Da arte perdida dos dois minutos
Houve um tempo em apenas bastavam dois ou três minutos para se ser um herói. Quais quinze minutos warholianos: dois ou três minutinhos, condensados em verso e refrão que não larga, música que se pega à pele e à roupa e que alegremente se esquece, sabendo que já deixou marca. Chamavam-lhes singles, e hoje é uma arte perdida. No fundo são apenas canções, arte popular e imediata, para usar na rua com orgulho, street wear a sério. Este é um bom exemplo: My Perfect Cousin, dos Undertones (1980) é o single new wave perfeito, com a letra a falar de criaturas do nosso quotidiano e a fazer apelo ao mau comportamento versus os arrumadinhos sabichões. E numa nota pessoal, tinha o verso «He always beat me at Subbutteo/ c'os he flicked to kick and I didn't know!». Para amantes do jogo como eu era (e, er...sou), a coisa batia fundo.
Depois Feargal Sharkey, o vocalista, seguiu o seu caminho. Mas sobre isso não vale a pena falar, a sério.