HENRIQUE BARRILARO RUAS, IN MEMORIAM Fui hoje surpreendido com a notícia da morte do Professor Henrique Barrilaro Ruas. Ainda há pouco tempo eu rejubilava com os seus escritos, aqui na blogosfera. O Professor Barrilaro Ruas foi dos homens mais sábios, cultos, íntegros e Portugueses que tive o privilégio de conhecer e conviver. Com um imenso conhecimento de História, da Língua Portuguesa e da obra de Camões - é notável a edição anotada que fez aos Lusíadas -, o Professor Barrilaro Ruas era também um homem político que vivia um principio já anacrónico e reservado para os livros de cavalaria: a Honra.
Se hoje digo que sou monárquico, a ele muito o devo. Foi ele que me abriu os olhos para as vantagens do regime para Portugal e a falácia que era comparar a Monarquia com a ausência de Democracia (falácia, de resto, cultivada por todos os presidentes da República Portuguesa, com destaque para Mário Soares). Barrilaro Ruas foi um lutador, que ficou ao lado da oposição democrática ao regime de Salazar e Marcelo Caetano. Foi perseguido. Católico devoto, juntou a fé ao pensamento e à acção.
Quando fez parte do Directório do Partido Popular Monárquico (juntamente com Luís Coimbra e Gonçalo Ribeiro Telles) foi a única vez que terei sido tentado a filiar-me num partido político.
A sua acção politica e cívica nunca parou, quer em artigos (escrevia maravilhosamente - recordo um texto que lhe pedi sobre as tradições Santoantoninas lisboetas para a revista das Festas de Lisboa, que eu editava e era dirigida por Miguel Portas!), quer em associações como o Movimento Alfacinha. Lembro-me ainda da sua voz pontuada, de dicção límpida e quase teatral, que fascinava todos os que tiveram a sorte de o ter como docente. Não vou cair na frase fácil do "o país está mais pobre". Gostava que se lhe reconhecesse o mérito. Por mim, vou sentir a sua falta.
Nuno Miguel Guedes
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