E DE REPENTE O FUTEBOL INGLÊS É O MELHOR DO MUNDO* Três clubes três nas meias finais da Champions (a menos que haja uma catástrofe com o Liverpool). Sete a um contra um clube italiano. Mourinho a dizer que só sai do campeonato inglês quando não o quiserem (já podes vir ver connosco os jogos ao Pump House, pá). E ainda há a UEFA. E o prazer indizível de ter escrito isto tudo.
*para os iluminados com um atraso de alguns aninhos...
6 comentários:
eu gosto do Mourinho =P
Não é para estragar uma boa teoria, mas a Itália também teve três clubes nas meias-finais em 2003. E uma final só com clubes italianos. Nos últimos 15 anos, houve 9 finalistas italianos, 7 espanhóis, 4 alemães e apenas 3 ingleses. O campeonato do Mundo está justamente nas mãos da Itália, e a Liga dos Campeões - por enquanto - nas mãos de um clube espanhol. Um jogo como o de ontem acontece uma vez numa geração.
A Premiership é a liga mais excitante do Mundo e não a trocava por nada. Mas "melhor"? Não nos entusiasmemos. O meu clube também já deu 7-1 ao Benfica e eu não desatei logo a reclamar estatuto de "melhor".
(Ok, esta última parte é mentira).
Rogério, quer-me parecer que a palavra chave aqui é «melhor». Se é a mais excitante e não a trocavas por nada, então é em oposição a quê? Os números não me interessam assim tanto. Depois do castigo desproporcionado de Heysel, o que se viu foi a falta que os clubes ingleses fizeram na Europa. E quase sempre chegavam até muito perto das finais europeias.
A questão não é o jogo de ontem. É verdade que eu acho que por lei as equipas italianas só deviam ser permitidas até aos quartos de final, e a Itália campeã mundial é o triunfo do tédio. Por outro lado, sei que nas ligas espanholas e italianas há enormes jogadores, mais do que na inglesa. Mas não chega: todas as ligas são produto do país onde estão, da cultura do jogo, da atitude dos jogadores e de tudo à volta, da tradição. E nesse sentido, sim: a Liga Inglesa é de outro campeonato. Um grande abraço.
Concordo: a palavra chave é precisamente "melhor". O meu clube também é o mais excitante; também não o trocaria por nada; mas não me passaria pela cabeça defender seriamente que o Sporting é o "melhor" clube do Mundo. A cabeça tem preferências e o coração também: quando coincidem é uma sorte, mas uma sorte rara.
Eu prefiro o futebol inglês em quase tudo: cultura, tradição, estádios, ambiente, árbitros e principalmente adeptos (que tão injustiçados têm sido, como se viu na semana passada). Mas há dois grãos de areia na engrenagem: um é o facto de eu também gostar de tabelinhas, triangulações, túneis, e passes de primeira de um lado ao outro do campo. Ontem, na primeira meia-hora, a Roma jogou melhor que o Manchester (houve o pormenor dos golos, é verdade, mas eu ligo pouco a isso). E o argumento do tédio não colhe se pensarmos na maneira como o Chelsea e especialmente o Liverpool têm jogado. A eliminação do Barcelona foi feita ao pior estilo "italiano".
O segundo grão de areia é o facto de eu ter 25 libras empatadas no AC Milan para ganhar isto desde Setembro do ano passado. Portanto, até 23 de Maio, a anglofilia desportiva vai ter de se pôr mansa. Prostituir-me-ei desavergonhadamente pela superioridade do futebol italiano contra tudo e contra todos. E agora, se me dás licença, vou ali tirar a cruz de St. George da mantelpiece para lá meter o retrato do Garibaldi.
Abraço.
A palavra chave não é "melhor"; a palavra chave é "futebol". Em vez de "futebol", no título do post devia ter aparecido o vocábulo "liga". Os ingleses têm, de facto, a melhor liga. E têm a melhor liga porque são os que têm mais dinheiro. Quando era a itália que tinha mais dinheiro era a liga italiana a melhor (fim dos anos oitenta e inicio dos anos noventa). Depois veio a liga espanhola e agora a inglesa.
E há ligas com mais dinheiro que outras por um sem numero de razões; no caso inglês é por terem, como toda a gente aqui concorda, os melhores adeptos (a uma distancia astronomica, não se pode deixar de sublinhar isso), mas também porque o famoso "sorpasso" italiano dos anos oitenta deu para o torto, e o milagre economico da dama de ferro durou, durou, durou e dura, dura, dura.
Notar que o valor de uma Liga se faz atraves do valor de tres ou quatro equipas: relembrar que o Sporting eliminou sem dificuldades duas equipas inglesas na sua caminhada para a humilhação maior de Alvalade. A Itália tinha sempre a Juventus e o Milão, e intermitentemente o Inter, o Parma ou a Samp; a Espanha sempre o Real e o Barcelona, e intermitentemente o Valência, o Corunha ou o Sevillha. Agora o poderio do futebol inglês nada tem a ver com o Newcastle (que perderia novamente com o Sporting as vezes que fossem necessarias), mas com apenas quatro equipas que toda a gente sabe quais são.
Ao dizer isto não quero diminuir o valor da tradição e da cultura do povo inglês na supremacia da sua Liga. Bem pelo contrário: ela serve para possuirem aqueles adeptos, aqueles estádios, a ética daqueles jogadores, que criam massa critica para produzirem esses 4 actuais colossos.
Mas o que também me parece que está a dizer o Rogério, é que a malta também precisa, e se calhar precisa essencialmente, de uma coisa que só vem da "tradição e culura" de povos como o Brasil, Argentina ou Portugal, às vezes de Espanha (não me lembro de ninguém) e da Itália (baggio, totti, zola, di canio). [não são os exemplos que interessam, é o estilo; o latino tem o instinto de correr contra o adversário, para resolver ali a questão cara a cara; o britanico para longe do adversário, contornando as situações]
Quanto ao resto, o Liverpool é, neste momento, uma equipa detestável e cobarde. O Manchester e o Chelsea são, a par do Barcelona e do Milão, as unicas equipas que tornam a vida suportável por estes dias.
PS: isto antes não tinha comentários, pois não?
Assinado: maradona
Oh maradona, pois não tinha. E acho que tinha razão, que isto já me correu mal entretanto.
Eu estou de acordo com quase tudo o que disseste (e com o que não estou é irrelevante, só uma imperial juntos pode sarar). Mas até mesmo no reconhecimento do que dizes a Ilha tem sido pioneira, para o bem (Di Canio, Cantona) e para o mal (o treinador do Chelsea italiano cujo nome quero esquecer e que nem um britânico pôs na equipa, sem a sabedoria de um Wenger).
Claro que a malta precisa de rapaziada que faça o seu número; mas o jogo evolui tão bem e mais na Ilha (e tu sabes pelo que escrevem os jornais sérios ingleses) que essa noção vem mais depressa. Têm mais dinheiro? Ainda bem. Sabem onde investir, sem desprimorar o jogo? Sim. O Liverpool pode ser uma equipa «cínica» (adoro o adjectivo, remete-me logo para Diogenes), mas quem a leva ao colo é o jogador inglês par excellence: Gerrard.
Só na selecção é que não funcionam, os sacanas. Por outro lado, nós só perdemos com a Inglaterra por penaltis e mesmo assim incensamos a selecção. Desculpa lá, mas não há patriotismo que aguente.
E Rogério, compreendo-te; mas meu Deus, wrong horse again.
Um grande abraço aos dois.
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