Lisboa, dez da manhã. Uma rapariga atravessa o frio num
passo decidido, o olhar perdido num ponto qualquer do horizonte. Andará pelos
vinte e muitos anos, pelo que se pode depreender do rosto sério que só o
cabelo loiro em desalinho parece desafiar. É bonita.
Na direcção dela vem um homem, aparentando a mesma idade.
Fala animadamente com um casal que caminha ao seu lado. A rapariga cruza-se com
este grupo e de súbito o homem aborda-a, delicadamente. A rapariga retira o olhar
desse lugar misterioso e dirige-o para o homem, surpreendida. Logo a seguir, o
rosto desfaz-se num sorriso e beija-o nos lábios ao de leve. Era o seu marido.
Todos prosseguem os seus caminhos um pouco mais felizes.
O mundo ainda está cheio destes encantos, a magia das pequenas coisas