Pré-publicação*
Henrique não acreditava em serendipismos de espécie alguma, até ao momento em que encontrou Vera. E mesmo nessa altura continuou a não acreditar. Preferiu epifania ou milagre, 'muito mais acessível', segundo o próprio.
A ausência, é sabido, torna as presenças vividamente insuportáveis. E assim, mesmo não o querendo, Henrique foi obrigado a reviver, minuto a minuto, as estranhas condições em que conhecemos o «amor da nossa vida». Sempre bizarras, por mais banais que realmente se apresentem: um jantar de amigos, um conhecimento profissional, uma conversa nocturna. Como Henrique amou Vera, esse dia transformou-se numa saga épica e fantasiosa, em que surgiram rodeados de actores secundários num plano distante e difuso, numa terra de ninguém. Não houve frases memoráveis para assinalar um príncipio.
* a publicação própriamente dita ninguém sabe ainda se vai acontecer. Este é o inicio de algo que está em progresso e para o qual peço a colaboração dos leitores da casa e ocasionais turistas. Critiquem, sugiram, glorifiquem. Agradeço, a sério. O mail está lá em cima. Obrigado.