Crónicas de uma bola oval
Portanto, deixai que vos conte, ó incréus: sábado foi um dia glorioso. Às 15 horas, vitória de Inglaterra contra a pobre Estónia num jogo penoso. E à noite...à noite, num Cais do Sodré dividido entre gauleses e saxónicos mais apoiantes de nações sortidas, no velho British Bar apinhadíssimo, lá estava eu. À minha volta, rapazes e raparigas vestidos com as camisolas que têm um galo no peito. Atrás, o lugar onde eu queria estar: cantava-se Swing Low Sweet Chariot (hino da selecção de rugby inglesa)e gritava-se C'mon england. Ao meu lado, Allez les bleus.
Entretanto, no ecrã mesmo por cima da minha cabeça, jogava-se o destino do mundo civilizado tal como o entendia naqueles 80 minutos. Jogo dificil, de medo mutuo e recuos e avanços. Só que a partir do intervalo tudo mudou: Wilkinson cresceu, as linhas atrasadas de Inglaterra desfaziam-se em gargalhadas cada vez que Chabal tentava uma investida e ao meu lado dois casais ingleses perguntavam-me se queria uma cerveja. A voz redobrou, cantei até ficar rouco e espero ansiosamente pela final.
Isto sabe particularmente bem quando se trata de uma selecção que foi desconsiderada desde o inicio (pelos próprios ingleses, de resto). Aqui na blogosfera nem se falou deles, com a minha pobre excepção, o que no minimo é estranho sendo a campeã do mundo em título. O desastre dos 36-0 contra a África do Sul também ajudou. Mas they're will always be an England, e os rapazes lá estão. Poderão perder (como racionalmente eu acredito),mas estarão lá, com bravura. Sábado, Paris ardeu. Pode ser que o incêndio não tenha sido extinto.
(e quanto a si, minha querida, deveria saber que basta um corte de cabelo decente e maneiras correctas de estar à mesa para segurar qualquer bárbaro iludido)