Talking 'bout my girl (my girl)
Num universo do circuito profissional do ténis feminino, em que as campeãs acumulam com insuspeito à-vontade os courts e as passerelles (cf. Sharapova, Kirilenko ou Hantuchova), o que se assistiu hoje de madrugada foi um regresso ao ténis emotivo e determinado. A vitória de Ana Ivanovic sobre Venus Williams foi dos encontros que mais prazer me deu nos últimos tempos. É certo que tenho um parti-pris contra o ténis de Williams (ainda assim mais ágil e elegante do que o da irmã), mas reconheço na jogadora uma vontade de vencer e uma velocidade em court como não vejo em mais ninguém.Williams jogou cansada, mas uma leoa ferida é normalmente ainda mais perigosa. Ivanovic, por outro lado, é a jogadora de topo que mais aprendeu. A sua direita continua demolidora, mas a esquerda - o seu maior handicap - está afiada, e tem um controlo de bola para as pancadas mais técnicas (drop shots, amorties quase do fundo do court)que faria inveja aos jogadores sul-americanos. Mas na realidade o que ontem mais se notou foi a elasticidade em campo, a rapidez à procura da bola, a chegfada em tempo perfeito com a raquete. Para uma jogadora que ainda no ano passado tinha uma das piores posturas em court, com esquerdas a duas mãos dadas com a raquete em frente do corpo, a evolução foi notável.
E depois, para além de tudo, junta o que não se via desde Hingis: emotividade, sorrisos e amuos misturados com uma vontade férrea de ganhar. Não sei se Ana irá vencer o Open de Austrália (gostava que sim), mas a vitória pessoal já é enorme.
Ah sim, e é muito bonita, que no fundo era o que eu vinha dizer.