quinta-feira, setembro 09, 2010
Jackson Pollock,Number One, 1948
Digression On Number 1,1948
I am ill today but I am not
too ill. I am not ill at all.
It is a perfect day, warm
for winter, cold for fall.
A fine day for seeing. I see
ceramics, during lunch hour, by
Mir6, and I see the sea by Leger;
light, complicated Metzingers
and a rude awakening by Brauner,
a little table by Picasso, pink.
I am tired today but I am not
too tired. I am not tired at all.
There is the Pollock, white, harm
will not fall, his perfect hand
and the many short voyages. They'll
never fence the silver range.
Stars are out and there is sea
enough beneath the glistening earth
to bear me toward the future
which is not so dark. I see.
Frank O'Hara
*Hoje no Facebook alguém me mostrou um excerto de um episódio de Mad Men, em que Don Draper lê um poema de Frank O'Hara. Deste poeta lembrava-me deste Digression...., a partir do quadro que acima se vê. Uma coisa levou à outra. Oh Facebook, maldito sejas, quem quer «amigos» que não são reais blablablabla....Bullshit.
quarta-feira, setembro 08, 2010
So rock 'n' roll, so corporate suit
So damn ugly, so damn cute
So well-trained, so animal
So need your love, so fuck you all
I'm not scared of dying, I just don't want to
If I stop lying, I'll just disappoint you
Há um grande letrista menosprezado no mundo pop: Robbie Williams. Em breve explicarei tudo, num blogue perto de si.E não vai ser aqui.
quinta-feira, agosto 26, 2010
My mother, who hates thunder storms,
Holds up each summer day and shakes
It out suspiciously, lest swarms
Of grape-dark clouds are lurking there;
But when the August weather breaks
And rains begin, and brittle frost
Sharpens the bird-abandoned air,
Her worried summer look is lost,
And I her son, though summer-born
And summer-loving, none the less
Am easier when the leaves are gone
Too often summer days appear
Emblems of perfect happiness
I can't confront: I must await
A time less bold, less rich, less clear:
An autumn more appropriate.
Philip Larkin
domingo, agosto 22, 2010
Shaken and Stirred: a tribute to Dorothy Parker
Dorothy Parker, crítica,poeta, escritora, wit extraordinaire. Nascida a 22 de Agosto de 1893.
segunda-feira, agosto 16, 2010
quarta-feira, agosto 11, 2010
«Aware of every discord, of every calamity in the nature of man himself, [the artist] can do nothing to warn his friends, to point, to cry out on time and to try to save them. It would be useless. For they are the deliberate factors of their own unhappiness. All the artist can say as an imperative is: 'Reflect and weep'.
Lawrence Durell, Balthazar (vol.II do Quarteto de Alexandria)
domingo, agosto 01, 2010
Que guerra tão cruel trago comigo,
Comigo de quem sempre ando ferido,
Pois para nunca ser de mim vencido,
A mim comigo mesmo me persigo.
Vou contra mim se não me contradigo,
Se não me ofendo, sinto-me ofendido,
E como sou de mim tão combatido,
De mim mesmo me fiz fero inimigo.
Vejo-me contra Deus adversário,
Com cuja disciplina só me instruo,
E assim nunca comigo me conformo.
De mim mesmo me sinto tão contrário,
Que quando me reformo, me destruo
E quando me destruo, me reformo.
Baltasar Estaço
quarta-feira, julho 07, 2010
domingo, julho 04, 2010
quarta-feira, junho 30, 2010
quarta-feira, junho 23, 2010
Sing It For England - World Cup 2010 Football Song
«Will it be a 4-4-2? (...) Only thing I'll ever do for sure/ is sing it for England!»
quinta-feira, junho 17, 2010
segunda-feira, junho 14, 2010
Baddiel, Skinner & The Lightning Seeds - Three Lions '96
Onde se ouve 'thirty' passa a 'forty-four'
O ritual cumpriu-se.Depois de uma qualificação apenas maculada pela derrota final com a Ucrânia - que ainda suspeito ter sido uma manobra para colocar a Croácia fora da fase final, vingança da Ilha sobre a equipa que a privou do Euro 2008 - os adeptos ingleses tiveram razão para pensar:«É desta». É verdade que pensam o mesmo desde 1966, mas desta vez tudo parecia estar a resultar. Até o próprio seleccionador, improvável mentor de um futebol de ataque que na fase de qualificação alcançou uma invejável média de 3 golos por jogo. Mas este optimismo só tinha um obstáculo: referia-se à selecção inglesa.
Há um estranho destino nos 3 Leões que aparenta ser uma maldição. Quando a equipa está a jogar bem, derrotas nas grandes penalidades (Alemanha, Portugal). Quando está a jogar mal, um erro trágico qualquer, daqueles só possíveis de assistir em programas de «apanhados» deitam tudo abaixo. No Inglaterra - EUA, o erro chamou-se Robert Green, neste momento o inglês mais popular desde Guy Hawkes.
É verdade que o país que teve Gordon Banks ou Peter Shilton teve também David Seaman ou tem o assustador David 'Calamity' James. Robert Green é o produto mais recente de uma escola em que o lugar de guarda-redes parece ser destinado ao desgraçado que perde uma aposta. Esta selecção inglesa não é excepção, mas a colheita é particularmente confrangedora: para além de Green e James também Joe Hart ameaça criar momentos hilariantes.
O jogo foi estranho, com a Inglaterra depois do golo (bonito, diga-se) a convidar os rapazes com equipamento de pólo a tentarem acertar na sua baliza. O golo adivinhava-se; mas como estamos a falar de Inglaterra tinha de chegar em forma de hara-kiri humorístico. No banco, o grande Beckham, impecável no seu three-piece suit, trespassava Green com o olhar. No pub onde eu estava os expatriados britânicos passaram em questão de segundos pelas fases de Incompreensão, Raiva (para Green, em cântico: 'Who are ya? Who are ya? You're shit, that's who are ya!') e Aceitação («A tie's a win, mate», dizia-me um ao intervalo.)
Na segunda parte as coisas melhoraram, mas todas as apostas de Capello falharam, com particular destaque para Carragher. O povo ao meu lado, entretanto, já fazia chamadas imaginárias para a BP, pedindo-lhes que fizessem mais um furinho. A selecção americana continuava no seu desvario, correndo e de uma maneira genérica existindo, mas pouco mais. Enfim, valha-nos o humor.
Mesmo assim, e porque este tipo de episódios caricatos nos jogos já tem linhagem nobre no historial da selecção inglesa, ainda acredito. Como se diz no spot televisivo do The Sun, 'Maybe. Just maybe'. Senão paciência: tudo na mesma, mais uns pints e o Rogério talvez amealhe mais umas libras.
segunda-feira, junho 07, 2010
Orquestra local erra feio o hino nacional brasileiro em zimbabue
terça-feira, junho 01, 2010
sexta-feira, abril 02, 2010
domingo, março 28, 2010
sábado, março 27, 2010
«26 de Agosto [de 1941], terça-feira à tarde
Dentro de mim há um poço muito fundo. E lá dentro está Deus. Às vezes consigo lá chegar. Mas acontece mais frequentemente haver pedras e cascalho no poço, e aí Deus está soterrado. Então é preciso desenterrá-lo.
Imagino que há pessoas que rezam com os olhos apontados ao céu. Esses procuram Deus fora de si. Há igualmente pessoas que curvam profundamente a cabeça e a escondam nas mãos, penso que essas pessoas procuram Deus dentro de si.»
Diário, Etty Hillesum (Assírio&Alvim, trad. do neerlandês de Maria Leonor Raven-Gomes)
Já há muito tempo que deixava que os meus dias depositassem «pedras e cascalho» no meu «poço». Nem Deus nem sequer a suspeita do eco de mim eu já ouvia como gostaria. Hoje, longe do mundo e perto de outros, ouvi mais sobre esta mulher e a sua extraordinária história. Aprendi como é possível uma teologia da falibilidade, que nasce e floresce no meio do Mal Absoluto, na noite mais negra que o século passado (que a Humanidade?) conheceu. Como é possível aceitar a Cruz e um Deus que precisa de ser ajudado por nós porque muitas vezes é um Deus impotente perante os homens.
A religião e a arte são coisas práticas, que só fazem sentido se vividas no quotidiano - hoje, agora, em todos os gestos. Antes, suplicava com o personagem de Greene:«Deus, sei que te abandonei; não me abandones tu!».Agora, com mais esta voz, há forças para dizer «Deus, deixa-me ajudar-Te, preservando o que há de Ti em mim, aconteça o que acontecer».
Algumas pedras moveram-se, já se nota um fundo no poço.
terça-feira, março 23, 2010
XV.
Toda a pessoa que ama empalidece ao ver quem ama.
(mais beleza e completa aqui)
quinta-feira, março 11, 2010
terça-feira, março 09, 2010
Às vezes o mundo que existe nas palavras morre de excesso de vida. Gasta-se pelo uso e pelo tempo, como o ferro e o amor do sermão de António Vieira. Fica um esqueleto oco, apenas funcional; e nalguns casos – raros – um eco, que ao ressoar através dos dias nos devolve o muito que a palavra significou e nunca conseguiu dizer.
«Nostalgia» é uma dessas palavras que lentamente fomos esvaziando, numa agonia cada vez mais dolorosa e irreversível. De tão utilizada já de nada nos serve. A sua omnipresença é a sua certidão de óbito: vemo-la desperdiçada nas nossas vidas, distante do lugar etéreo que deveria ocupar. Não é como a saudade, com a qual muita gente tende a confundir. A nostalgia é um lugar idealizado, sem dor nem lados sombrios. É a Disneylândia da memória, onde todos queremos voltar. Ao contrário da saudade, que inapelavelmente traz com ela o mais o pesado dos fardos: o ser verdade.
Desconfio francamente de quem hoje se diz um nostálgico – e isto inclui-me, que por vezes não resisto a esse território do «era uma vez», a tentadora «land of lost content» de Housman onde, para nosso descanso e preguiça, nunca poderemos regressar. E é tão fácil: basta uma fotografia de um dia em que fomos felizes ou jovens ou ambos; uma canção que nos atira para um amor antigo, uma casa bem conservada, uma paisagem que nos é familiar. E é inevitável, ao que parece: este nostálgico renitente que vos escreve vê-se de repente no meio de jantares de colegas da escola primária com outros nostálgicos ainda mais improváveis. Ementa obrigatória e sugerida pelos comensais: doces memórias, histórias de graças e alegrias, que deixam de fora as raivas, brigas e tristezas de ocasião essenciais para uma infância feliz.
O problema é que mesmo quem consiga evitar todas estas armadilhas naturais – e assim de repente não conheço nenhum individuo criado sob uma civilização ocidental que o consiga – ainda leva com outra terrível maquinação do nosso tempo – a nostalgia induzida e, por consequência, banalizada. Hoje mede-se por décadas: a «nostalgia dos anos 80», por exemplo, já fez que eu criasse anti-corpos contra a minha própria adolescência e juventude. São memórias impostas a quem tudo descobria nessa altura; com a diferença de que agora os «nostálgicos» são potenciais consumidores com um poder de compra mais ou menos confortável que lhes permite comprar recordações. E depois há os nostálgicos de um tempo que não viveram. A esses devemos, em regra, a modernidade.
O problema dos dias, dos meus dias, é este: não me importo de ter saudades mas Deus me livre da nostalgia. É urgente desaprendê-la para voltarmos a senti-la outra vez.
(publicado originalmente aqui)
segunda-feira, março 08, 2010
A não perder estes encontros na Capela do Rato. E já que foram parar ao sítio do Secretariado Nacional da Pastoral de Cultura, aproveitem e passeiem o olhar pelos magníficos textos. Não é preciso partilhar uma confissão religiosa para reconhecer beleza e inteligência.
sábado, fevereiro 20, 2010
(com nome e tudo. Magnífico trabalho desta rapaziada)
sábado, fevereiro 13, 2010
quinta-feira, janeiro 28, 2010
segunda-feira, janeiro 25, 2010
quinta-feira, janeiro 21, 2010
segunda-feira, janeiro 18, 2010
Albergue Espanhol;Professor José Cid ; Da Última Fila; Córtex Frontal. Tudo excelentes razões para acabar com este blogue, pela pouca falta que faz.
«Brigitte fazia parte dessa curiosa categoria de mulheres precisas. Sobre cada assunto ela era incapaz de emitir a mínima opinião aleatória. O mesmo aplicava-se à sua beleza: levantava-se cada manhã com a glória a cobrir-lhe o rosto. Perfeitamente segura de si mesma, sentava-se todos os dias na primeira fila, procurando por vezes desestabilizar os professores masculinos, jogando com o seu encanto evidente para fazer desviar as implicações da geopolítica. Quando entrava numa sala os homens sonhavam de imediato e as mulheres detestavam-na por instinto. Era o objecto de todos os fantasmas, o que acabou por maçá-la. Teve então essa inspiração genial para acalmar os ardores: sair com o mais insignificante dos rapazes. Assim, os machos seriam afastados e as raparigas reasseguradas. Markus foi o feliz eleito, sem compreender porque é que subitamente o centro do mundo se interessava por ele. Era como se os Estados Unidos convidassem o Liechenstein para almoçar.»
David Foenkinos, La Délicatesse (trad.NMG)