sexta-feira, abril 27, 2007

DO PESSIMISMO OU ENTÃO NÃO Lembro-me de ouvir dizer a alguém que muito estimo esta desculpa para ser o que sou:«um pessimista é apenas um optimista com experiência». E, provavelmente é verdade. Mas o problema é que, à medida que os anos passam e a Humanidade se torna cada vez mais familiar, a experiência desaparece por falta de vontade. E mais do que certo, por excesso de experiência. Nesta asserção que me fez as delícias de adolescente faltou só a qualificação da experiência: de que vale ser um optimista com experiência se ela for sempre má ? Mais vale o cepticismo e a reserva. Deixemos os iluminados onde eles pertencem: na literatura e na arte, com a única função de nos tentarem convencer que existe outra realidade.
E o mais extraordinário de tudo isto é que quando a terna armadilha chega, caímos todos. Estar apaixonado significa a renúncia temporária do pessimista, um intervalo entre um jogo decisivo. É por isso que o pessimista não resiste a apaixonar-se tantas vezes quantas lhe são possíveis. Sobretudo pela ideia de paixão, tão certa, tão segura e tão privada. Ninguém se chateia e o mundo continua a sua triste rota.

2 comentários:

Pipinha disse...

E porquê encarar todas as experiências (ou algumas) como más, e não tirar apenas o lado positivo? Será que os cientistas também se podem enquadrar na qualidade de iluminados? Sim, porque na arte e na literatura apenas nos tentam convencer que existe outra realidade, na ciência procura-se sempre demonstrar a outra realidade. Besitos!

Mike disse...

Hoje, viver com consciência é partir do princípio que tudo tem um lado pior. Descobri-lo torna as coisas mais fáceis. Sem surpresas, andamos prá frente. Ou então não.