quinta-feira, dezembro 31, 2009
terça-feira, dezembro 29, 2009
segunda-feira, dezembro 28, 2009
Discos 2009 (sem ordem de importância)
Domésticos:
Nem lhe tocava, Samuel Úria
A Mãe, Rodrigo Leão
Boato, JP Simões
Fados de amor e pecado, Ana Sofia Varela
Leva-me aos fados, Ana Moura*
Vida, Jorge Fernando*
Importados
Veckatimest, Grizzly Bear
Begone Dull Care, Junior Boys
Humbug, Arctic Monkeys
Merryweather Post Pavillion, Animal Collective
Solo:Live From San Francisco, McCoy Tyner (jazz)
*declaração de interesses: disco com a participação de quem o seleccionou
terça-feira, dezembro 15, 2009
segunda-feira, dezembro 14, 2009
Assim que soube da contratação pelo Benfica de um jogador com o improvável nome de Alan Kardec, preparei-me para todas as espécies de trocadilhos intelecto-revisteiros: na mesma frase, «Kardec», «espírito de Natal»,«Jesus», «aparição», «pé-de-galo» abriam caminho a mil e uma possibilidades. Mas nada, oh mesmo nada, me preparou para este título- maravilha.
sábado, dezembro 12, 2009
Quem se der ao estranho trabalho de pesquisar os arquivos deste blogue facilmente encontrará idossincracias do autor: umas mais verdadeiras do que outras, umas mais recorrentes do que outras. Mas há uma paixão; não, um amor, resolvido e sempre novo que atravessa seis anos destas palavras e muitos mais da minha vida. Um minuto que fosse e era mais do que uma vida. Estou a falar de Francis Albert Sinatra.
Hoje Sinatra celebraria o seu 94º aniversário. Eu, que tanto já escrevi, a sério ou em lágrimas sobre ele, que assumo esta dependência com tanto despudor que levou um amigo a dedicar-me publicamente um texto muito melhor sobre ele (obrigado, Pedro), eu que me comovo sem problemas sempre que oiço a sua voz cantar até o mais errado dos repertórios (It's not easy being green, ou o Leaving on a jet plane, do infame segundo álbum com Tom Jobim), eu que ganhei uma garrafa de champanhe em aposta com outros dois conhecidos especialistas do homem ao identificar ao segundo acorde todas as canções do alinhamento durante o seu concerto no Porto; eu sei que tudo isto já deveria estar diluído, que esta nervoseira e urgência de juntar palavras já não deveria fazer sentido, que devia mas é estar caladinho a agradecer tudo o que o homem me ensinou e me incentivou ao som de Only the lonely.
Mas não. Continua esta vontade, esta descoberta. Oscar wilde, na sua frívola profundidade, teve sempre razão; mais ainda quando disse que o amor é a arte da repetição. Aqui, pela repetição responsabilizo-me. Pela arte, duvido. Pelo amor, decerto. Por isso opto por deixar tudo o que gostaria de ter escrito, a descrição e biografia mais certeira e subjectiva e comovente que conheço, feita por Bono em 1994. Nunca irei conseguir dizer o que ele disse,mas estou muito contente por alguém o ter dito.
«This is the conundrum of Frank Sinatra. Left and right brain hardly talking. Boxer and painter, actor and singer, lover and father, bandman and loner. Troubleshooter and troublemaker The champ who would rather show you his scars than his medals. He may be putty in Barbara's hands. But I'm not gonna mess with him, are you?
Ladies and gentlemen, are you ready to welcome a man heavier than the Empire State, more connected than the Twin Towers, as recognizable as the Statue of Liberty, and living proof that God is a Catholic!»
quarta-feira, dezembro 09, 2009
...ou simplesmente preza a inteligência:a prenda ideal.
(estão a dar-nos armas. You know that, don't you? Ok, don't answer that.)
quarta-feira, dezembro 02, 2009
quarta-feira, novembro 25, 2009
terça-feira, novembro 24, 2009
Já não concebo a vida sem a existência de Mad Men. Não é só o que salta à vista - a excelência dos diálogos, os personagens, os cigarros e cocktails galore, os décors extraordinários, a reconstituição de época... É «Don Draper», o amoral com remorsos, a ambição culpada, o infiel defensor da família. É a tensão e o dinamismo das «secretárias», a pedagogia da perda da inocência («Why is it here, when a man takes you to lunch, you're the dessert?»). Mad Men é sobre as cambalhotas éticas que temos de dar todos os dias e a forma como lidamos com elas, colocadas no contexto em que a hipocrisia pode ter bom nome: uma época (finais dos anos 50 - inicio dos anos 60) em que os valores morrem e renascem, à volta de pessoas que vendem o novo e a felicidade. E a utopia, esse lugar que não pode ser, como denuncia o étimo grego. Esse lugar que não pode ser é a vida.
[sobre este e outros assuntos recomendo vivamente este lugar]
quarta-feira, novembro 11, 2009
quinta-feira, novembro 05, 2009
domingo, novembro 01, 2009
Eram os dias de tudo. Eram os dias, as noites que eram as primeiras, tão sábias na ingénua e arrogante velhice da nossa juventude. Ali cabiam todas as descobertas, que partilhávamos com a ansiedade dos pioneiros: os sons, as palavras, os modos. O mundo seria provavelmente nosso mas ninguém dava por isso porque estávamos demasiado ocupados a conquistá-lo.
E tínhamos mestres, e tinhamos rituais que não dispensávamos porque nos faziam caminhar e saber, porque nos alimentavam a inocência que desesperadamente queríamos perder e proclamar essa perda. Eram dias, eram noites em que os mestres, com rosto ou com voz, faziam com que a nossa vida se confundisse com a deles.
Hoje partiu um deles. Cheguei a conhecê-lo, já adulto, sentados numa cabina de rádio enquanto alguém nos fazia uma entrevista e eu pensava «O que estou aqui a fazer? Eu sou ouvinte, eu oiço. Eu oiço-o. Ele fez-me um pouco do que sou.»
Conheci o António Sérgio. Nunca cheguei a agradecer-lhe.
Obrigado Sérgio.
*(título de um programa de rádio da autoria de Miguel Esteves Cardoso, na Rádio Comercial, algures no inicio dos anos 80)
quarta-feira, outubro 28, 2009
segunda-feira, outubro 26, 2009
Why Did I Dream Of You Last Night? by Philip Larkin
Memories strike home, like slaps in the face;
Raised on elbow, I stare at the pale fog
beyond the window.
So many things I had thought forgotten
Return to my mind with stranger pain:
- Like letters that arrive addressed to someone
Who left the house so many years ago.
quinta-feira, outubro 22, 2009
quinta-feira, outubro 15, 2009
«Digamos porque não se chama ao amor amizade. Entre as duas coisas há esta diferença: o amor é uma paixão que tem mais de desejo que de prazer; e a amizade é uma afeição reverente, ou um amor envergonhado, que tem mais de prazer do que de desejo. O amigo pretende para o que sempre ama, e o amante para o que pode deixar de amar. Um cuida de si, outro descuida-se de si.»
A Arte Da Galantaria, D.Francisco de Portugal
(eu gostava de escrever no século XVII)
Dos tempos em que éramos jovens, lembramo-nos bem. Era assim, com a vontade e o cabelo ainda intactos. Desde então várias coisas mudaram - como felizmente o nosso gosto por camisas - mas o que perdura, o que vimos,isso já ninguém nos tira. Um de nós que em cima se pode ver faz anos hoje, mas isso, francamente, é só um pobre pretexto para o que eu realmente queria dizer.
sexta-feira, outubro 09, 2009
segunda-feira, outubro 05, 2009
sábado, outubro 03, 2009
Só posso atribuir à minha profunda estupidez nunca ter ouvido falar de Robert Creeley até que um serendipismo numa livraria me levou até ele. Como é natural fiquei fascinado e indignado pelo meu desconhecimento, o que como se sabe é sintoma de pura vaidade.
Mas se alguém me tivesse dito que existia um poeta que conseguia evocar Pound e ao mesmo tempo ter o empenhamento bóemio da poesia beat, ao mesmo tempo que o desdenhava; que um poeta conseguia passear à vontade no formalismo para depois se esconder em «versos livres»; que no meio de tudo existe uma ponte entre a limpidez de Hardy e a poesia concreta...Nunca teria acreditado. Graças a Deus que me chegou agora, que tenho vida suficiente para poder conversar com ele.
The Mirror
Seeing is believing.
Whatever was thought or said,
these persistent, inexorable deaths
make faith as such absent,
our humanness a question,
a disgust for what we are.
Whatever the hope,
here it is lost.
Because we coveted our difference,
here is the cost.
quarta-feira, setembro 23, 2009
sábado, setembro 19, 2009
segunda-feira, setembro 14, 2009
quinta-feira, setembro 10, 2009
O melhor escritor vivo do planeta arrisca-se ao hat-trick no Booker Prize.
quarta-feira, setembro 09, 2009
Watch More Football Videos at MySoccerPlace.net
Qualificação assegurada. Só com vitórias. Uma média impressionante de golos por jogo (mais de 3). Um treinador italiano. Uma grande equipa. Rooney. Lampard. Cole. Lennon. Beckham. Gerrard. O terceiro golo.
O futebol «inglês» é mesmo inglês; e tenham paciência - é este. C'mon England!
quinta-feira, setembro 03, 2009
quarta-feira, setembro 02, 2009
Há três anos atrás, a inconsciência e generosidade de dois amigos - o compositor e produtor Jorge Fernando e a fadista Ana Moura – fizeram com que me tivessem pedido uma letra para um fado, a incluir no disco da cantora. Ora como se sabe, quanto mais conhecemos e amamos o nosso objecto, mais difícil é de escrever ou descrevê-lo. No caso, a voz da Ana e um género musical que me entra pela alma dentro tornou a tarefa colossal. O que deveria ter demorado alguns dias durou meses. Queria dizer qualquer coisa de novo, que fugisse aos clichés recorrentes no género, como a perda ou, sobretudo, a saudade. As palavras, como sempre, não me serviam nem me chegavam. O fado é outra das artes ditas no indizível e o que escrevia parecia-me apenas atrapalhar esse milagre. Resolvi enfim escrever exactamente sobre essa impossibilidade linda por que estava a passar. E vários suores frios e horas de vigília depois apresentei o que seria o Mapa do Coração aos meus optimistas amigos. A letra foi aprovada e incluída em Para Além da Saudade. Tinha conseguido! Uma letra de fado que evita a palavra saudade ou a perífrase em volta dela.
Quando me pediram uma crónica para este número voltei ao disco da Ana, que já não ouvia há algum tempo. E quando chegou o fado em que colaborei, os versos de abertura apontaram-me um dedo irónico e invisível: «Não há vocábulo maior/ Nem força do universo/ P’ra traduzir esse verso/ Que confunde amor e dor». Pobre idiota: tinha acabado de descrever a saudade.
Essa palavra saudade. Ninguém a quer mas nós, portugueses, nascemos com ela. Sempre desconfiei de positivismos mas sobre este assunto sou particularmente feroz: é atavismo nacional e mais nada. Não há ciência que o possa explicar. A parte bonita – e ao mesmo tempo triste – é que espalhámos a saudade como uma pandemia. E no entanto não a conseguimos traduzir, a não ser no momento em que a sentimos. De nada valem os esforços para lhe arranjar étimos distantes: a teoria mais aceite é que provenha do latim solitas, solitatis (para solidão) e que tenha sofrido influência dos vocábulos latinos para ‘saúde’ ou ‘saudar’. Pouco importa: é objectivamente intraduzível. Há cinco anos atrás uma empresa de tradução britânica, a Today Translations, elaborou uma lista das mais difíceis palavras de traduzir. ‘Saudade’ ficou em sétimo lugar. A concorrência, há que dizê-lo, era de peso: em primeiro lugar ficou a expressão congolesa ‘ilunga’, que quer dizer mais ou menos (espero que tenham tempo para o que se segue) «pessoa que está disposta a perdoar maus tratos pela primeira, pela segunda mas nunca pela terceira vez». Justo vencedor. Outra difícil era a polaca ‘radioukacz’: «alguém que trabalhou como telegrafista para os movimentos de resistência ao domínio soviético nos países da Cortina de Ferro». Mais perto de nós, em todos os sentidos, está outra palavra intraduzível, a árabe ‘altaham’, que significa um tipo de profunda tristeza. E depois vem a saudade: em sétimo lugar, sim – mas a única cujo significado não é consensual.
Mas não é só a dificuldade de tradução ou descrição que torna difícil falar de saudade sem apelar a artes poéticas ou, no pior dos casos, ao lugar comum. É o anacronismo do próprio sentimento que a palavra evoca. Saudade, pensava eu, já não pertence a este tempo de comunicações rápidas, práticas mas impessoais. Faz sentido nos momentos mais solitários ou em utilizações estéticas mas não se fala disso no dia a dia com o significado que merece. A saudade, neste espírito do tempo em que imperam emails, redes sociais e sms escritos em estranho dialecto, corre o risco de extinção. As gerações mais novas não têm tempo para sentir saudades, quando a distância pode ser vencida através de um computador e uma web cam. Como é hábito, não tenho razão.
A saudade existe, e está viva nos novos portugueses. Encontra-se nos lugares mais improváveis, mas é a mesma. Talvez apareça noutra forma, em versão 2.0, mas está lá e é fácil prová-lo. Tome-se o caso da mais popular rede social da Web, o Facebook. Mais de 124 milhões de almas comunicam entre si todos os dias através desta ferramenta. É um óptimo lugar para se reencontrar amizades que se julgavam perdidas, ou despertar paixões que se julgavam controladas. De certo modo, apesar de não ser a vida, é um lugar perigoso porque nos pode devolver o passado de uma forma violenta e inoportuna. Um amigo pode ter aquela fotografia de 1979 que nós já não queríamos ver e expô-la para risota da comunidade; ou através de um rosto entrevisto num inocente registo de uma festa de liceu, mudar toda uma vida pelo simples poder de uma lembrança.
Pois é aqui que a saudade também vive. Os utilizadores não-portugueses do Facebook têm comentários típicos às memórias que lhes são apresentadas: «Lembro-me bem desse dia: que grande bebedeira» ou outras constatações objectivas são o limite a que se atrevem. Os portugueses não: vêem um lugar, uma pessoa, uma canção e a resposta é imediata: «que saudades!». Pode ser uma saudade ligeira, passageira – mas é saudade, exactamente aquela que ficou no sétimo lugar das palavras intraduzíveis. Agora mesmo li no perfil de uma rapariga portuguesa e utilizadora desta rede o seguinte:«A melhor definição da palavra ‘saudade’ está nesta letra de Chico Buarque. Arrepiante…». Segue-se o YouTube da canção Pedaço de Mim. Acho que por aqui estamos conversados.
Sentir saudade não é um privilégio nem exclusivo nacional. Nós apenas nascemos assim. Dante, n’A Divina Comédia, já colocava os amantes condenados no Inferno a falarem da saudade:«Nessun maggior dolore/che ricordarse del tempo felice/ne la miséria(..)». Em Portugal, Bernardim Ribeiro escreve o mesmo, de forma ainda mais bela, no Menina e Moça :« (…) a tanta tristeza cheguei, que mais me pesava do bem que tive que do mal que tinha». Isto para não falar de Camões ou Pascoaes. O que eu acho é que se estivessem vivos provavelmente teriam hoje um perfil aberto no Facebook.
(crónica publicada em Agosto no suplemento «Nós», do jornal 'i')
terça-feira, setembro 01, 2009
Era só o que faltava. Estou a falar a sério.
*citação de W.C.Fields, herói pessoal e homem que sofreu os horrores da Proibição, chegando a alimentar-se «apenas de comida e água».
quarta-feira, agosto 26, 2009
Ainda em semi-regresso à realidade, deparo com este convite que o Ricardo me fez. Porque quero prolongar a ociosidade até aos limites do improvável (e de passagem maçar os meus leitores), eis então uma lista de *cóf,cóf* 15 filmes que nunca esquecerei (por várias razões, não necessáriamente de exigência estética) pensados num intervalo de tempo de 15 minutos. Juro. Só assim se compreenderá as centenas que ficaram por dizer. Assim, e sem ordem em particular:
The Searchers, John Ford
The Quiet Man, John Ford
How Green Was My Valley, John Ford (é mesmo assim, 3 Fords fora os outros, desculpem lá)
A Palavra, Carl Th. Dreyer
Bringing Up Baby, Howard Hawks
Annie Hall, Woody Allen
In The Mood For Love, Won Kar-Wai
Laura, Otto Preminger
Casablanca, Michael Curtiz
Million Dollar Baby, Clint Eastwood
Some Came Running, Vincent Minnelli
Gigi, Vincent Minnelli
O Leopardo, Luchino Visconti
L'homme qui aimait les femmes, François Truffaut
Apocalypse Now, Francis Ford Coppola
One From The Heart, Francis Ford Coppola
Taxi Driver, Martin Scorsese
La femme d'à cotê, François Truffaut
A comédia de Deus, João César Monteiro
Citizen Kane, Orson Welles
A Night At The Opera, Sam Wood (Marx Brothers)
Swingtime, George Stevens
The Draughtman's Contract, Peter Greenaway
Magnolia, P.T.Anderson
...e alguém me pare. Obrigado.
Quem não consumir ávidamente a música deste homem merece as gripes de todas as letras do alfabeto.
quinta-feira, julho 30, 2009
Até já e boas férias.
domingo, julho 26, 2009
quinta-feira, julho 23, 2009
Por desleixo ou procrastinação esqueço-me por vezes de mencionar outros que leio e gosto, o que me ajuda nos dias. Hoje é mais um passo para a redenção. Assim:
1- Mais dificil do que escrever para crianças é escrever sobre crianças - principalmente se se inclui a nossa própria descendência. O abismo da gracinha e do «tão querido, não é?» está mesmo ali ao lado. Aqui, a Inês Teotónio Pereira evita os perigos de uma forma engraçada, simples e brilhante. e deixa sabedoria.
2- Um homem não é uma ilha, é verdade. Mas gosto de gostar dos poucos que concordam comigo. Se nisso entra a admiração, melhor. Neste caso, sei que tenho um correligionário no que respeita ao esplendor capilar de Jennifer Aniston: é o Henrique Raposo, cuja única nódoa no seu imaculado blogue são os elogios imerecidos a este. Mesmo assim, um obrigado sincero.
segunda-feira, julho 20, 2009
Deploro todos os que consideram que a televisão deve «educar» ou «apresentar exemplos». Parece-me que é pedir muito de um electrodoméstico e nessa perspectiva considero as associações de telespectadores uma das inutilidades mais maçadoras no planeta.
O que existe é a possibilidade de aprender, de ouvir contar boas histórias. É o que acontece num programa da RTP2 com o título Vida Intima das Obras-Primas. O que se pretende é contar histórias e segredos a partir de uma determinada obra e o seu autor. O resultado é sempre fascinante e muitas vezes melhor do que a obra em análise.
A emissão da semana passada foi dedicada à Ressurreição, de Piero della Francesca (que podem ver aqui), quadro que adoro e que tive o prazer de observar ao vivo. Falou-se da vida do pintor, da sua extraordinária modernidade – foi o primeiro a introduzir a perspectiva perfeita, através de complicadas fórmulas matemáticas), dos segredos por detrás dos modelos, dos pormenores, dos filisteus que no século XVIII decidiram caiar por cima do fresco, dos quadros que inspirou, da sua entrada até na cultura pop (a célebre cópia feita por um artista de Manchester em que os guardas da pintura eram substituídos por jogadores do United – com destaque para Eric Cantona, que era representado como o Cristo ressuscitado…)
Mas houve uma estória em particular que me interessou, por ter criado uma suspension of disbelief em relação à Humanidade. Passou-se durante a II Guerra Mundial; os aliados tinham invadido Itália e uma divisão inglesa estava encarregue de ocupar Florença e bombardear San Sepolcro – o lugar onde está, no Palazzo Comunale, o fresco de della Francesca. A comandar a divisão de artilharia destinada a bombardear as posições alemãs estava um jovem oficial chamado Anthony Clark - «a bit of a dandy», lembrou no programa um seu camarada de armas. «Como estávamos de uniforme e não se podia mexer na farda, o Tony começou a fumar de boquilha para ser diferente. Deve ter sido o único oficial do exército que fumou de boquilha em toda a guerra». Acontece que Clark era também um ávido leitor. E o nome de San Sepolcro lembrava-o de qualquer coisa que tinha lido. Até que veio a epifania: San Sepolcro tinha sido referido num livro de viagens de Aldous Huxley como o lugar que continha «a maior pintura do mundo». E foi assim que Clark deu ordem para cessar fogo – para salvar uma pintura que nunca tinha visto mas que tinha lido e acreditava. Escusado será dizer que os alemães agradeceram e rasparam-se.
Pela arte, salvaram-se vidas; pela palavra e a crença num autor salvou-se a arte. E, nem que fosse por um mínimo momento, graças a Clark, tivemos a iusão de que a civilização sobrevirá à barbárie.
quinta-feira, julho 09, 2009
terça-feira, julho 07, 2009
segunda-feira, julho 06, 2009
Batukas, sweet sweet child: é verdade que eu não sou muito de correntes, mas vindo de ti eu teria gosto. Acontece que não tenho e abomino i-pod's, i-tunes, mp3 players e coisas assim, o que torna impossível a minha resposta. Desculpa-me, linda. E enquanto fico à espera da próxima vou continuando a pintar os meus bisontes aqui em Altamira.
quinta-feira, junho 25, 2009
Primeira final da Taça de Portugal. A Associação Académica de Coimbra vence o Benfica por 4-3. Honra a Tibério, José Maria Antunes, César Machado, Portugal, Faustino, Octaviano,Manuel da Costa, Alberto Gomes, Arnaldo Carneiro, Nini e Pimenta, equipa que entrou de início nas Salésias; e ao seu treinador, Albano Paulo.
quarta-feira, junho 24, 2009
Apesar de «britânico» ainda não estou convencido do ténis do senhor. Cresceu muito, tem valor e veste equipamento clássico Fred Perry com as iniciais, o que fez com que, pelo menos, tivesse conseguido evitar a fase Axl Rose de Agassi - muito comum nos «meninos rebeldes». Queria Federer na final. Com quem ainda não sei. Gostei muito do jogo Djokovic - Benneteau e de um ou outro que agora se me escapa. Sei que não quero o Verdasco, mas penso que ele irá tratar disso. Na verdade, até agora, a pint e o crepe chinês são os únicos valores seguros de Wimbledon 2009, pelo que teremos de aproveitar.
terça-feira, junho 23, 2009
terça-feira, junho 16, 2009
Mesmo ligado à máquina, este blogue, que ora se finou, era melhor do que a maioria. Percebo o fim, mas fico triste.
segunda-feira, junho 15, 2009
Talvez seja da idade ou da sabedoria ou da precedência de uma sobre outra, mas a verdade é que quando oiço o slogan estafado do «direito à preguiça» já não consigo sorrir. Primeiro porque alguém teve o trabalho de dizer semelhante coisa; depois porque pura e simplesmente não faz sentido. A preguiça está longe de ser um «direito» que necessita ser conquistado pelo simples facto de ser uma característica inata a qualquer ser humano. Ou se usa ou não se usa, ponto. Pelo ócio sim, vale a pena lutar. Mas lutar pelo ócio – algo nobre e como dizia Óscar Wilde, a coisa «mais difícil e a mais intelectual» - dá trabalho e nisso não vão os preguiçosos. O ócio é a ausência de actividade prática que se pode transformar noutra contemplativa ou egoísta e simples, como provar um bom vinho, ler em silêncio ou olhar o mar. A preguiça é uma pura recusa da actividade. É uma solução fácil, como fáceis são todas as soluções niilistas. Mas não tem graça nem compensa. Eu sei. Já fui preguiçoso.
É fácil ser preguiçoso em Portugal. O país está feito para isso. Na verdade, o diagnóstico correcto não será preguiça - nós, os especialistas, preferimos «procrastinação»: o deixar para o dia seguinte, adiar, demorar, delongar. António Variações, com a sabedoria de Nova Iorque misturada com a legitimidade de Braga topou tudo: «É para amanhã/deixa lá não faças hoje». Podia ser o hino nacional. Como minha defesa – a defesa de um ex-preguiçoso – tenho uma inteira cultura, um inteiro país. Durante anos e anos adiei decisões, assinaturas, vocações, amores, respostas, prazos. Enlouqueci colegas e superiores por achar que amanhã é outro dia. Errei: nunca compensou ser preguiçoso, como estou convencido que a diligência exagerada também não interessa a ninguém.
Mas como combater esta doce doença, que nos corre no sangue há séculos? De Vieira a Pessoa, ela foi diagnosticada: o messianismo à portuguesa pode ser belo, mas é a mais bela e literária forma de preguiça. Alguém há-de chegar, seja o Messias ou o Império do Espírito Santo, que irá colocar tudo na ordem. Entretanto, trabalhar para merecer isso é que não.
Ainda há pouco tempo ouvi este extraordinário diálogo, que de tão real parece fictício: na fila do supermercado, uma mulher perguntava a outra se já sabia de cor o número do telemóvel novo. Resposta pronta: «Vou sabendo». Vou sabendo: Portugal é este gerúndio contínuo, lânguido, doce e resignado. É o tempo verbal dos nossos políticos porque é o tempo verbal dos nossos eleitores. Ninguém se queixa, ninguém discute – vai-se sabendo, vai-se vivendo. É também a nossa maior exportação, como é prova o Brasil ou os países africanos lusófonos.
Apesar de estar em franca recuperação sei que este atavismo nacional nunca se irá separar de mim completamente. Todos os dias luto com a tentação de fintar prioridades só porque sim. Mesmo ao escrever esta crónica, o primeiro estado de espírito foi : «Vou escrever, mas agora não me apetece». Ainda vivo um pouco no limbo bem definido pelo filósofo Reininho quando escreveu «Faz-me impressão o trabalho/a inércia faz-me mal. É um combate longo, sem tréguas, e particularmente relevante para um conservador céptico como eu, que acredita que o dia de hoje é que conta. O preguiçoso puro é, de certa forma, um optimista inútil (passe a redundância), que crê sem dificuldades no amanhã que tudo resolve.
Quando o atleta olímpico Marco Fortes, depois de ter confessado um truísmo («De manhã está-se bem é na caminha»), foi acusado de ser preguiçoso ninguém compreendeu a injustiça. A preguiça não é uma situação, é um estilo de vida. É uma rendição lenta ao tempo, às horas, a nós próprios que só pode dar mau resultado. Vê-se a vida devagar a passar ao lado, com um aceno e um sorriso, para nunca mais voltar. Vemos amigos, amantes, instantes que nunca mais irão voltar por nossa exclusiva culpa. E depois, como Portugueses que somos, dedicamo-nos com afinco à única coisa em que colocamos empenho – a saudade.
A preguiça não é um direito, é uma praga. Já nem falo daquela que é considerada pecado mortal, para mim muito mais séria, e que se traduz por uma indiferença a Deus e ao caminho do Bem. São Tomás de Aquino chamava-a de ‘acedia’, uma espécie de tristeza espiritual em relação à crença e à prática e opunha-lhe a Caridade. Dante colocou os pecadores por Preguiça no Purgatório, onde a sua penitência consistia em andarem eternamente atarefados de um lado para o outro sem o direito a uma oração sequer. Esta sim, aterroriza-me, mas sei que para isso é preciso ter Fé. A outra, aquela com que nós lidamos no quotidiano pode ser atenuada. Podemos agir. Podemos conjugar, com felicidade e propriedade, o presente do indicativo. Porque a alternativa, descobri eu, é triste: é acordar um dia e descobrir que a nossa vida já chegou tarde.
(crónica publicada no suplemento «Nós», do jornal i, 13 de Junho 2009)
*não coloco a ilustração do Pedro Vieira por puro despeito e inveja.
sexta-feira, junho 05, 2009
segunda-feira, junho 01, 2009
Tanta coisa que aconteceu e que poderia até transcrever para este estabelecimento. Mas uma mistura de cansaço, excesso de calor e cepticismo levou-me quase à beira de desligar o blogue da máquina e entregá-lo ao universo virtual.Só que há sempre pequenas epifanias quotidianas que felizmente nos levam a mudar de ideias: uma frase lida aqui, uma embirração vista ali, uma admiração constatada acolá. Amália gostava de dizer que foram os filmes de Fred Astaire que a demoveram do suicídio, aquela alegria e previsibilidade maravilhosas que com as melhores canções do mundo coreografavam as fitas para o final mais feliz possível. No que me diz respeito, se haveria caso de vida ou morte era apenas em relação ao blogue, que continua melhor do que eu e, nos dias maus, igual; mas foi ontem, ao ligar distraídamente a televisão e ver o cabelo de Jennifer Anniston, que este blogue foi salvo.
O cabelo de Jennifer é impossivel. É de uma leveza irreverente, como os timings perfeitos de comédia que a actriz possui. É talvez o cabelo mais sexy do mundo, porque só precisa de existir.É um cabelo inteligente, versátil,que dá a ilusão linda do girl next door. E ainda por cima emoldura uma mulher perfeita nas suas imperfeições que se adivinham. Jolie é Jolie. Mas Brad,meu rapaz,se queres uma opinião tardia: tu perdeste.
Assim, o cabelo de Jennifer foi decisivo ao voltar às palavras, porque precisei de fazer a crónica do que existe e nos emociona e que está em risco de extinção. Já estou a terminar outro post sobre a actualidade e brilhantismo de uma grande romancista com vida ainda melhor do que a obra: Colette. Mas isso virá em breve, deixai-me demorar o olhar apaixonado em cada pormenor do cabelo inspirador de Jennifer Aniston.
segunda-feira, maio 11, 2009
terça-feira, maio 05, 2009
segunda-feira, maio 04, 2009
Uma rapariga adolescente, cabelos loiros compridos, óculos escusadamente largos ao longe no passeio. A rádio que certifica a morte de Vasco Granja. A memória do tom paternalista, a doutrina à força dos desenhos animados checos e os experimentalismos de Norman McLaren. A espera ansiosa do final do programa, quando o educador colocava no ar, com manifesto desdém, os «bonecos de Chuck Jones». A infância que poderia ter sido vendo apenas cartoons didácticos e com a palavra «koniec». A estranheza e o alívio. 17h52, vinte e cinco graus em Lisboa. A arrogância da beleza da adolescente loira, camisola negra de alças, onde se lê «No One Understands Me».
quinta-feira, abril 30, 2009
sexta-feira, abril 24, 2009
sábado, abril 18, 2009
quarta-feira, abril 15, 2009
2008: três clubes ingleses nas meias-finais da Champions.
2009: três clubes ingleses nas meias-finais da Champions.
Agora macem-me, sejam queirozes e digam que é dos estrangeiros e que o «futebol inglês» já não existe.
Palavra de honra que torci pelo FCPorto, como faço com todas as equipas portuguesas em competições europeias (sim, até o Benfica). Mas o Rooney? Viram o jogador que aquele menino é? Quando a equipa está em sub-rendimento, who you gonna call? Not Cristiano Ronaldo, that's for sure.
segunda-feira, abril 13, 2009
Primeiro, para variar, entrei em negação: que era o excesso de problemas que me afastava deste lugar, que justificava o deus-dará deste endereço. Era verdade, mas não era. Depois foi o aparecimento das redes sociais: tanto para fazer e em tão pouco tempo. Lugares onde o passado me é devolvido às vezes brutalmente, como no Facebook, mas em que basta uma palavra, às vezes nem isso, uma «prenda», um aceno. Uma espécie de pátio de recreio virtual onde estava com conhecidos e amigos, onde entre gargalhadas fazemos o rescaldo de dias passados há muito tempo ou agora mesmo sem compromissos ou preocupações sintáticas. O mesmo com o twitter: cento e quarenta caracteres no máximo? É o passo para o aforista que sempre quis ser. E se não apetecer dizer nada - como muitas vezes não apetece - pode-se estar à janela, a ver os vizinhos e as vizinhas falarem ou de vez em quando ligar a aparelhagem e dar-lhes música que eu gosto. Maravilha. Blogue para quê, o que é isso, que dá tanto trabalho, que mostra tanto, que exige tanto de mim para escrever melhor daquilo que eu sou? Onde tinha eu a cabeça, meu Deus?
De maneira que assim ficaram as palavras e os videos e os afectos suspensos aqui não se sabe onde, visitados por obstinados leitores e naufragos cibernautas à deriva ou gente recém-saída dos motores de busca onde colocam, receio, coisas como «mostrar sentido vida».
Não. A estranha e aguda agrafia que me acometeu tem razões várias, sendo que a mais importante, para quem vê o silêncio como a máxima ambição da comunicação e lugar onde tudo irá parar, é o estar cansado da inutilidade dos vocábulos. É coisa que passa, mas que volta sempre. Passou.
E agora regressar sem saber porquê aos posts longos, rasteiros e à beira da alma, e procurar nos arquivos os prelúdios de mim e ver que há escritos que ainda trazem cheiros de sorrisos agarrados, outros que sabem a lágrimas, outros ainda a malandrice, a sedução pura e dura e muito poucos com alguma coisa que eventualmente se aproveite. Ver como apesar de tudo era um irredutivel optimista ainda há pouco, last night when I was young, e que a tela vai escurecendo mesmo quando eu não dou por isso, e que a epígrafe que ainda encima este estabelecimento é cada vez mais verdadeira. Talvez seja aqui o único lugar onde posso ser verdadeiro, não sei.
O Tradução Simultânea faz seis anos e com vossa licença vai continuar por mais um bocadinho.
terça-feira, março 24, 2009
«The Chap Olympiad seeks to celebrate specifically British qualities, such as the excessive drinking of dry martinis before lunch, the wearing of monocles, the smoking of pipes and the maintenance of an immaculate crease in one's trousers despite having tripped over a basset hound on the way to the pavilion. All our events are designed to test competitors' levels of panache, elegance and savoir-faire, as a cheerful alternative to watching our nation's hopeless attempts to compete on the world stage in sports such as soccer and cricket.»
Tudo pode ser lido aqui, no coração do que é bom. E de preferência acompanhar com Pigeon Pie, de Nancy Mitford, edição Penguin, 1961, comprada na mítica Shakespeare and Company, em Paris. Ah espera, isso sou eu.
domingo, março 22, 2009
quarta-feira, março 18, 2009
E este, o do Pedro Adão e Silva, é mais do que desejado. Já sei onde poderei espreitar as minhas próximas bandas sonoras.
segunda-feira, março 16, 2009
Crónica sinusítica recuperada e como nova. Pode ser lida aqui.
quarta-feira, março 11, 2009
Num tempo de twits, facebook, plaxos e quejandos, eis o que tudo redime: este maravilhoso e correctíssimo site.
A epígrafe, de E.M.Forster, diz tudo: «All men are equal. All men, that is, who possess umbrellas.»
(com um eterno obrigado à Laura, que me conhece bem)
domingo, março 08, 2009
quarta-feira, março 04, 2009
já bebi umas cervejas com o tipo que escreveu esta pepita.
terça-feira, março 03, 2009
A vidinha continuou noutros lugares, uma pessoa desperdiça e ganha energias para outros fins, despeja alegrias e tristezas longe e regressa ao blogue que o viu crescer com uma culpa de adultério inútil, sem outra força nem vontade que não seja lamentar-se, pedir desculpa não aos leitores que por aqui passam - e que são os que mais mereciam - mas a si próprio, desculpas pelo desleixo de não poder ser outra coisa que não aquela que num dia inspirado decidiu colocar no cabeçalho em epígrafe e muito provavelmente epitáfio.
Enfim, regresso.«Home is so sad».
segunda-feira, fevereiro 23, 2009
segunda-feira, fevereiro 16, 2009
quarta-feira, fevereiro 11, 2009
Estou satisfeito. O seleccionador experimentou muitos novos jogadores, mudou meia equipa ao intervalo e deu a 108ª internacionalização a um capitão a sério, que nem fez um mau jogo. Mas o adversário é muito forte e a derrota foi inevitável - a primeira desde que a qualificação para o Mundial começou. Perder com o campeão da Europa não é vergonha; e Inglaterra tem motivos para estar orgulhosa da sua selecção.
You're Ulysses!
by James Joyce
Most people are convinced that you don't make any sense, but compared
to what else you could say, what you're saying now makes tons of sense. What people do
understand about you is your vulgarity, which has convinced people that you are at once
brilliant and repugnant. Meanwhile you are content to wander around aimlessly, taking in
the sights and sounds of the city. What you see is vast, almost limitless, and brings you
additional fame. When no one is looking, you dream of being a Greek folk hero.
Take the Book Quiz
at the Blue Pyramid.
Que tal estas maçãs, Bomba? :)
terça-feira, fevereiro 10, 2009
segunda-feira, fevereiro 09, 2009
Scolari despedido do Chelsea
Por aqui, se colocasse umas bandeirinhas nas janelas o povo continuaria achar que é um grande treinador.
quarta-feira, fevereiro 04, 2009
domingo, fevereiro 01, 2009
Há precisamente 101 anos eram assassinados El-Rei D. Carlos e seu filho, SAR Príncipe Luiz Filipe. Perceber o que este acto significou, e a absoluta cobardia que encerra, ajuda a perceber a História. Honrar quem morreu é mais do que simples folclore.
Hoje, às 19.00, missa na Sé Patriarcal de Lisboa em memória das vítimas do Regícidio.
sábado, janeiro 31, 2009
quarta-feira, janeiro 28, 2009
«'The work of the philosophical policeman', replied the man in blue, 'is at once bolder and more subtle than that of the ordinary detective. The ordinary detective goes to pot-houses to arrest thieves; we go to artistic tea-parties to detect pessimists.'»
do cada dia melhor The Man Who Was Thursday, de G.K. Chesterton
segunda-feira, janeiro 26, 2009
sexta-feira, janeiro 23, 2009
Quando soube ontem que existia uma moção para geminar Lisboa com Gaza pensei que fosse uma má piada. Não era. O Bloco de Esquerda, no seu melhor, avançou com uma moção - já aprovada na Assembleia Municipal - para concretizar este sonho lindo. Não estaria tão indignado se isto não passasse do mesmo folclore de «olhem-para-nós» em que o Bloco é perito. Vê quem quer. Não, promover uma geminação por critérios puramente ideológicos e que reduzem tudo a um maniqueísmo simplista (uma redundância, eu sei) é uma falta de respeito para os munícipes. A história da cidade-mártir também não é para aqui chamada. Há muitas candidatas, se o caso fosse esse. Olha, Hiroshima, Nagasaki. E, atrevo-me, a antiga Estalinegrado. Ou, por mim, Nova Iorque. Ou, só para não sairmos do assunto, Sderot.
O facto de Gaza ser um albergue de terrorismo (e isto não é especulação, como até os mais extremistas defensores da «causa» palestina concordarão) fica bem ligado a uma cidade como Lisboa. Era só o que faltava.
A solução de dois estados de Direito, soberanos e vizinhos, continua a ser a ideal. Adivinhem quem não quer que um dos países exista. Parabéns: Lisboa ficou agora ligada a essa ideia.
*para mais discussão e debate sobre o tema, ver aqui.
segunda-feira, janeiro 19, 2009
sexta-feira, janeiro 16, 2009
Um exímio interprete de baladas, Dexter Gordon também representou o melhor do que havia nos saxofonistas pré-bop. Frases redondas, privilegiando as soluções melódicas à velocidade ou invenção radical. Neste magnífico Don't explain existe outro artista a fazer-lhe sombra: o para mim subestimado Sonny Clark, pianista subtil e de porcelana, com recursos quase elípticos nos seus milagrosos improvisos. Quem conhecer a versão cantada de Don't Explain- canção de amor triste, assinada por Billie Holiday - ganhará muito ao deixar-se levar nesta viagem.
segunda-feira, janeiro 12, 2009
In sure and certain hope, Frederick H. Evans, 1904
SORROW, on wing through the world for ever,
Here and there for awhile would borrow
Rest, if rest might haply deliver
Sorrow.
One thought lies close in her heart gnawn thorough
With pain, a weed in a dried-up river,
A rust-red share in an empty furrow.
Hearts that strain at her chain would sever
The link where yesterday frets to-morrow:
All things pass in the world, but never
Sorrow.
Algernon Swinburne
terça-feira, janeiro 06, 2009
«Mas na verdade também outra parte do meu ofício fez-me ter a certeza de que você não era padre.
- Qual? - perguntou o ladrão, quase boquiaberto.
-Você atacou a razão - disse o padre Brown.- É má teologia»
ou
«Era um dos grandes livres-pensadores humanitários franceses e a única coisa errada neles é que tornam a clemência ainda mais fria do que a justiça».
e mais duzentas e vinte e duas páginas de puro deslumbre em A Inocência Do Padre Brown, de G.K. Chesterton. Comprado na estação do Marquês de Pombal, tradução correcta. Preço: um euro.
quinta-feira, janeiro 01, 2009
«I sing what was lost and dread what was won». Sempre achei que este blogue - e ali, o Pedro - era uma perífrase deste verso de Yeats. É por isso que o entendo tão bem, tão bem.