre em plena forma de voz e de vida. O tema título, com a voz de fumo sinatriana potenciada pelas cordas, é arrepiante. E ainda há o Can't Get Started, e o Why Try To Change Me Now e até o quase inconsequente A Cottage For Sale leva uma pirueta para se transformar numa bomba-relógio afectiva. Portanto, vou ouvir os rapazes, Ricardo - mas não sei se irei aguentar.

sexta-feira, setembro 15, 2006

RIGHT ON THE MONEY Leio no blogue do Nuno que o grande Stephin Merritt prepara-se para regressar com mais um desdobramento musical, os The Gothic Archies. O novo disco chama-se The Tragic Treasury: Songs From A Series Of Unfortunate Events e segundo Merritt, a diferença entre a sua restante obra é que em The Tragic..., «qualquer réstea de esperança é absolutamente extinta». O álbum é editado a 10 de Outubro, um dia a seguir ao meu aniversário. Não poderia vir mais a propósito.

DA SÉRIE «ESQUISSOS PARA UM EPITÁFIO», Nº1 «Foi o Píndaro dos perdedores».

quarta-feira, setembro 13, 2006

SOMOS O QUE LEMOS

«But the last, the worst failure (I buried my lips in the dark living hair of Justine), the failure with people: it had been brought about by a gradually increasing detachment of spirit, which, while it freed me to sympathyze, forbade me possession. I was gradually, inexplicably, becoming more and more deficient in love, yet better and better at self-giving - the best part of loving»

Justine, Lawrence Durrell
ALL WRIGHT NOW! * Há dias atrás, espevitado pela resposta do maradona ao meu textículo sobre o Open dos USA, escrevi um post verdadeiramente antológico, com a imensa graça, erudição e bazófia que me caracterizam. Infelizmente, o próprio blogger foi abaixo, apercebendo-se alguém «lá deles» que eu merecia apenas compaixão. Fiquei amuado uma semana, primeiro por que não queria dar parte de fraco e estava divertido (também tenho muito tempo nas minhas mãos, mas enfim); depois, porque o meu subalimentado sitemeter, habituado a 60-70 visitas diárias (isto é um blogue de culto,ok?), lançou-se numa orgia anfetamínica de referrals de que já não pode prescindir.
O maradona - que nutre o mais elegante e inteligente amor-ódio ao futebol inglês - deu-me a abébia de falar em Ian Wright. E como já levou na cabeça, evitou os comentários homoeróticos do «homenzarrão» e coisas assim. Fez bem. Descobriu uma entrevista no excelente Top Of The Gear e, justamente, caiu de admiração. Como infelizmente ele não frequenta boas companhias (leia-se maluquinhos pela bola da Ilha), a descoberta foi tardia. Mas estou aqui para ajudar, e aqui vai o coup-de-grâce: eu vi o Wright jogar ao vivo duas vezes, no extinto Highbury Park. Mai'nada. Por razões que nunca consegui deslindar, desde sempre tive um fascínio pelo Arsenal, coisa que o livro de Nick Hornby, Fever Pitch (a melhor declaração de amor a um clube e ao jogo que conheço) veio tornar doentio. Mal pude, fui a Londres para vê-los jogar. Estava-se em 1995, Wright era já uma estrela fantástica (a contratação mais cara dos gunners, por 2,5m £ em 1991) e tinha ajudado a ganhar a extinta Taça dos Vencedores das Taças de 1994 (embora não tenha jogado na final).
Wright diferia de outros armários voadores ingleses - como Darius Vassell - pela inteligência com que jogava na área e uma rapidez impensável.Curiosamente, ele que fez parceria com Linneker e Shearer nos Três Leões, nunca conseguiu um desempenho à altura na selecção (mas isso é o fado do costume).
Só em Outubro de 2005 o príncipe Thierry Henry conseguiu bater o recorde de golos de Wright pelo Arsenal. Ver jogar o homem aos 33 anos ao lado de um dos melhores jogadores do mundo - Dennis Bergkamp - era de chorar por mais. E quando o povo cantava o seu nome, era de kleenex para cima...
Wright é comentador permanente no Match Of The Day, um programa de televisão da BBC que já faz parte da cultura pop inglesa (a música do genérico toca em muitos estádios antes do jogo); com Gary Linneker e Alan Shearer fez o melhor trio de comentadores de sempre deste último campeonato do mundo (é vir ao pub onde vou ver a bola, amigo maradona). Wright é ainda Member Of the British Empire e (segundo um amigo ainda mais fanático do que eu) assumiu recentemente a paternidade do seu enteado, Shaun Wright-Philips, também ele jogador da bola.
Venham de lá esses referrals.

*post revisto e corrigido, que eu sou humano.

quinta-feira, setembro 07, 2006

FINALMENTE UM ELOGIO DECENTE! De um amigo, apresentando-me à namorada inglesa: «He can be a bastard, but his manners are impeccable.»
ASSIM DE REPENTE NÃO VEJO OUTRO SENTIDO PARA A VIDA ...do que esperar pela noite para ver o jogo entre Federer e James Blake, nos quartos de final do US Open. A coisa tem duplo proveito: assiste-se, caso Blake se supere, a um jogo do catorze e, no dia seguinte, apanha-se com a análise do maradona, que mesmo em registo trólaró, como fez com a derrota de Nadal, vale muitíssimo a pena. Revi, a seu conselho, a esquerda de Gasquet, e tenho de dizer que o rapaz tem razão, embora não chegue às meias brancas de Sampras, em que a esquerda cruzada, em slice, em half-volley e na passada era o seu handicap - o que no caso daquele semi-deus quer dizer um «um bocadinho menos do que perfeito».
Por outro lado, ainda estou longe dos encómios que o rapaz dedica a Andy Murray, que apesar de alguma criatividade peca por falta de cabecinha. Falta-lhe crescer um bocadinho para poder ganhar respeito.
De resto, houve o «embate» entre Hewitt e Roddick, cuja única vantagem foi o de mandar um deles para casa (quem foi é irrelevante, ainda sobrou um) e a despedida de Davenport, cilindrada por uma super-heróica Henin-Hardenne. Para o chamado alívio cómico, atente-se aos comentários de um dos relatores de serviço, que são sempre hilariantes. Do género «a partida está praticamente ganha por Federer...ou se calhar não, nunca se sabe». É um bónus e ajuda a ficar acordado. Só para que saibam. Se estiver para aí virado, um destes dias conto o que fiz para ir ver a final de Roland Garros de 1984, entre o meu ídolo McEnroe e o Mr.Cool Ivan Lendl. Logo vejo.

quarta-feira, setembro 06, 2006

É TÃO BOM TER QUEM NOS COMPREENDA...(de uma entrevista a Roger Scrutton)

You witnessed the 1968 Paris riots. How did they affect your thinking?
They turned me against the left. I thought: "Whatever these people are against, I am for," because of the total irresponsibility and that the only important thing was to be novel, outrageous and transgressive.
A PROPÓSITO DO FIM D'O INDEPENDENTE Recebi um ou outro mail que me pedia para pronunciar sobre O Independente; li alguns (bons) textos em blogues sobre o assunto; pediram-me para prestar declarações para dois artigos.
Claro que fiquei triste, apesar daquele jornal não ser há muito tempo o que me fez acreditar em alguma coisa. Devo muito ao O Independente, desde 1988: escrita e pensamento mais escorreito, o prazer de trabalhar com o Miguel Esteves Cardoso, o prazer de trabalhar com amigos. Saí para criar a Kapa, mas mesmo assim voltei à alma mater sempre que precisaram de mim. Tenho saudades, no sentido em que a saudade é um filtro de perfeição para um objecto amado. Não tenho nostalgia.
E fico-me por aqui, até porque nestas alturas lembro-me sempre de uma frase de Nietzche, que aplico também à impossibilidade da linguagem, e que dizia (escrevo de cor) que tudo o que é dito já está morto algures no nosso coração.

segunda-feira, setembro 04, 2006


NOITES BRANCAS Não existe melhor pretexto para nos manter acordados (para além dos óbvios) do que assistir com firmeza às maratonas madrugadoras do Open dos USA. Ontem, um festim: a despedida emocionada de Agassi, o extraordinário jogo Moya-Blake, Federer a despachar com classe e algum desprezo Vincent Spadea (e mesmo assim a não fazer esquecer o melhor tenista que vi jogar na vida: Pete Sampras, cujo único defeito era ter a segunda melhor esquerda do circuito desde o neolítico); e nas senhoras, a linda Ana Ivanovic (vêde ao lado, I rest my case) a ser demolida pelo bulldozer paradoxalmente chamado Serena. Sharapova limpou a russa mais velha cujo nome se me escapa, só com o brilho da sua gola Audrey Hepburn. Hoje há mais.

sábado, setembro 02, 2006

Back in business, para não variar. O estabelecimento está oficialmente reaberto, ainda que o proprietário ainda não esteja refeito de umas férias decentes, com momentos de sublime elevação, quase todos devidos a American V, de Johnny Cash. Mas disso falaremos mais tarde, que agora ainda não me apetece.

sexta-feira, agosto 25, 2006

HERÓI PESSOAL DO MOMENTO: «What's it all about, Alfie?»
BREVÍSSIMA E ÚNICA INTERRUPÇÃO DAS FÉRIAS (ou: isto estava-me mesmo atravessado, o que é que querem?) Hoje somos todos de Plutão.

sexta-feira, agosto 11, 2006

Acordar com o riso dos meus filhos, andar devagar, ler a maravilhosa edição do Wuthering Heights da Oxford Classics, entardecer com um gin tónico correcto e uma balada de Miles Davis,rumar aos bailaricos das festarolas locais, rir, ganhar prémios bizarros nas quermesses, a alegria dos amigos que vêm de visita, comer muito e bem, praia, silêncio, adormecer ao som distante de um sino da igreja da aldeia vizinha e saber que no dia seguinte vai ser igual.Não preciso de mais agora. Por isso, até já.
The Divine Comedy - Becoming More Like Alfie

PREVISÃO AFECTIVA PESSOAL PARA OS PRÓXIMOS MESES

Once there was a time
when a kind word would be enough
And once there was a time
I could blindfold myself with love
But not now - now I'm resigned
to the kind of life I had reserved
for other guys
less smart than I
Y'know, the kind who will always end up with
the girls

And besides
everybody knows that 'No' means 'Yes'
just like glasses come free on the N.H.S.
Bu the more I look through them the more I see
I'm becoming more like Alfie

segunda-feira, agosto 07, 2006

EM DEFESA DE FLOYD LANDIS, VENCEDOR DO TOUR DE FRANCE E ACUSADO DE DOPING E desde quando é que ter «excesso de testostrona» é uma coisa má ?
Three Lions Football's Coming Home (1996 Edition)

Uma das melhores football songs - senão a melhor - e claro a apoiar os Três Leões.Com uma dedicatória muito especial aos meus cúmplices de anglofilia de há quase duas décadas.One day, lads, one day...

domingo, agosto 06, 2006

YOU GO TO MY HEAD E embora esteja um pouco maçado dos epifenómenos Zidane, não posso deixar passar ao lado esta canção, excelente para levar para o Algarve. Todos juntos, agora:«Zidane, il l'a frappé/Zidane il l'a frappé/ Coup de boule! Coup de boule!»...
Velvet Underground

Sunday Morning, a abertura de um dos discos mais revolucionários de sempre.Ah perversa inocência...O mundo tal como ele é, ao mesmo tempo que na costa ocidental se falava de paz e amor e se faziam filhos na lama. «watch out/ the world's behind you/there's always someone around you/ who will call/ It's nothing at all...». A seguir chegava Waiting for my man, Heroin, Venus In Furs, All tomorrow's parties.

sexta-feira, agosto 04, 2006

MELHOR PARÁFRASE MUSICAL DO ANO: «I bet you look good in a book store»*, da responsabilidade óbvia da sweet, sweet and sour I.

*d'aprés I bet you look good on the dancefloor, Artic Monkeys.Mas não era preciso eu escrever isto, pois não?

segunda-feira, julho 31, 2006

SÃO AS PRIORIDADES, ESTÚPIDO! Leio com agrado um excerto de uma carta que António Lobo Antunes escreveu ao advogado Miguel Veiga:«As três coisas mais importantes na vida são a amizade, as mulheres e os livros». Totalmente de acordo; mas a tragédia da minha vida é ainda não ter compreendido qual é a ordem correcta.


BANDA SONORA DE UM FIM DE SEMANA ALENTEJANO:«Eu passo a tarde na cantina/Vamos pr'á piscina, vamos pr'á piscina!», GNR, Dá Fundo,do álbum Psicopátria (1986)

terça-feira, julho 25, 2006

A SAÚDE ESTÁ PRIMEIRO, VÁ AO ROCK NO VIMEIRO Por opção, este estabelecimento não se inscreve no género «confessional». Nada contra, apenas feitio. Se não divulgo mais a minha vida «privada» é apenas porque ela é, na sua maioria, privada de interesse. Os gostos, os estados de espírito, alguns episódios são verdadeiros e coincidem mais ou menos comigo (geralmente são melhores). Mas evito o «ontem fui», «amanhã estarei», e «os meus amigos que...».
Este último assunto é-me particularmente sensível, já que prezo a amizade como estado superior de vida, uma espécie de amor livre do seu fascismo. Acontece que alguns amigos, por mérito próprio, destacam-se nas suas áreas profissionais e são conhecidos. Como tenho terror de name dropping, evito espalhar o orgulho que tenho deles aqui no blogue. Mas hoje não.
Toda esta conversa porque estive no Vimeiro com velhos amigos meus: os The Gift e os GNR, mais particularmente o Rui, companheiro de guerras e pazes antigas, e o único homem que eu invejo à face da Terra.
Os meus cúmplices de Alcobaça estão cada vez melhores, e atiram-se a cada concerto como se não houvesse amanhã. O arranjo de palco de Não É Fácil Entender, a hidden track de AM-FM, e a nova 645 mostraram bem do que o grupo é capaz; e então agora, que conta com um convidado de peso na bateria: nem menos do que o enorme Mário Barreiros, veterano destas andanças e um dos melhores produtores do burgo. Quanto à Sónia...bastava haver mais uma como ela no circo pop-rock e seríamos abençoados.
Enquanto os Strokes conquistavam Lisboa, eu vi um concerto que não via há quase dez anos: o dos GNR. E caso ainda haja dúvidas, aproveito para reiterar: RUI REININHO É O MELHOR FRONTMAN QUE ESTE DESGRAÇADO PAÍS TEM HÁ MAIS DE 20 ANOS. O homem está numa forma espantosa, com o wit ao máximo ( a forma como continua a refrasear as suas letras conforme o público que tem à frente é brilhante) e bem secundado pelos seus capangas (Jorge Romão parece sempre estar on seu primeiro concerto, Toli tem um visivel prazer em tocar à frente do palco). Mesmo a velocidade de cruzeiro - que o público era desgarrado e impróprio, entre convidados do concurso hípico e figuras da Quinta das Celebridades - os GNR continuam à frente. E com canções como Popless (especial para mim, que estive no making of...da letra) ou a velhinha Morte Ao Sol fazem mais pela música moderna do que a banda que naseu ontem. Quando o Rui deu por terminado o concerto, vestido com uma t-shirt que reproduzia a bandeira da Turquia (só quem não quis não percebeu o humor provocatório), corri para os camarins para dar os parabéns. E mostrar a vaidade da amizade.
EU SEI QUE A QUESTÃO É DELICADA, QUE HÁ MUITAS PERSPECTIVAS, QUE ...MAS JÁ QUE ME PERGUNTAM, EIS A RESPOSTA:

terça-feira, julho 18, 2006


MÚSICA DE SUPERMERCADO Se existe coisa em que acredito piamente são em estranhos serendipismos, que com uma frequência quase mal-sã me acontecem. Infelizmente não nos assuntos mais importantes da vida, mas não me posso queixar: Deus tinha de castigar a minha preguiça com qualquer coisinha.
But I digress: o objectivo deste post é só dizer o seguinte: gente civilizada que gostais de música civilizada - correi para os Carrefours da vossa área! Na zona junto às caixas registadoras (ou pensam que é tudo por acaso?) encontrareis baús abertos cheios de valiosíssimos tesouros ao preço risível de 5 e 7 euros. Ora, quando digo risível quero mesmo dizer «não merecemos tamanha dádiva». Quem como eu encontrou a discografia quase completa de John Coltrane sabe do que estou a falar: não há dinheiro que pague (mas não digam aos gerentes do supermercado, por favor). Do que ainda não tinha em CD, abarbatei de imediato um dos melhores discos de baladas feito entre aqui e Urano: o supiníssimo John Coltrane and Johnny Hartman. De Coltrane é mais fácil saber a história: saxofonista virtuoso, Blue Trane, hard-hard bop com ligações a África, blá blá blá. Mas um baladeiro de se lhe tirar o chapéu, como se prova neste disco de dois solistas. Coltrane sabe exactamente a dimensão das canções e faz ora solos brilhantes mas contidos ora obligatos que respondem e perguntam às frases de Hartman.
Hartman é talvez o cantor da era pós-bop mais subestimado. Ainda não encontrei em ninguém aquele timbre perfeito, quente nos graves mas capaz de um agudo a sério e um sentido de frase e paráfrase que só revejo em Sinatra. Ouvir My One And Only Love ou You Are Too Beautiful faz com que por uns breves momentos possamos acreditar na beleza inequívoca da natureza humana. E por 5 euros, repito. É muito.
Do raid ao supermercado trouxe mais. Cassandra Wilson Sings Standards, por exemplo, que contém uma versão de I'm Old Fashioned que devia ser dada nas escolas (e que se calhar é). Mas se mesmo assim voltasse para casa com esta pepita já era um homem feliz.

sexta-feira, julho 14, 2006

SHORTCUT TO HAPPINESS (ou elogio do hipertexto): Da Charlotte fui parar aqui. Daí fui parar aqui. Agora, sou um homem muito mais feliz e divertido. Thanks, Lucy and Zoe!
BIG AD. É por anúncios como este que eu de vez em quando tenho saudades do tempo em que era criativo numa agência. Leão de Ouro no Festival de Cannes. Enjoy, com o som bem alto.




RAZÕES POR QUE NÃO SOU ATEU, Nº138: ISABELLE ADJANI

segunda-feira, julho 10, 2006

LATE BAR PHILOSOPHERS, VERSÃO PESSOAL: Entramos então oficialmente na fase do «falhar melhor», sempre na esperança de ser a última vez. E há uma estranha alegria nisso, há uma estranha alegria.

quinta-feira, julho 06, 2006

LATE BAR PHILOSOPHERS, CROMO Nº6: Foi nessa altura que um inglês, chamado Durrell, interrompeu o que já se transformava em cacofonia filosófica e disse, fumando calmamente:« Loving is so much truer when sympathy and not desire makes the match; for it leaves no wounds». Mas toda a gente ficou com a sensação que havia mais para dizer.

quarta-feira, julho 05, 2006

UMA PALAVRINHA DE QUEM SABE PARA O JOGO DESTA NOITE (E SEGUINTE, ESPEREMOS NÓS)

segunda-feira, junho 26, 2006

WIMBLEDON! WIMBLEDON! E nestes dias de voragem televisiva, entre jogos de futebol e episódios do The L word (o que cria uma espécie de paraíso masculino heterossexual), convirá não esquecer que o torneio mais civilizado do mundo já começou. No departamento masculino, a técnica e a força perfeitas de Federer deverão dar-lhe a vitória - mais uma vontade insaciável de bater os recordes de Borg e Sampras. O meu coração gostaria, mesmo assim, que Tim Henman - o derradeiro dos tennis gentlemen - tivesse uma alegria este ano, retomando o caminho que Fred Perry abriu. Mas não me parece.
Nas senhoras, a minha fidelidade à melhor tenista dos últimos 10 anos - Martina Hingis - irá impedir-me de torcer por mais alguém. Hingis regressou após 3 anos de ausência com o mesmo ténis predador, feito de sorrisos, amuos e uma implacável e inteligentíssima caça às fraquezas das adversárias. Mas não será ainda o ano da suíça.
Entretanto, hors tennis...eis que chega a primeira designer player (ao que isto chegou): é bonita, russa, loira, ganhadora e vestida dos pés à cabeça por Stella McCartney.Senhoras e senhores: Maria Kirilenko.
HERE WE GO AGAIN. E não há remédio que valha a esta esquizofrenia futebolística. Marco Paulo é o meu profeta.

quinta-feira, junho 22, 2006

MELHOR SMS RECEBIDO DURANTE O MUNDIAL: « Ikea ganda golo!», depois do golaço de Joe Cole no Inglaterra-Suécia.
ENTRETANTO, NOUTRO CAMPEONATO... Resultado ao intervalo: EXPECTATIVAS -O, REALIDADE - 1 (Guedes, 8', própria baliza)

APENAS MAIS UMA PROVA DE COMO HAVER UMA FEDERAÇÃO INGLESA DE FUTEBOL SERIA TÃO REDUNDANTE COMO UMA ASSOCIAÇÃO DE FADO PORTUGUÊS: o minute-by-minute do Portugal-México visto pelo The Guardian (com a ilustração brilhante de «separados à nascença» Maniche- Lindsay Davenport) é dos textos mais hilariantes que tenho lido sobre um jogo e, ao mesmo tempo, consegue ser uma análise certeira.
Para aqueles que espumam já de raiva com o «lá-vem-este-com- a- mania-de-Inglaterra», aviso que o autor não é xenófobo e troça indistintamente do México, de Portugal, de Inglaterra e dele próprio. Memorável a descrição do falhanço do penalti mexicano: «But no worries:Bravo steps up and Beckhams it about 400 yards high and 20 yards right».


(com um agradecimento a este rapaz)
A OUVIR EM MODO REPEAT 1, NA GRAFONOLA CASEIRA: Dress up in you, de Belle And Sebastian. Convirá dizer que não sou nem nunca fui grande admirador do folk-pop introspectivo destes escoceses, com melodias etéreas e frases de trompete judiciosamente colocadas. No género, há mais e melhor, e sempre fiquei com a sensação que a música era, na sua simplicidade e beleza, bastante superior às letras - normalmente inconsequentes.
O anterior Dear Catastrophe Waitress (2003) levou com a mão pesada de Trevor Horn, mas que pelo menos serviu para disciplinar os rapazes (e a moça).
Em The Life Pursuit a impressão final é a de mais do mesmo, embora com canções aceitáveis. Mas existe esta pérola, Dress up in you: uma suave canção de rejeição, uma dor de corno resignada e linda, em que apesar da fanfarronice do amante ignorado («they are hypocrites/so fuck them too») se pressente um amor triste que se esvai, uma esperança que se vê partir devagarinho depois de tantos planos feitos. Uma pequena delícia que dificilmente ficará para a história, mas que se irá derreter lentamente nos nossos corações, como convém a uma boa canção pop.

Dress Up In You

I?m the singer, I?m the singer in the band
You?re the loser, I won?t dismiss you out of hand
Cos you?ve got a beautiful face
It will take you places

You kept running
You?ve got money, you?ve got fame
Every morning I see your picture from the train
Now you?re an actress!
So says your résumé
You?re made of card
You couldn?t act your way out of a paper bag

You got lucky, you ain?t talking to me now
Little Miss Plucky
Pluck your eyebrows for the crowd
Get on the airplane
You give me stomach pain
I wish that you were here
We would have had a lot to talk about

We had a deal there
We nearly signed it with our blood?
An understandingI thought that you would keep your word
I?m disappointed
I?m aggravated
It?s a fault I have, I know
When things don?t go my way I have to

Blow up in the face of my rivals
I swear and I rant, I make quite an arrival
The men are surprised by the language
They act so discreet, they are hypocrites so fuck them too!

I always loved you
You always had a lot of styleI
?d hate to see you on the pile
Of ?nearly-made-it? s
You?ve got the essence, dear
If I could have a second skin
I?d probably dress up in you

You?re a star now,
I am fixing people?s nails
I?m knitting jumpers, I?m working after hours
I?ve got a boyfriend, I?ve got a feeling that he?s seeing someone else
He always had thing for you as well

Blow in the face of my rivals
I swear and I rant, I make quite an arrival
The men are surprised by the language
They act so discreet, they are hypocrites forget them

So fuck them too!

quarta-feira, junho 14, 2006

DIÁLOGOS DURANTE O MUNDIAL

-A Alemanha venceu a Polónia.
-Já os vi começarem por menos.

sexta-feira, junho 09, 2006

ASSIM DE REPENTE, NÃO ME LEMBRO DE MAIS NADA.

terça-feira, junho 06, 2006

ESTE VOSSO CRIADO: Orgulhosamente a fazer parte dos «0,01 por cento de intelectuais» que arrasam Scolari, desde 2002. *

*ao contrário de, por exemplo, um António Pedro Vasconcelos, cavaleiro andante do brasileiro mal Portugal começou a ganhar no Euro 2004

segunda-feira, junho 05, 2006

Cada vez mais verdadeiro, meus amigos, cada vez mais verdadeiro.
NOW I SAW THEIR FACES, NOW I'M A BELIEVER

na foto: Michael Owen e Peter Crouch celebram um dos golos frente à selecção da Jamaica (6-0)

terça-feira, maio 30, 2006

E O PRÉMIO «MELHOR FRASE DO FIM DE SEMANA» VAI PARA: « O Schumacher é o Carrilho da Fórmula 1», autor devidamente identificado.

segunda-feira, maio 29, 2006

GRATIDÃO Um calor colonial, uma varanda com mesa no centro da cidade, uma árvore em frente, um gin -tónico home made, um Sinatra que canta Nice n' Easy (despedida oficial da minha fase One For My Baby (And One More For The Road), a terceira leitura de O Poder E A Glória, uma compilação de ensaios sobre Greene editados por Harold Bloom: a vida eterna em que me esforço diariamente por acreditar tem de passar por aqui.
I'M READY, LADS! Um dia de praia e pareço o sacana do Pimpinela Escarlate. Agora sim, estou pronto para apoiar a selecção inglesa.

sexta-feira, maio 26, 2006

A OUVIR EM MODO REPEAT ALL, NA GRAFONOLA CASEIRA: The Novelist, de Richard Swift. Cheers, Tomás!

CLARO QUE SIM. E JÁ AGORA, O SANTO GRAAL. Liga-me um colega desesperado:«Nuno, não me encontras um jornalista que diga bem do Rock In Rio»?

terça-feira, maio 23, 2006



2DJS DO CA*******! LIVE SET

The Bairro Alto Tour

Pior do que a gripe das aves, esta é a epidemia que devemos temer!!

dia 2 de Junho, a partir das 00.00h - NAPERON (R. da Barroca)

dia 9 de Junho, a partir das 00.30 - local a confirmar, mas é quase como se já estivesse...Depois falamos.

Mais do mesmo ? Claro, mas curiosamente sempre melhor.

Perguntas, pedidos, sugestões e fogosas declarações de amor para djsdocaralh@gmail.com

EXERCÍCIO ÚTIL PARA O MUNDIAL QUE SE APROXIMA (att: a não ler pelos fãs do selecionador nacional): Para quem, como eu, se anda a queixar desde 2002 do minuto infeliz em que Madaíl teve a epifania de contratar um dos mais burros treinadores de futebol do globo e, mesmo assim (leia-se: mesmo com a selecção inglesa em força) não quer deixar de apoiar os jogadores portugueses, proponho o seguinte exercício mental que é o que me está a ajudar e até agora me tem impedido de entregar o passaporte.

Fase 1: Imagine que Scolari não é um homem mas sim um pequeno país.

Fase 2: Imagine que esse país, por magia ou mistério, foi apurado para uma fase final de um torneio mundial.

Fase 3: Imagine que simpatiza com pequenos países, mesmo teimosos, arrogantes, que teimam em arvorar um curriculo patético (campeão pelo Grémio ? Who gives a flying fuck? Campeão mundial com o Brasil de 2002? A equipa nem precisava de treinador, só precisava de jogar. E mesmo assim foi carregada até à taça: lembrai-vos do Brasil-Turquia e do incómodo da FIFA em perder o Brasil numa fase final).

Fase 4: Ultrapssadas as fases anteriores, poderá dizer em público:«Eu apoio a selecção de Scolari», ou «Os jogadores de Scolari são todos portugueses», ou «Em Scolari, as celebrações devem estar ao rubro», ou «Na pequena capital de Scolari, Sonnof-Putinni, toda a gente tem bandeiras à janela».

É uma óptima maneira de salvar a face e não deixar de ser patriota.
RESULTADO FINAL APÓS RAID PROFISSIONAL A SEVILHA: Entrevista, 1- Barra de tapas,8.

quarta-feira, maio 17, 2006

ARSENAL-BARCELONA? AINDA BEM QUE ME FAZEM ESSA PERGUNTA.

segunda-feira, maio 15, 2006

LATE BAR PHILOSOPHERS, CROMO Nº4 «Tenho este perverso consolo: as mulheres que amei chegaram-me sempre tristes e partiram sempre felizes».
EM QUE O AUTOR DESTE BLOGUE PERMITE PELA PRIMEIRA VEZ ALGUMA LICENCIOSIDADE NOS VOCÁBULOS, À CONTA DA POESIA

O nosso amor parecia uma história de fadas
o encanto girava que nem em quatro rodas
depois as rodas deram umas guinadas
e descambou tudo num conto de fodas

Daniel Maia-Pinto Rodrigues, Apontamentos do Cônsul Von Troche
DOS ARQUIVOS DO TRADUÇÃO SIMULTÂNEA : «SÓ MAIS UMA COISA Não gosto de Scolari. Não gosto da forma como (não) preparou a equipa, não gosto do seu discurso arrogante, não gosto dos pedidos que faz ("cinco mil carros a acompanharem-nos de Alcochete até ao estádio")»*. Palavra de honra que odeio ter razão.


*publicado originalmente em 20 de Junho de 2004.

sexta-feira, maio 12, 2006

DAS TRISTES CONSTATAÇÕES O meu blogue é melhor do que eu.

quinta-feira, maio 11, 2006

LATE BAR PHILOSOPHERS, CROMO Nº3: Ele insistia na existência de uma cidade, para onde teriam ido todos os amores que perdeu.
HOPING AND WAITING: Regresso à Irlanda, logo que possa. Mais do que um país ou um sonho, várias vezes provou ser a minha salvação.

Na foto: lago na província de Connemara, a oeste da Ilha. A única zona do país onde o gaélico é a língua mais falada.

quarta-feira, maio 10, 2006

OK, OK TAMBÉM NÃO RESISTI (e respondi com sinceridade, ai ai...)

«Melancólico», «romântico», «pela-se pela doce amargura de um coração partido»...Sou tão fucking predictable que até o Cid me topa.

LATE BAR PHILOSOPHERS, CROMO Nº2
«Qual é o teu cantor preferido?»
« O Paul Simon, por causa do 50 Ways To Leave Your Lover.»
E AGORA, UM POUCO DE EXEGESE LITERÁRIA, QU'ISTO É UMA CASA SÉRIA Não conheço outra palavra ou expressão em português que se compare a 'serendipity', essa descoberta ao acaso que nos transmite felicidade. Pois foi mesmo assim que me deparei com o livro Malva 62, de Daniel Maia-Pinto Rodrigues. Ao que parece é o nono livro do autor, que entretanto já tem uma prateleira cheia de prémios e encómios. Mea culpa. Mas não deixo de estar menos contente por isso, por descobrir esta poética que roça a conversa de café, feita de uma displicência brilhante, à beira do abismo. Os poemas - às vezes meros aforismos de uma frase - são inevitavelmente irregulares, mas quando são bons, são bons. Como este:

Gosto daquela cigarra
que quando chega o inverno
e porque gosta
come as formigas.

Lembra Adília Lopes sem as referencias eruditas ? Lembra. Mas há mais: dos poemas brejeiros do capítulo Apontamentos Do Cônsul Von Troche, como

Aliás, entende uma coisa, Lilas
eu não sou nenhum Lagardére.
Primeiro comamos as lulas, Lilas
e se o teu namorado não vier
um gajo depois vê isso das pilas.

aos simples aforismos, do qual o meu favorito é

O meu avô acreditava em cinco coisas.
Eu só acredito em duas.

gosto muito disto, para citar uma complexa frase de critico literário. E para não chatear mais, deixo

Pertencera a um grupo de malta rebelde.
Desenvolveu alguns programas de rádio
e também, parece, algumas encenações teatrais.
Todavia o seu projecto principal era o de mudar o mundo.
Ao que eu lhe disse que o meu grande projecto
foi sempre o de que o mundo não me mudasse a mim.


Voltaremos ao assunto, como se diz na SIC-Notícias.

segunda-feira, maio 08, 2006



Lista de convocados: Guarda-redes: Paul Robinson (Tottenham); David James (Manchester City) e Robert Green (Norwich City);

Defesas: Gary Neville (Manchester United), Rio Ferdinand (Manchester United), John Terry (Chelsea); Ashley Cole (Arsenal), Sol Campbell (Arsenal), Jamie Carragher (Liverpool) e Wayne Bridge (Chelsea);

Médios: David Beckham (Real Madrid), Michael Carrick (Tottenham), Frank Lampard (Chelsea), Steven Gerrard (Liverpool), Owen Hargreaves (Bayern Munique), Jermaine Jenas (Tottenham), Stewart Downing (Middlesbrough), Joe Cole (Chelsea) e Aaron Lennon (Tottenham);

Avançados: Wayne Rooney (Manchester United), Michael Owen (Newcastle), Peter Crouch (Liverpool) e Theo Walcott (Arsenal).

Lista de jogadores convocados à condição: Scott Carson (Liverpool), Luke Young (Charlton Athletic), Nigel Reo-Coker (West Ham), Jermain Defoe (Tottenham) e Andrew Johnson (Crystal Palace).

MANIAS IMBECIS DE QUE NÃO ME CONSIGO LIVRAR: Traduzir automaticamente 'stabat mater' por 'apunhala a mãe'
GRANT MCLENNAN, in memoriam

Como se paga a alguém que fez a banda sonora dos nossos dias ? Talvez ouvindo Bachelor Kisses vezes sem conta, uma das mais bonitas canções dos últimos 30 anos.

domingo, maio 07, 2006


O ÚNICO POST POSSÍVEL (ainda com o coração aos saltos) : BRIOOOOOOSAAAAAA!

quinta-feira, maio 04, 2006

LATE BAR PHILOSOPHERS, CROMO Nº1: Quando lhe disseram que uma mulher que amou se ia enfim casar, não se espantou:«A minha história afectiva é feita de 'the ones that got away'»

terça-feira, maio 02, 2006

A PROPÓSITO DE MEMÓRIAS INEVITÁVEIS (para a.)

Da verdade do amor

Da verdade do amor
se meditam
relatos de viagens confissões
e sempre excede a vida
esse segredo que tanto desdém
guarda de ser dito

pouco importa em quantas derrotas
te lançou
as dores os naufrágios escondidos
com eles aprendeste a navegação
dos oceanos gelados

não se deve explicar demasiado cedo
atrás das coisas
o seu brilho cresce
sem rumor

José Tolentino de Mendonça
...MAS QUE AS HÁ, HÁ!
Your Life Path Number is 3
Your purpose in life is to express your unique self.

You are a creative and artistic person with an interesting view on life.
Witty and outgoing, you enjoy sharing your crazy ideas with anyone who will listen.
A total social butterfly, you're the life of any party.

In love, you inspire and enchant your partner. You are often an object of fantasy and desire.

While you are very talented, you sometimes lack the ambition to put your talents in play.
And while your wit carries you a long way, you occasionally use it to mask your true feelings.
Your natural abilities can bring you all the success in the world ... if you let them
What Is Your Life Path Number?
UMA DESGRAÇA NUNCA VEM SÓ Wayne Rooney não vai ao mundial.Causa: esse fino artista chamado Paulo Ferreira, um lateral que podia jogar na selecção da Amadeu Gaudêncio. Para mim, que divido o coração entre Portugal e os três leões, é meio caminho andado para cancelar a Sport TV. Depois da possibilidade de renovação de Scolari, foi o pior que me podiam fazer. Mas este meu amigo explica melhor, como de costume (enfim, se esquecerem o desbragamento anti-anglófilo, fruto de uma emoção quase compreensível)

quinta-feira, abril 27, 2006

NÃO HÁ AMOR COMO O PRIMEIRO (revisitando o cada vez mais extraordinário Look Homeward, Angel, de Thomas Wolfe)

«He was in agony because he was poverty-stricken in symbols: his mind was caught in a net because he had no words to work with. He had not even names for the objects around him: he probably defined them for himself by some jargon, reinforced by some mangling of the speech that roared about him, to which he listened intently day after day, realizing that his first escape must come through language. »
E TU AINDA NÃO VISTE NADA, EDUARDO ! Vamos passar a nossa famosa versão

Oakeshott the sheriff
but I didn't shoot the deputy...

A sério, ri-me muito com o Carl Schmitt.

quarta-feira, abril 26, 2006

MEU DEUS:ESTAMOS NAQUELA ALTURA DO MÊS...



2DJ'S DO C********! LIVE SET
(agora com ar condicionado)

SEXTA, DIA 28, A PARTIR DAS 00.00H, no Naperon, à R.da Barroca (mas podem passar também pelo Frágil, que nós não nos importamos porque vamos lá tocar para o mês que vem e já não somos quase famosos)

Mais uma extraordinária selecção vintage do Hotel Júpiter, da Praia da Rocha, entre 77 e 78!

Convidado especial: Vítor Espadinha (se aparecer)

Promessas, fotos, pedidos e marcações para djsdocaralh@gmail.com

Os 2Dj's são Nuno Miguel Guedes e Zé Diogo Quintela (nomes registados)

segunda-feira, abril 24, 2006

25 DE ABRIL, SEMPRE! «Singer Dan Gillespie Sells [The Feeling], who admits to having had an indie phase once, says:'There are no guilty pleasures anymore.You're allowed to like Andrew Gold, E.L.O., Supertramp or 10cc. It's really liberating'». Nem mais. É só um minuto enquanto ponho Love It When You Call ('but you never call at all...') pela 4ª vez nesta meia-hora.

sexta-feira, abril 21, 2006

AMOR OMNIA VINCIT. OU ENTÃO NÃO. Dois novos blogues que vivem do amor, com duas visões diferentes mas ambos bons: o contemporâneo Um Amor Atrevido e o romântico-dandy (com piscadelas ao Monte dos Vendavais) Posta Restante. Confirmai.

quinta-feira, abril 20, 2006

OBRIGADO E já que estamos numa rara vaga de auto-gratificação, aproveito para agradecer a todos os que me entupiram o coração e o sitemeter com os parabéns pelo «aniversário» do Tradução. Ficam os links invisiveis, mas os que realmente contam.
«WE SELL UNDERSTANDS» Desculpem lá, eu sei que lá colaboro: mas a verdade é que este blogue está cada vez melhor. A matéria-prima é infindável...

segunda-feira, abril 17, 2006



EM MODO DE REPEAT ALL, NA VITROLA CASEIRA, 29, DE RYAN ADAMS. E sim, disse Ryan. '29' devolve o rapaz no seu mais sombrio, com nove canções de ruas escuras, traseiras infectas, cidadezinhas sem esperança, drogas sortidas e amores condenados. Para um compositor tão exageradamente prolífico como o é Ryan (se não me engano 5 discos em 2005), é obra conseguir uma colecção de canções tão equilibradamente boa, oito baladas embrulhadas no seu estilo alt country, uma espécie de Neil Young em bom. Como os melhores discos de raiva e amor, 29 não deve ser colocado ao alcance das crianças. Do rockabilly sujo que abre as hostilidades e que dá nome ao disco, passando por Nightbirds ou Starlite Diner, este é um álbum para os dias chuvosos da alma. Atenção aos excelentes Elizabeth, You Were Born To Play That Part ("calculate the changes that in time/turn to nothing and then multiply/yourself by pain,/and you're not even close Elizabeth") e a supina The Sadness (a minha favorita), um pesadelo espanholado que podia ter sido sonhado por Nick Cave.
DA PÁSCOA Senti esta Páscoa como há muito não sentia: não no sentido meramente festivo, mas na certeza que é preciso saber lidar com a Cruz gloriosa, morrermos para nos encontrarmos numa Esperança de Ressurreição que, acredito, Alguém já provou. E tudo condensado em quatro dias. Quatro dias para uma vida, a partir de agora.

quinta-feira, abril 13, 2006

PRATO DO DIA:GLAD TO BE UNHAPPY (Hart/Rodgers)

(verse)
Look at yourself, if you had a sense of humor
You would laugh to beat the band
Look at yourself, do you still believe the rumor
That romance is simply grand?

Since you took it right on the chin
You have lost that bright toothpaste grin
My mental state is all a-jumble
I sit around and sadly mumble

(chorus)
Fools rush in, so here I am
Very glad to be unhappy
I can't win, but here I am
More than glad to be unhappy
Unrequited love's a bore
And I've got it pretty bad
But for someone you adore
It's a pleasure to be sad

Like a straying baby lamb
With no mammy and no pappy
I'm so unhappy
But oh, so glad.

Sirva-se em doses generosas de Sinatra - versão In The Wee Small Hours - , de preferência a horas tardias e estado de espírito condizente. Acompanha com um Jameson straight. Ou dois, ou três. Depois, chega a vidinha.
HOJE FAZEM ANOS: o blogue Tradução Simultânea - três anos a servir inanidades e estados de espírito sortidos, que quase se confundem com a vida.
RAZÕES PORQUE NÃO SOU ATEU, Nº9:SAMUEL BECKETT (nascido a 13 de Abril de 1906)

POZZO [Suddenly furious.] Have you not done tormenting me with your accursed time! It's abominable! When! When! One day, is that not enough for you, one day like any other day, one day he went dumb, one day I went blind, one day we'll go deaf, one day we were born, one day we shall die, the same day, the same second, is that not enough for you ? [Calmer.] They give birth astride of a grave, the light gleams an instant, then it's night once more.

Waiting For Godot, 1953


quarta-feira, abril 12, 2006

DOS RITUAIS INÚTEIS, PARTE 23 Celebrar efusivamente a abertura de um novo Moleskine.
PREPARANDO A PAIXÃO E RESSURREIÇÃO DE CRISTO

Death, Be Not Proud

Death, be not proud, though some have callèd thee
Mighty and dreadful, for thou art not so;
For those whom thou think'st thou dost overthrow
Die not, poor death, nor yet canst thou kill me.
From rest and sleep, which yet thy pictures be,
Much pleasure, then from thee much more, must low
And soonest our best men with thee do go,
Rest of their bones and soul's delivery.
Thou art slave to fate, chance, kings and desperate men
And dost with poison, war and sickness dwell,
And poppy or charms can make us sleep as well
And better than thy stroke; why swell'st thou then ?
One short sleep past, we wake eternally,
And death shall be no more; death, thou shalt die.

John Donne